Edith Derdyk articula jogos de sentido em mostra individual na Galeria Virgilio

A Galeria Virgilio inaugura no dia 11 de agosto, quarta-feira, a mostra individual Dia Um, da artista Edith Derdyk. Na mostra, serão exibidas instalações, vídeo, desenhos,…

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A Galeria Virgilio inaugura no dia 11 de agosto, quarta-feira, a mostra individual Dia Um, da artista Edith Derdyk. Na mostra, serão exibidas instalações, vídeo, desenhos, objetos e livro-objeto. O conjunto das obras tem como ponto de partida a tradução primorosa da Gênese pelo poeta concreto Haroldo de Campos, publicada no livro BERE’ SHITH A Cena de Origem (Editora Perspectiva, 1993).

Tanto a natureza imagética dos versos bíblicos quanto a própria operação de tradução realizada por Campos, que considera a Gênese como um marco inaugural em que a palavra se instaura em estado de poesia, são o impulso para o conjunto de trabalhos inéditos aqui apresentados pela artista Edith Derdyk.

“Toda a produção dessa mostra foi nutrida pela força e potencia contidos no idioma originário semítico, traduzido magistralmente pelo poeta brasileiro Haroldo de Campos, que tomou a escritura bíblica como pretexto para apreender os significados do aparecimento da forma poética, da reflexão sobre a operação de tradução da escritura bíblica como ‘nutrição do impulso’”, revela a artista.

No piso térreo, é apresentada a instalação dia um, composta de dois trabalhos que se articulam no espaço expositivo. Ocupando praticamente o espaço inteiro estão um chapa de ferro enferrujada, polida, reta e cortante, vincada no chão em diagonal (numa extensão de oito metros lineares), e nas paredes da quina (5 m), outra chapa numa parede e na outra parede, um vinco, como se a  chapa penetrasse quina adentro. Uma linha preta de algodão interliga as duas chapas (chão e parede) pelas duas pontas e atravessa o espaço, desenhando uma superfície vazia quase imperceptível no ar, à semelhança de lâminas cortantes”. Aliás, a palavra criação, na etimologia arcaica do hebraico bereh, significa cortar”,  Edith lembra.

 

Na quina oposta, a artista perfila uma sequência de 15 pilhas verticais de papel branco sustentados por barras de ferro pregadas à parede. A sucessão de diferentes espessuras e quantidades de papel faz com que a barra perfile outra linha na horizontal, evocando um ritmo, uma “partitura de brancos que se intercalam, sugerindo ‘unidades de fôlego’” – expressão extraída da análise de Haroldo de Campos em relação à sua operação de tradução . Para a artista, as quinas e os cantos deste espaço foram tomados como lugares de encontro entre coisas, linhas ou regiões de passagem.

A artista se vale do movimento do visitante, que olha para cima enquanto sobe a escada, para chegar ao piso superior da galeria, apresentando o vídeo fôlego, projetado na parede oposta à escada. Realizado em parceria com Raimo Benedetti, o vídeo tem 10 minutos de duração, exibidos em looping, onde inúmeras folhas de papel são empilhadas e desempilhadas, e cujos interstícios em movimento criam frestas de luz, remetendo tanto à leitura de um livro aberto que se desfolha indefinidamente quanto ao surgimento de uma escritura nascida dos vãos por entre as folhas.

Ao entrar na sala do segundo piso, vários trabalhos em diferentes mídias e linguagens são expostos de maneira que todos traçam, entre eles, um jogo de sentido. Ainda na parede contígua ao vídeo, segue o trabalho sopro: uma série de agulhas colocadas horizontalmente por onde passa uma linha branca (numa extensão aproximada de cinco metros) na altura dos olhos do visitante.

Em outra parede está o trabalho abismal. Trata-se de quatro caixas (50 X 20 X 20 cm), ocupando uma extensão de dois metros. Dentro das caixas, camadas de papel em branco com retângulos cortados no meio se acomodam, gerando frestas, vãos, ondas e buracos.

  

A arquitetura do espaço dialoga com a apresentação do livro-objeto em deslize, que está costurado por sobre uma mesa instalada entre estes pilares, ocupando uma extensão de 4 metros lineares. Este livro, cuja costura mole permite arrastar as páginas em branco, constrói uma continuidade, aludindo à possibilidade de leitura de um livro em aberto, cujas páginas-imagens de folhas de papel em branco e seus vazados sugerem escrituras a serem decifradas. As páginas se desfolham num tipo de articulação que promove múltiplas possibilidades de leitura não necessariamente lineares. A tiragem da obra é de 30 exemplares.

No chão, entre as colunas, por sua vez, está a instalação arado, onde os objetos-matérias: chapa de metal, carvão e papel de seda, se colocam em estados relacionais. Na parede oposta àquela das agulhas, ainda, é apresentada uma série de 50 desenhos intitulada buraco negro, cada um medindo 20 X 30 cm, compondo uma área de 200 X 150 cm. Os desenhos são resultantes de impressões sobrepostas ao acaso, de desenhos, projetos, textos poéticos da artista. São imagens densas, espessas, quase ilegíveis que compõem um espaço negro e vazado, apesar de cheio.

Edith Derdyk
Realizou quase três dezenas de mostras individuais em espaços institucionais e diversas galerias brasileiras e internacionais desde o início de sua carreira artística, em 1981. Cumpre destacar aquelas realizadas na Pinacoteca do Estado de São Paulo (1982, 1984 e 2007, no projeto Octógono, com curadoria de Ivo Mesquita), MASP (1990), Casa de Cultura Mário Quintana em Porto Alegre, RS (1991), Centro Cultural São Paulo (1998), Centro Universitário Maria Antônia (2001), Museu de Arte de Santa Catarina e Haim Chanin Fine Arts, em Nova York, EUA (2003), e Paço das Artes (2005). Participou de mostras coletivas organizadas por importantes críticos brasileiros como Aracy Amaral, Agnaldo Farias, Tadeu Chiarelli, Fabio Magalhães, Daniela Bousso, Magnólia Costa e Angélica de Moraes.

A artista coleciona premiações ao longo de sua carreira, com destaque para a Bolsa de Artista Residente do The Banff Centre (Canadá), em 2007; Prêmio Porto Seguro de Fotografia, em 2004; Prêmio APCA na categoria Tridimensional e a Bolsa Vitae de Artes, ambos em 2002; Bolsa de Artista Residente no Bellagio Center (Itália) pela The Rockefeller Foundation, em 1999; Programa de Intercâmbio USA/MAC no Vermont Studio Center, nos EUA, entre outros. Possui obras em importantes coleções públicas como o MAM SP, MAM Bahia, Museu de Arte de Brasília, Itaú Cultural, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Pinacoteca Municipal (CCSP), Fundação Padre Anchieta, Casa das Onze Janelas (Belém, PA) e Museu de Arte de Santa Catarina – MASC.

É ilustradora, ainda, de ilustrações para diversos livros infantis publicados pela Summus Editorial, Editora Salesianas, Cosac&Naify (parceria com o músico Paulo Tatit, do grupo Palavra Cantada), Editora 34, S&M e Editora Girafinha. Publicou livros pelas editoras SENAC, Escuta, Iluminuras e Scipione, Zouk, além de cinco edições independentes.

Serviço

Evento: exposição individual Dia Um, de Edith Derdyk
Abertura: 11 de agosto de 2010, quarta-feira, a partir das 20 horas
Período expositivo: de 12 de agosto a 04 de setembro

Local: Galeria Virgilio
Endereço: Rua Virgílio de Carvalho Pinto, 426
CEP 05415-020, Pinheiros, São Paulo – SP
Horários: de segunda a sexta, das 10 às 19h; e sábados, das 10 às 17h
Entrada franca

Fonte: Adelante Cultural

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