A saga de “A Ancestral Arte da Poesia”
Imagem do site YogaPress Toda essa repercussão de sucesso em cima do lançamento de meu livro de poesias, pensamentos e fotos está me enchendo de…
Imagem do site YogaPress
Toda essa repercussão de sucesso em cima do lançamento de meu livro de poesias, pensamentos e fotos está me enchendo de orgulho, satisfação e, me fez relembrar toda a trajetória que percorri nos últimos quatro anos para que ele fosse publicado.
Como se fosse uma história de piratas com direito a tesouros enterrados ou o tradicional mito do herói com seus ressurgimentos e senhores do umbral, essa obra iniciou-se no Reveillon de 2005, quando juntamente com meus instrutores e alunos, aluguei uma casa na praia.
Próximo da meia-noite do dia 31 estávamos todos na sala prontos para a celebração e para a deliciosa ceia vegetariana. Eu estava em um canto da sala, sentado, quieto, observando feliz, todas aquelas pessoas, aquela vibração bonita que se fazia ali presente e de repente, sei lá por qual razão, presumi que aquele momento seria único e que nunca mais se repetiria em qualquer fração congelada do tempo.
Então peguei folha e caneta e “desci” uma poesia que exortasse aquele singelo instante. Pedi a palavra minutos antes das doze badaladas e recitei o que havia escrito, para meus alunos, eternizando aquele dia para o todo o sempre no agora, recém-lançado livro “A Ancestral Arte da Poesia”.
Estava por aquela época vivendo uma fase muito criativa, energética com muita meditação e estudos metafísicos. Creio que isso tenha dado uma alavancada nesta veia poética que até então era sombriamente latente. O que se seguiu foi um regurgitar de emoções e vernáculos para tudo o que é lado; sentia que precisava ir até o fim com aquela sutil angústia interna que me aporrinhava vez ou outra e escrevi poesias até em guardanapo de botequim.
Quando dei por mim, estava com mais de cem poemas e aforismos jogados, espalhados (muitos perdidos) das mais diversas formas nos mais diversos lugares e… foi justamente neste momento que comecei a pensar que poderia juntá-los todas e publicá-los, sabe-se lá como!
Foi quando se deu início a busca por alguma forma de patrocínio: contratei uma empresa que supostamente deveria inserir nosso projeto em leis de incentivo fiscal (Rouanet e Mendonça). Entreguei R$ 1500,00 nas mãos de uma moça boa de papo que não resolveu nada e levou meu suado dinheirinho e, o governo preferiu deixar de arrecadar milhões para “incentivar” a elite a ir assistir ao Circo de Soleil, ao invés de apoiar artistas locais.
Noite de autógrafos
Imagem do site Uni-Yôga
Em seguida, seguiram-se reuniões com editoras previamente agendadas por amigos e alunos nas quais escutei que poesia não vendia no Brasil, nem Mário Quintana (um de meus preferidos), quanto mais um escritor yôgi como eu. Eu argumentava que se tratava de um livro de arte que transcenderia o conceito de ordinárias poesias, mas de nada adiantava, eram meras palavras lançadas aos paradigmáticos ventos de uma sala qualquer, cinzenta e triste.
Terceira tentativa: entrei em contato com algumas escolas filiadas à Uni-Yôga a fim de ofertar espaço para divulgação delas dentro do livro em troca da aquisição prévia de tantos exemplares. Recebi apoio, mas a logística não era tão simples assim. Na seqüência da saga, apareceu um velho conhecido que havia entrado como sócio de uma recém-fundada editora, dizendo que bancaria metade dos custos de produção da obra.
Pronto, assim seria possível, no aperto, mas daria para finalmente publicar a obra. Aos 45’ do segundo tempo em um Maracanã lotado, ele balbuciou que não faria mais o que havia combinado, por uma razão esfarrapada qualquer. Pronto, abri o freezer e soquei meu primeiro livro bem lá no fundo e por ali ficou cerca de um ano, mas… quando é para ser…, minha nova escola na Vila Olímpia começou a dar seus frutos e não tive dúvidas (bem, na verdade tive rs), amealhei a grana e enviei à gráfica.
Talvez este tópico devesse entrar um parágrafo acima: a dificuldade na seleção de fotos que casassem com as poesias. Muitas imagens já estavam feitas, no entanto, muitas vezes, saíamos eu e o fotógrafo em busca de algumas outras, perdidas na noite mais profunda das idealizações; isso sem mencionar o diretor de arte que fez um belíssimo trabalho, mas que vez ou outra desaparecia, me deixando aflito com o trabalho pela metade nas mãos e com o receio de ter que recomeçar tudo.
Quando recebi em mãos o primeiro exemplar, senti no âmago de meu ser que tudo isso havia valido a pena; cada vírgula daqueles capítulos haviam sido importantes para que o livro tivesse saído da forma desejada. E mais do que nunca, tive a certeza por mais uma experiência própria, de que quando acreditamos em algo e principalmente realizamos, seja de que forma for, mas com determinação e honestidade, não há nada no Cosmos que impeça a realização do que desejamos.
Neste instante, me escorre uma centelha de alegria sincera pela concretização deste que um dia foi sonho e que agora chega às mãos de centenas de pessoas que já o adquiriram nas diversas noites de autógrafos que têm ocorrido pelos quatro ventos dos locais onde existam pessoas interessadas em arte nas suas mais diversas roupagens.
Agradeço muito, muito mesmo, a estas pessoas que me encaminham lindos feedbacks provenientes das leituras do poder encerrado nas entrelinhas de minhas poesias.
Veja duas poesias do livro de Fábio Euksuzian, “A Ancestral Arte da Poesia”:
Imagem do livro “A Ancestral Arte da Poesia”
Menina Linda
Nas derrapantes curvas de seus cabelos, faz uma saudade.
Projeções de um tempo distante, residente no mais profundo recôndito do seu ser
Fruta indestrutível de deliciosas e inesquecíveis ilusões.
O mar anuncia a dor do alívio.
A serena superfície das águas de um lago
Inspiram-no a entender o que não se pode pensar.
Desgastantes fonemas são lançados ao léu,
Sutilizando a mãe Terra, que na sua criativa inércia, tranqüiliza a punhalada de sua Aflição.
Crescerá em todas as direções como o brilho do grande astro.
Estenderá os seus galhos a quem necessita.
Abrigará a centelha de sua progenitora,
Informando a todos, com orgulho, sua nobre estirpe.
O choro quente e velado será engolido pelo sábio tempo que tudo vê em seu distanciamento.
Os filhos dos ventos, ludicamente, transformam-nos em folhas secas,
As quais, um dia, transformar-se-ão em pó
Que alimentarão o tubérculo com que nutrirá o seu filho
O passado lhe traz lições atemporais que se misturam com o futuro distante e nebuloso.
No entanto, o presente necessita que escutes a ressonância do aprendizado
Cruel e desagradável que provém da observância do som não percutido,
Que aos poucos cicatriza deixando a marca de um sentimento imortal: o amor Incondicional
Esse, minha querida, é como sua própria essência…
Transcenderá o cosmos!
Por que tantos porquês?
Poesia do Livro “A ancestral arte da poesia” de Fábio Euksuzian
Por que temos que ir ao fundo para sabermos quem somos?
Por que o artista tem que sofrer para criar?
Por que temos que perder para reconhecer valores?
Por que o sertão virou mar?
Por que temos que ser desprezados para amarmos?
Por que temos que morrer para descobrir que não vivemos?
Por que nunca mais o enxergarei como o vejo hoje?
Por que dificultamos o simples?
Por que existimos nesta dimensão?
Por que não compreende o que escrevo?
Por que não exacerbamos a compaixão?
Por que tantos porquês?
Sabe por quê? Simplesmente, não existem os porquês.
Poesia retirada do site De Rose Alto da Lapa
Por Fábio Euksuzian
Fábio Euksuzian
Autor dos livros A Ancestral Arte da Poesia, Yôga em Dupla e o CD Relaxe e Desperte!
www.fabioeuk.org
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