Coisas da moda: reflexões sobre o plágio e autoria

A eterna busca pelo novo no universo da moda é algo que está além do que se vê nas passarelas e em grandes marcas. Buscar…

Compartilhe

muga20

A eterna busca pelo novo no universo da moda é algo que está além do que se vê nas passarelas e em grandes marcas. Buscar algo que transforme este mundo talvez seja o mote do discurso atual, pois é fato, que hoje em dia, a moda meio que se tornou um lugar comum no sentido negativo, mas não pejorativo, pois se percebe que por muitas vezes o exagero e o extravagante sejam os únicos métodos de se atingir tal feito, o de chamar a atenção.

Conceito? Autoria? Pode até ser, mas moda também é vestir-se. E cá venhamos, vestir-se bem e confortavelmente. Não adianta nada um grande estilista ser criativo e não podermos usar suas criações, por ‘N’ motivos, como volume, peso, espaço, diâmetro, cores, e que não prejudique o nosso bolso, por que não? Novamente, tais vestimentas conceituais passarão por crivos financeiros e serão reduzidos ao que seja comercial, sendo relidos em novas peças mais “wearables” ou usáveis. O mundo é ágil e ele exige que a pessoa seja mais ágil ainda.

O pecado mora ao lado, quando se quer ser ‘avant garde’, pois o mundo da releitura e ou da autoria é sutil, uma linha fina que separa os dois, mas ao mesmo tempo os une. Indefectível como o Yin e Yang. Coisas distintas, mas que uma sem estar atrelada à outra não existem. Perdem-se, desfazem-se, pela premissa de que na moda, tudo já foi feito. Um dado relevante vem de Paris, em que Marie Rucki, do Studio Berçot afirma que a última novidade da moda foi a minissaia.

Todos que acompanham a moda devem ter se deparado com a matéria de Daniela Pinheiro para a Revista Piauí, em que ela faz uma crítica sobre a autoria e cópia das roupas feitas por estilistas internacionais e nacionais, respectivamente. Na matéria, ela começa a descrever duas peças idênticas feitas por duas estilistas diferentes:

“Paris, outubro de 2005. No desfile da grife Chloé, uma modelo de cabelos escuros percorre a passarela num vestido mostarda de mangas compridas, na altura do joelho, com dois enormes bolsos laterais, três pares de botões na altura do peito e uma espécie de lapela branca que cruza o pescoço.

Rio de Janeiro, janeiro de 2006. No desfile da grife Layana Thomaz, uma modelo de cabelos escuros percorre a passarela num vestido caramelo de mangas compridas, na altura do joelho, com dois enormes bolsos laterais, três pares de botões na altura do peito e uma espécie de lapela branca que cruza o pescoço”.

artigos_img_topo_artigo

Essa matéria em especial mostra através de imagens comparativas o plágio descarado que certos estilistas brasileiros fazem com o produto importado. Falta de criatividade? Aposto que não. Arrisco o palpite que o fator predominante seja o de capital de giro. Quer queira quer não, as marcas sobrevivem através da venda, que resumidamente tem a premissa das peças comerciais e não do conceitual, que não sustentam uma marca.

E por falar em riqueza, a jornalista levantou uma postura polêmica, pois quem realmente entende de moda, estuda ela, pesquisa-a fundo, sabe que os conceitos de moda praticamente surgiram desse fator. Oras, dizer o contrário é ir de frente com os registros históricos. Sabemos que a história da moda data-se da era medieval, com o surgimento dos burgueses mercantilistas que se enriqueceram e começaram a ter poder aquisitivo para se igualar a Nobreza da época, e por questões de status e das Leis Suntuárias, estes nobres começaram a se diferenciar com detalhes, cores, formas, e novos materiais em suas roupas.

Pelo viés mercadológico, a grande realidade nacional, é que quem sustenta a moda, no nosso caso, é a classe média, que infelizmente, não tem condições de pagar R$450 à R$ 820 numa calça jeans criativa, diferente, moderna. O preço do status no Brasil é caríssimo e pra poucos, e existem muitas marcas novas surgindo que precisam firmar bases sólidas no mercado. O que falta, talvez é informação, de que uma marca tem insumos, custos, folha de pagamento, e que tudo isso demanda divisas (capital), que por muitas vezes ‘precisa’ vir de algum lugar ‘certeiro’. Tão certeiro como uma peça de roupa feita por um estilista criativo, que por ventura seja estrangeiro, e que seja super comerciável por aqui.

Alexandre Herchcovitch é um dos maiores expoentes da moda conceitual no mercado brasileiro, e ai dele se ele não o for. Ele se firmou como conceitual, mas não podemos esquecer que além da marca própria, ele assina produtos pra outras marcas. A verdade é que com esse dinheiro dos royalties é que ele se permite ser criativo na sua própria marca. Sem isso não daria.

A grande verdade é que sempre haverá os que criam, os que comercializam e os que criam e comercializam. Num mundo extremamente globalizado, com o fluxo de informações sendo geradas instantaneamente, a cada segundo, como um piscar de olhos, talvez essa rapidez seja a grande culpada da história. Não há criminosos no universo da moda. “Quem tem pressa come cru e quente” já dizia o ditado.

Quem nunca comprou ou ficou encantado com os preços baixíssimos da Zara que joque a primeira pedra.

Por Diego Carvalho

Compartilhe

Newsletter

Inscreva-se em nosso newsletter e receba diretamente em seu e-mail artigos exclusivos, dicas de beleza imperdíveis e as últimas novidades dos reality shows mais badalados. Não perca a chance de estar sempre à frente, conhecendo as tendências e segredos que só os verdadeiros conhecedores do universo fashion e do glamour dos realitys têm acesso!

Não fazemos spam! Leia mais em nossa política de privacidade.


Últimas notícias BBB

Últimas notícias