Quem foi Tarsila do Amaral? A grande pintora do Brasil – Biografias
Conheça com mais detalhes a vida e obra de Tarsila do Amaral, uma das principais expressões da arte brasileira.
Quando pensamos na arte brasileira um dos primeiros nomes que nos vêm à cabeça é o de Tarsila do Amaral (1886-1973). Afinal, a artista não apenas pintou alguns dos quadros mais icônicos do país, como também foi figura central do modernismo, um dos movimentos culturais mais marcantes do século XX.
- Depois, veja também o Vestido de noiva Tarsila do Amaral na mostra do Farol Santander.
Tarsila do Amaral: da infância à vida adulta
Original do interior de São Paulo, Tarsila de Aguiar do Amaral nasceu em Capivari no dia 1 de setembro de 1886. Ela vinha de uma família de fazendeiros de muitos recursos. Tanto é assim que o seu avô paterno, chamado José Estanislau do Amaral, teria sido apelidado de “o milionário”, em virtude da imensa fortuna que havia acumulado com as suas fazendas no interior paulista (AMARAL, 2003).
O Brasil então era outro. Afinal, a República foi instaurada em 1889 e o a escravidão havia sido proibida apenas no ano anterior, em 1889 – ou seja, parte dessa riqueza também tinha sido construída com o trabalho de escravos.
De qualquer forma, a jovem Tarsila encontrou um mundo em transformação. Assim, ela mal sabia que seria uma das grandes responsáveis por trazer uma mudança profundada à identidade do país.
Tendo tido seis irmãos, ela passou uma infância privilegiada entre as fazendas herdadas pelo seu pai. Dessa maneira, o contato com a natureza e o mundo do campo foram uma influência muito forte no seu trabalho.
- Para conhecer mais profundamente a sua história, leia Amaral, Aracy A. Tarsila, sua obra e seu tempo, 3. ed. São Paulo: Editora 34, 2003.
Uma educação diferenciada
Ainda que no interior, o pai de Tarsila deu abertura para que os filhos recebessem uma educação primorosa, seguindo o que estava em voga naquele tempo.
A partir do final do Brasil imperial até as primeiras décadas do período republicano, São Paulo então se consolidava como polo cultural do país. Por sua vez, a França era então a principal referência para a elite econômica e cultural da época, sendo uma grande inspiração e modelo para aquilo que se implantaria aqui.
Não por menos, a primeira tutora de Tarsila do Amaral foi a belga Marie van Varemberg d’Egmont. Com ela, a jovem conseguiu alcançar a fluência no francês. Além disso, Tarsila estudou com a sua mãe composições francesas para o piano.
Assim, os elementos da cultura francesa eram correntes nas casas das famílias mais abastadas dos período, e não era diferente no caso de Tarsila.
Posteriormente, a jovem foi enviada ainda pequena para estudar em São Paulo capital. Logo depois, avaliando que ela poderia obter uma instrução ainda melhor fora do país, o seu pai a enviou ao Colégio Sacré-Coeur de Barcelona, na Espanha. Lá esteve por dois anos, até finalizar os seus estudos. Em suma, foi em território espanhol que Tarsila teve o primeiro contato com a pintura (AMARAL, 2003).
O primeiro casamento de Tarsila do Amaral
Tendo retornado ao Brasil em 1906, Tarsila do Amaral se casou no mesmo ano com o médico André Teixeira Pinto. Entretanto, o marido se mostrou completamente contrário a que ela evoluísse como artista. Afinal, sendo uma mentalidade comum à época, ele demandava que ela se dedicasse exclusivamente ao lar.
Todavia, estava claro que ser artista estava no coração de Tarsila do Amaral. Nessa época ela estudava escultura com Wilhelm Zadig e Mantovani.
Ou seja, o casamento estava fadado ao fracasso e a separação foi inevitável. Como resultado, com a sua única filha, Dulce, ainda bebê, ela voltou a passar mais tempo na fazenda dos pais.
Primeiros passos como pintora e a vida em Paris
Em São Paulo, Tarsila começou a estudar pintura em 1917, com o pintor e professor brasileiro Pedro Alexandrino Borges. Posteriormente também chegou a ser aprendiz no ateliê do pintor alemão J. Fischer Elpons.
Em 1920 ela viajou para Paris, onde se estabeleceria por um tempo. Na capital francesa passou a estudar na Academia Julian e posteriormente na academia de Émile Renard, frequentando cursos livres de desenho.
Volta de Tarsila do Amaral ao Brasil e o Modernismo
“O que será aquela coisa?” (Tarsila do Amaral, sobre a Semana de Arte Moderna).
Entretanto, apesar da profunda experiência com o cenário cultural europeu, berço de grande parte das tendências da arte e moda da época, foi apenas de volta ao Brasil, em 1922, que Tarsila se envolveu com o movimento modernista. Afinal, ela retornou apenas dois meses após a revolucionaria Semana de Arte Moderna, que teve lugar em São Paulo entre o dia 11 e 18 de fevereiro daquele ano.
O objetivo do evento foi renovar o mundo artístico e cultural paulistano, trazendo em evidência o que era mais atual à época em termos de escultura, arquitetura e outras artes (Correio Paulistano, 1922). Tendo decorrido durante a República Velha (1889-1930), a Semana de Arte Moderna tentava confrontar uma sociedade ainda muito antiquada, oligárquica e conservadora.
Dessa forma, encontrando esse ambiente, em São Paulo Tarsila do Amaral reencontrou Anita Malfatti (1889-1964) – que conhecia desde os tempos de Pedro Alexandrino -, e se pôs em contato com Oswald de Andrade (1890-1954), Mário de Andrade (1893-1945) e Menotti Del Picchia (1892-1988). Com eles, Tarsila formaria o denominado Grupo dos Cinco.
Com esse grupo, Tarsila lideraria a defesa da existência de um modernismo brasileiro, contrariando ainda uma grande rejeição e resistência da sociedade.
Evolução da pintura de Tarsila do Amaral
A imersão de Tarsila do Amaral no movimento foi logo sentida na sua arte. A partir de então, a produção de suas pinturas trazia uma influência claramente brasileira. Então, entre os seus traços mais marcantes estavam o uso de “cores mais ousadas e pinceladas mais marcadas”.
Nessa época ela produziu, por exemplo, retratos de Mário de Andrade e Oswald de Andrade.
Contudo, ela retornou à Europa logo no ano seguinte, em 1923. Ainda que tenha retornado, o seu interesse e foco haviam mudado por completo. Ela então deixava de lado o estudo mais tradicional para aprender as técnicas da arte moderna.
Bom, a capital francesa seguia sendo a grande referência cultural e artística do mundo ocidental. Assim, com o seu interesse atual, Tarsila pôde entrar em contato com as grandes figuras do modernismo parisiense. Dentre eles, estudou com mestres como Albert Gleizes (1881-1953), André Lhote (1885-1962), Pablo Picasso (1881-1973) e Fernand Léger (1881-1955).
Dentre os estilos mais inovadores da pintura europeia o que mais absorveu foi o cubismo. Contudo, com base nele, a artista explorava cada vez mais elementos marcadamente brasileiros. Entre as suas obras dessa época estão, por exemplo, “A Negra” (1923) e “A Caipirinha” (1923).
Assim, apesar das críticas negativas que recebeu, e de maneira distinta àquilo que se via na Europa, o objetivo de Tarsila foi “digerir” as novas técnicas aprendidas para assim produzir algo singularmente brasileiro.
Estilo e exuberância de Tarsila do Amaral
“Caipirinha vestida de Poiret. A preguiça paulista reside nos teus olhos, que não viram Paris, nem Piccadilly, nem as exclamações dos homens.” (Atelier, Oswald de Andrade, 1925).
Além disso, sendo considerada a pioneira da arte moderna no Brasil, e tendo andado por algumas das grandes capitais europeias, Tarsila também chamou a atenção pela sua postura e estilo.
Na capital da moda, Paris, Tarsila se tornou inclusive amiga íntima do estilista Paul Poiret (1879-1944). Não por menos podia ser frequentemente encontrada no seu ateliê. Além de roupas e acessórios, ela também possuia mobilias e outros objetos do artista.
Segundo a sobrinha-neta da artista, Tarsilinha do Amaral, existem inclusive cartas de Oswald de Andrade onde o mesmo incentivava a sua relação com a moda. Para ele, esse interesse estava completamente de acordo com a figura que ela projetava.
Nessa altura, outro estilista que a vestia era Jean Patou (1880-1936), costureiro da alta-costura francesa então em ascensão.
Assim, com as suas roupas exuberantes, Tarsila também era vista como uma revolucionária do estilo feminino da época.
A fase “Pau-Brasil”
“Sou profundamente brasileira e vou estudar o gosto e a arte dos nossos caipiras. Espero, no interior, aprender com os que ainda não foram corrompidos pelas academias” (Tarsila do Amaral).
A pintora retornou ao Brasil em 1924, tendo iniciado a fase do seu trabalho conhecida como “Pau-Brasil”. As características do seu trabalho passaram a ser cores e símbolos ainda mais tropicais e brasileiros.
Dessa maneira, ela então pintava elementos da fauna e flora nacionais. Além disso, Tarsila veio a registrar elementos próprios do crescimento urbano do Brasil.
Em 1926 ela se casou com Oswald de Andrade, mesmo ano em que organizou a sua primeira exposição própria, na Galeria Percier, em Paris.
Em 1928, Tarsila pintou o Abaporu, cujo nome em língua indígena significa “homem que come carne humana”. Essa obra é a mais icônica da sua produção. Com ela se originou o “Movimento Antropofágico”, idealizado pelo seu marido Oswald de Andrade.
Além disso, o impacto da obra e aquilo que simbolizava foi tamanho que ela se tornou a pintura brasileira de maior valor no mundo.
A “antropofagia”
Qual é o significado de antropofagia em sua arte? Como idealizado por Oswald de Andrade em seu Manifesto Antropofágico, publicado na Revista de Antropofagia em 1928, a antropofagia era um movimento promovido por intelectuais e artistas brasileiros que pretendia “canibalizar”, ou seja, devorar referências culturais europeias a fim de criar algo novo com inspirações locais, indígenas e afro-brasileiras.
Essa foi uma verdadeira revolução no Brasil. O movimento abriu caminho, ainda que não sem resistência, à produção de arte e moda genuinamente nacionais.
Crise financeira e pessoal de Tarsila do Amaral
Apesar da década produtiva, que finalizou com uma primeira exposição das suas telas no Rio de Janeiro, em julho de 1929, a situação logo mudou.
Com a crise gerada pela queda da bolsa de Nova York em 1929, grande parte da sociedade saiu financeiramente afetada. Desse modo, um dos principais grupos a sofrer com a crise foram os fazendeiros paulistas produtores de café.
Ou seja, Tarsila do Amaral e a sua família sofreram um forte abalo com o declínio vertiginoso da economia, o que inclusive ocasionou a perda da fazenda da família.
Não parou por aí. Afinal, nesse mesmo ano o seu marido decidiu se separar para começar uma nova relação com a militante Patrícia Galvão, a Pagu (1910-1962). O rompimento com Oswald de Andrade e as perdas financeiras da sua família foram para Tarsila um baque muito forte.
Em meio a tamanha crise, o seu escape foi mesmo o trabalho. Assim, em 1930 assumiu a função de conservadora da Pinacoteca do Estado de São Paulo, onde cuidou da organização do catálogo desse pioneiro museu paulista. Todavia, com o avanço da situação política desfavorável, ela não ficou muito tempo na posição.
O comunismo e a fase realista de Tarsila do Amaral
Enfim, diante de um contexto conturbado e cada vez mais envolvida com a política, em 1931 Tarsila entrou para o Partido Comunista Brasileiro. Para ajudar a causa, ela até vendeu algumas de suas obras. Na época, o seu maior objetivo era viajar à União Soviética com o seu novo marido, o psiquiatra Osório César.
Os dois chegaram em Moscou no mesmo ano, tendo também viajado a outras cidades europeias. Posteriormente Tarsila retornou a Paris, cidade que a despertou para os problemas da classe operária.
Afinal, sem recursos, ela teve que começar a trabalhar em uma fábrica da área de construção, vivendo na pele a realidade do trabalho na indústria.
Tendo juntado dinheiro para retornar ao Brasil, chegou ao país em 1932. Então, em decorrência da sua experiência com o PCB e pela sua passagem pela União Soviética, Tarsila foi presa acusada de subversão.
Portanto, imersa nas suas vivencias mais recentes, a artista iniciou uma nova fase do seu trabalho. Com a obra “Operários”, de 1933, Tarsila passou a explorar o mundo da classe trabalhadora e das mazelas sociais. Além dessa pintura, a artista também apresentou outra com uma temática similar, chamada “Segunda Classe” (1933).
Tendo se separado do seu terceiro marido, não demorou a se casar com o jornalista e escritor carioca Luis Martins, com viveu até a década de 50.
Volta às origens
A partir dos anos 40, já com mais de 50 anos, Tarsila do Amaral voltou a pintar com o estilo que havia marcado o seu trabalho em épocas anteriores. Ainda assim, a realidade é que o seu trabalho só começou a ser de fato valorizado a partir da década de 1960.
Até então, seguia havendo uma marginalização das suas obras e uma rejeição por parte de uma ala mais conservadora da sociedade. Essa é uma realidade triste, mas comum a muitos artistas da época: o reconhecimento tardio do seu talento e trabalho.
Ainda na década de 50 Tarsila participou da 1ª e 2ª Bienais de São Paulo (respectivamente em 1951 e 1953).
Posteriormente, abrindo um nova fase em sua carreira, em 1960 o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) organizou uma retrospectiva da carreira da pintora. Com a nova projeção, em 1963 ela também foi tema de uma sala especial durante a Bienal de São Paulo. Além disso, a ganhar o mundo, em 1964 ela participou na 32ª Bienal de Veneza.
Últimas décadas: 1960 e 1970
Em meados da década de 60, sozinha, Tarsila do Amaral foi submetida a uma operação na coluna. Como resultado, por uma falha médica acabou por ficar paralítica. Assim, passou o resto da sua vida em uma cadeira de rodas.
Entretanto, a sua tragédia pessoal não terminava aí. Em 1966 ela perdeu Dulce, a sua única filha, que era diabética. Tantas dificuldades fizeram com que Tarsila imergisse no espiritismo, tendo inclusive se tornado amiga de Chico Xavier (1910-2002).
Por fim, com 86 anos, Tarsila do Amaral faleceu por causas naturais em São Paulo, no dia 17 de janeiro de 1973.
Exposições recentes sobre Tarsila do Amaral
Ao longo do seu percurso, Tarsila do Amaral teve que enfrentar inúmeras críticas. Alguns diziam que a sua arte era feia e de mal gosto. Outros que ela dava muita ênfase às suas influências francesas. Seja como for, a valorização do caráter popular e identitário brasileiro da sua obra foi reconhecida e valorizada apenas mais recentemente.
Afinal, nos últimos anos a artista foi o objeto de exposições bem-sucedidas não apenas no Brasil, como também nos Estados Unidos e na Europa.
MOMA
Em 2018, o Museu de Arte Moderna de Nova York, o MoMa, organizou a primeira exposição individual de peso sobre a artista. A mostra enfocou na sua produção durante a década de 20, sendo intitulada “Tarsila do Amaral: Investing Modern Art in Brazil”.
Tendo sido uma completa novidade para o museu, uma das principais referências sobre a arte moderna no mundo, em 2019 a instituição nova iorquina decidiu comprar a sua obra “A Lua” (1928). O valor estimado? Por volta de R$ 100 milhões!
MASP
O Museu de Arte de São Paulo (MASP) organizou em 2019 a maior exposição que já foi dedicada à artista. Intitulada “Tarsila Popular”, a exposição trouxe 92 obras da pintora. O seu interesse principal foi enaltecer a natureza brasileira da sua pintura. A exposição foi um sucesso. Tanto que superou o recorde de visitações do museu, que contabilizou mais de 400 mil visitas ao longo dos três meses de exposição.
Farol Santander
Indo na onda do sucesso anterior, o Farol Santander lançou a exposição imersiva “Tarsila para Crianças”. Tendo estado aberta entre o dia 26 de novembro de 2019 e 23 de fevereiro de 2020, a mostra buscou recriar os cenários das pinturas de Tarsila do Amaral com o uso da tecnologia sensorial, permitindo uma experiência imersiva. Assim, foram explorados o mundo dos seres, cores e formas da artista modernista, numa verdadeira viagem pela sua obra.
Com o propósito de ser mais interativa, a exposição teve um apelo ao público infantil. Assim, foram criados 7 estações temáticas: 1. Vila dos Sentidos, com inspiração no quadro “A Feira”; 2. Toca da Cuca, inspirado no quadro “A Cuca”; 3. Universo Tarsila, inspirado na obra “Cartão Postal”; 4. Floresta Negra, inspirada no quadro “Floresta”; 5. Jardim Afetivo, inspirados em diferentes quadros de Tarsila; 6. As Cores de Tarsila; 7. Papo com o Abaporu, – inspirado nos seus quadros “Abaporu”, “Sol Poente” e “A Lua”.
FAMA
No dia 14 de novembro de 2020 entrou em cartaz a exposição “Estudos e Anotações” de Tarsila do Amaral. Fazendo parte da reabertura do museu FAMA de Itu, no interior paulista (fechado em decorrência da pandemia), a exposição trouxe centenas de desenhos da artista brasileira.
Assim, explorando outro lado do trabalho da artista, o material exposto é quase inédito. Afinal, há 50 anos que os desenhos não eram trazidos ao público. Eles apenas foram expostos em 1969, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, por mérito da sua biógrafa Aracy Amaral – que, com Regina Teixeira de Barros, também é responsável pela nova exposição no FAMA.
Leilão da obra de Tarsila do Amaral “A Caipirinha”
No dia 17 de dezembro de 2020 outra obra de Tarsila do Amaral foi leiloada. “A Caipirinha” (1923), uma das suas primeiras pinturas com a temática mais brasileira, foi comprada em uma venda aberta no Brasil por nada menos que R$57,5 milhões.
Afinal, Tarsila é uma peça crucial do modernismo brasileiro, e a sua obra “A Caipirinha” é uma das mais importantes do início da sua carreira e da consolidação de sua arte “à brasileira”.
Desde então, o mundo da arte nacional nunca foi o mesmo.
Por Mariana Boscariol.
Veja também:
- Moda e Cidadania: instrumentos de afirmação da mulher – Parte 1/3.
- Em seguida, veja a moda nos anos 20 e 30 e a sua relação com a cidadania feminina – Parte 2/3.
- E para complementar, leia sobre a emancipação feminina nos anos 40 e 50 – Parte 3/3.
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