Pesquisa UseFashion: O panorama da crise segundo a moda

“No meio desta crise mundial, acredito ser importante nos informarmos sobre o que andam falando do nosso setor, o que afeta positiva ou negativamente. O…

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“No meio desta crise mundial, acredito ser importante nos informarmos sobre o que andam falando do nosso setor, o que afeta positiva ou negativamente. O texto é um pouco longo, mas vale a pena ler para ficarmos preparados para o mercado.”  (Robson Alves)

UseFashion ouviu mais de 700 profissionais de moda em pesquisa sobre os efeitos da crise global.

Por Lisie Venegas e Thomas Hartmann

Ciente da importância da atual conjuntura, a UseFashion, referência nacional no que diz respeito a informação estratégica de moda, ouviu profissionais do setor em uma pesquisa inédita no país. Vale lembrar que a crise financeira global iniciada nos Estados Unidos pauta as principais capas de revistas e telejornais, mas seus efeitos no mercado de bens não-duráveis, que inclui a moda, ainda não estão claros.

Veja os dados da pesquisa aqui.

Quase metade dos entrevistados concluiu que a crise já impactou negativamente seu negócio (368 respostas). Em grande parte, isso acontece devido à redução na oferta de crédito, segundo 38% da amostra. A perspectiva para o futuro, contudo, é promissora.

Enquanto que 345 respondentes ressaltaram que a projeção para os próximos dois anos não foi alterada, 121 afirmaram que o cenário pós-crise é melhor que o que tinham antes. Apenas 282 pessoas, 38% da amostra, consideraram que a crise piorou o cenário para seus negócios em 2009/2010.

Oportunidades e ameaças


O setor de moda está se voltando para o mercado interno. Dos respondentes, 53% consideram que as melhores oportunidades para os negócios de moda estão no Brasil, e 33% destes acreditam que é justamente no Brasil que estarão os principais concorrentes. Por ordem de mercados a serem explorados, também aparecem Europa (20%), Ásia (13%), América Latina (7%) e a combalida América do Norte com (3%).

Além do Brasil, os concorrentes tendem a vir da China (68%), Índia (18%), Estados Unidos (6%), Vietnã e Itália (5%), entre outros (novamente, a soma pode ultrapassar 100%). Entre os países menos mencionados estão Tailândia e Bangladesh, lembrados pelas empresas de matéria prima/maquinário.

Informação estratégica de moda

Em tempos de incertezas, os 748 respondentes da pesquisa consideraram que os sistemas de informação de tendências de moda são relevantes ou muito relevantes (18% e 58%, respectivamente). Apenas 13 respondentes afirmaram que essas fontes de pesquisa são irrelevantes.

Moda no Brasil

Segundo dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a indústria brasileira de moda emprega mais de 1,65 milhões de pessoas – respondendo por 45% dos empregos da indústria do país. Além disso, a área contribui com 13,5% do PIB Industrial Brasileiro.

Caminho: Grau Zero

Como já anunciava a Megatendência Austeridade, para o Inverno 2009, o quadro de incertezas globais se consolida de vez na nova Megatendência Grau Zero, em que o interesse é traduzir a situação por meio dos hábitos de consumo. Mas de que maneira a moda vai reagir esteticamente a estas conjunturas adversas? Que cores, materiais e modelagens melhor representarão o momento atraindo o olhar do consumidor?

Segundo nossa equipe de pesquisa, as respostas estão sendo desenhadas há muito tempo com o estilo de roupas sóbrias e técnicas restritivas, se configurando, em alguns casos, na obtenção de máxima expressão com mínimos recursos. Outro valor ascendente, conforme a megatendência, aponta que entre consumidores de maior poder aquisitivo e escolaridade, cresce a preferência pela não ostentação.

A percepção de valor dos objetos se estende à capacidade que têm de se articular com a cultura, design, arte, meio ambiente, entre outros. Com isso, a primeira frente afetada pode ser associada à ética, implicando em reflexões sobre consumo consciente, desperdício e acessibilidade mais democrática à moda.

Impacto no crédito é irreversível, mas há quem aproveite oportunidades ( Parte 2)

Nesta última quinta-feira, 6 de novembro, a UseFashion publicou resultado de uma pesquisa realizada com 748 pessoas da área da moda. Dando continuidade à análise da crise, entrevistamos alguns formadores de opinião que, entre outras coisas, confirmaram o maior temor dos respondentes: o impacto no crédito.

Veja, nas linhas abaixo, idéias para se preparar para os próximos dois anos.

Economia global

“Na Bolsa de Valores de São Paulo, a Bovespa, mais de 1/3 dos recursos são de investidores estrangeiros. Com prejuízos em seus países de origem, eles vendem aqui para cobrir os prejuízos causados lá. Desta forma, as ações de empresas brasileiras também acompanham a queda, apesar de nossa economia estar com bons fundamentos macroeconômicos”, diz Victor José Hohl, um dos palestrantes do Seminário Saúde Financeira, que ocorreu recentemente em São Paulo.

Para Hohl, os reflexos da crise aparecerão principalmente no crediário, que ficará mais escasso e com os juros mais elevados. “É preciso pensar duas vezes antes de comprar a crédito. Como a economia vai crescer menos, isso pode aumentar o desemprego, por exemplo. É aconselhável que as pessoas constituam uma reserva financeira para emergências”, ressalta.

E é o que muitos empresários estão fazendo. O Índice de Confiança da Indústria (ICI), medido pela Fundação Getulio Vargas, caiu 11,7% entre setembro e outubro de 2008, demonstrando maior pessimismo para os próximos meses e uma provável desaceleração da atividade econômica.

Os dados coletados entre 1º e 27 de novembro mostram que, das 1.101 empresas consultadas, 101 prevêem piora nos próximos seis meses, enquanto 40,4% acreditam numa situação melhor. Desde julho de 2003 que a pesquisa não aponta um resultado tão ruim neste quesito.

Paulo Tenani, professor de Finanças Internacionais da Fundação Getúlio Vargas, enfatiza que a tendência é que o dólar comece a ser apreciado diante de moedas como o real, euro e peso, e, em contrapartida, se deprecie frente às moedas asiáticas. “Acredito na desaceleração do crescimento mundial, mas isso não significa necessariamente recessão. Estados Unidos, Alemanha e demais países da Europa deverão crescer menos, reduzindo as compras e prejudicando o comércio dos países com perfil exportador, o que não é favorável para o Brasil”, diz ele.

Indústria de não-duráveis tem boa expectativa…

No caso da indústria, uma das alternativas sugeridas por Hélio Henkin professor de economia industrial da UFRGS, é a retomada do ritmo de produção, o aprimoramento das relações de suprimento, a sensibilidade ao câmbio e a intensificação da atuação no mercado interno, como escudos para a crise. Medidas adotadas por Milton de Souza, diretor da Fila, marca esportiva de calçados, vestuário e acessórios.

Segundo ele, a Fila está encarando a crise como uma oportunidade de ganhar mercado e crescer internamente, assim como 53% dos respondentes de nossa pesquisa. “Acreditamos que a falta de crédito nos mercados impactará de forma muito mais significativa na compra de bens duráveis, enquanto bens não-duráveis de médio/baixo valor continuarão sua trajetória ascendente, embora de forma mais tímida”. Neste sentido, cabe observar o crescimento da inflação – se a inflação sobe, a compra de vestuário desce.

Souza acredita que as empresas que dependem das importações certamente serão mais impactadas com a crise e com a alta do dólar, o que não é o caso da Fila. “Fabricamos no Brasil quase que a totalidade dos produtos, e, embora parte da matéria-prima seja importada, dependemos muito pouco das operações internacionais da marca”, explica.

Ele também afirma que uma das estratégias da Fila é intensificar o desenvolvimento de novos produtos que possam ser exportados para as outras unidades operacionais ao redor do globo, amenizando o impacto negativo em função das importações. “A unidade brasileira da marca tem na criatividade um forte pilar de sustentação, e acaba tendo um papel de destaque com relação aos outros países, principalmente na América Latina’, completa.

… e o varejo não pára

O lançamento do Mega Shopping Cianorte, maior shopping atacadista da região sul do Brasil, localizado na cidade de Cianorte (PR), é, para os 80 empresários responsáveis pelo empreendimento, uma forma de driblar a crise.

“Recuar não é o melhor caminho, porque automaticamente as coisas ficam ainda piores. Se você mostra ao cliente que está expandindo, ele também se sente mais confiante para investir. Sente, inclusive, uma tranqüilidade maior em relação à situação.” afirma Marcelo Rodrigues, administrador do projeto. O shopping de 25 mil metros quadrados deverá receber até o fim do próximo ano 220 lojas, e ultrapassar um investimento de 15 milhões de reais até 2010.

África: Um novo caminho para a moda?

Nos 48 países que compõem a África Subsahariana, o ritmo de crescimento econômico tem sido maior que o da média mundial. Isto é ocasionado, em grande parte, pelo aporte de divisas de empresas de nações como China, Índia, Malásia, Japão, os países do Golfo, e, para não perder o peso político, Estados Unidos.

Segundo relatório do Banco Mundial e da Comissão de Crescimento e Desenvolvimento intitulado “The Growth Report”, por volta de 2030 a população da África Subsahariana será quase tão grande quanto a da China e bem maior do que as Américas e a Europa.

Há razões para crer que os africanos não sentirão tanto a crise. Trata-se de uma população que está saindo da linha da pobreza. Segundo dados do FMI, em 1990 47% dos africanos viviam na miséria. Em 2004, o número caiu para 41% e, em 2015, projeta-se algo como 37%. Em seus relatórios mais recentes, o fundo classificou como mercados emergentes Botswana, Gana, Quênia, Moçambique, Nigéria, Tanzânia, Uganda e Zâmbia.

Mas a principal força vem do seu sistema bancário. Justamente por sua rigidez, o que antes da crise era um problema para investidores, ele ficou imune ao mercado subprime e, portanto, não foi tão afetado quanto os demais continentes.

Será que os olhos das empresas de moda se voltarão para os países africanos, a exemplo do que aconteceu anteriormente com a Índia? Será que os africanos são artesãos bons o suficiente? Apenas o tempo poderá trazer as respostas a estas questões, mas na megatendência de Verão 2010 Fusão já começamos a identificar a África como nova direção do olhar da moda.

Por Lisie Venegas e Thomas Hartmann
Fonte : UseFashion

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