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O Papa é Fashion – O Evangelho segundo Bento XVI

Albert Mehrabian, pesquisador da linguagem não verbal, diz que, quando nos comunicamos, apenas uma média de 7% da mensagem é transmitida de forma unicamente oral,…

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Albert Mehrabian, pesquisador da linguagem não verbal, diz que, quando nos comunicamos, apenas uma média de 7% da mensagem é transmitida de forma unicamente oral, isto é, pelas palavras que dizemos; 38% ficam por conta do tom, das inflexões da voz e outras variações sonoras e nada menos que 55% é percebido de forma inconsciente, e também transmitido dessa maneira, através de todo um conjunto de sinais, como as roupas, modelos e cores destas; das diferentes posturas corporais; dos sinais e gestos mais corriqueiros, que todos fazemos de forma inconsciente, em que as mais variadas expressões faciais e posições das mãos têm um peso absoluto. Basta pensarmos no poder de comunicação do sorriso!

A linguagem corporal é o fiel reflexo do estado emocional, pensamento, desejos mais secretos, enfim, de tudo em que consiste a pessoa. É por isso que a moda é tão poderosamente comunicadora, e com o que veste, muito mais do que com palavras, você está dizendo: eu sou assim e é desse modo que desejo ser tratado.

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Fenômeno da comunicação nos últimos dois mil anos, o cristianismo, e em particular, a igreja católica, criou ícones que, de tão poderosos e onipresentes nos passam a sua mensagem sem nem sequer percebermos: você já pensou no sentido de elevação a Deus das torres das igrejas cortando os céus, com os sinos que pontuavam a vida das cidades, quando não havia outros meios de comunicação?! Chamando para a missa, as orações ou transmitindo avisos essenciais para as comunidades: incêndios, inundações, invasões… ou simplesmente o aviso de que morreu alguém?

A decoração magnífica, as pinturas, a arquitetura transcendental das catedrais, tudo é uma mensagem que transmite a idéia da existência e da grandeza de Deus. Até aquele deus em que não crê quem é ateu, foi plasmado dentro dessa imagem! Você já pensou que até para não crer em Deus, você decodifica a mensagem de como ele seria?!

E as roupas, chamadas paramentos, usadas pelos Padres nas missas e outros ofícios divinos? São a moda em estado puro, relacionada à elevação do espírito, transmitindo a transcendência sobre o mundo visível em poderosa mensagem clássica.

Por isso que não passa despercebida a fórmula de comunicação utilizada pelo atual Papa, Bento XVI: devido à sua idade avançada, muitos pensaram que seria apenas um Papa-tampão, após o estilo expansivo de João Paulo II. Mas não: em seu desejo de despertar a fé dos cristãos, Bento XVI foi buscar antigas roupas da moda eclesiástica, passando a usá-las, como os sapatos vermelhos, que simbolizam o sangue de Cristo, e foram imediatamente notados, já que seu antecessor usava sapatos marrons. E a fina ironia contemporânea, acostumada às coisas materiais que dão status, noticiou na mídia: O Papa veste Prada! Seus sapatos vermelhos são dessa marca…

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O que ocasionou a explicação do Vaticano, referente ao sangue de Cristo, fazendo um lembrete, trazendo uma reflexão, que chega aonde o Papa quer chegar com sua mensagem e é decodificada pelo homem comum: “Cristo morreu por seu amor, cara! Se toca, seja uma pessoa melhor.”

Pois é, o livro da Editora Sextante, “Desvendando os segredos da linguagem corporal”, de Allan e Barbara Pease, diz justamente isso: “As palavras são usadas primordialmente para transmitir informações, ao passo que a linguagem corporal é usada para negociar atitudes interpessoais”.

E segue toda uma gama de roupas da moda do pontífice, resgatadas do longínquo passado eclesial, como o pálio, do século IX, feito de lã branca, que recorda a ovelha perdida – e quando o homem esteve mais perdido do que agora, com a violência, a destruição do meio ambiente, a ambição desmedida?

No pálio, cinco cruzes vermelhas lembram as chagas de Cristo – e quando foi que tantos homens estiveram mais dilacerados do que hoje? E há o cajado do pastor, signo poderoso da necessidade de ser conduzido o rebanho a um melhor rumo… enfim, Bento XVI é midiático, e sabe usar o poder da própria mídia para enviar suas transcendentes mensagens de fé. Veja você: a moda usada por um Papa faz a mídia se tornar evangelizadora, será que existe maior revolução do que esta entre as nuances da comunicação?

Leia também ótima matéria sobre a Moda Papal na Revista Veja:

A mensagem das roupas

Bento XVI não veste Prada, mas Cristo. Bem de acordo com a
linha que adota, seu vestuário é um resgate da tradição católica

Chapéu Saturno

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Christophe Simon/AFP

O vermelho desse acessório era a cor distintiva dos papas na hierarquia da Igreja até o século XVI, quando Pio V instituiu o branco. Os papas João XXIII e João Paulo II chegaram a usar o saturno em viagens a países tropicais, mas não o adotaram sistematicamente.

Pálio

A peça de lã branca evoca a ovelha desgarrada, carregada nos ombros pelo bom pastor. As cruzes vermelhas representam as chagas de Cristo. No começo de seu pontificado, Bento XVI vestia um modelo de pálio fora de uso desde o século IX. Recentemente, optou por um modelo semelhante ao de seus antecessores imediatos.

Camauro

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Patrick Hertzog/AFP

Assim como o chapéu saturno, o gorro vermelho, usado no inverno por Bento XVI, é uma herança do tempo em que essa era a cor oficial do pontífice. João XXIII foi o último papa do século passado a usar o camauro, que caiu em desuso a partir do pontificado de Paulo VI, iniciado em 1963.

Mozeta

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Mandel Ngam/AFP

A capa curta, feita de damasco – uma seda com fios de cetim em alto relevo –, é branca, em referência à renovação simbolizada pela ressurreição de Cristo. A mozeta, usada pelo pontífice na Páscoa, foi introduzida no século XIII e não era vista desde o fim do pontificado de João XXIII, em 1963. Os últimos papas só adotaram a versão de verão da roupa, de cetim vermelho.

Cajado

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Daniele la Monaca/Reuters

Simboliza o cajado com que o pastor conduz as ovelhas e aquele com que Moisés conduziu o povo eleito à liberdade. O utilizado pelo atual papa pertenceu a Pio IX, que governou a Igreja entre 1846 e 1878. João Paulo II usava o mesmo de seus antecessores imediatos, João Paulo I e Paulo VI, prateado e com um crucifixo na extremidade. O de Bento XVI traz uma cruz grega.

Sapatos vermelhos

Representam o sangue do martírio de Cristo. Antes do pontificado de Paulo VI, apresentavam apliques de cruzes douradas, que simbolizavam a autoridade papal. João Paulo II chegou a usar os sapatos vermelhos no início de seu pontificado, mas logo os substituiu por sapatos marrons comuns. (Por Veja na A mensagem das roupas)

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Leia também Moda Papal.

Por Ignez Pitta

Ignez é pedagoga e historiadora. Conheça seu blog História de Barreiras e saiba mais sobre seu trabalho.

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