As férias estão chegando e nada como uma leitura agradável sobre o que mais nos agrada: MODA

Dispa-me! O que a nossa roupa diz sobre nós, de Catherine Joubert e Sara Stern, é o novo livro da Editora Zahar.

Sobre a Moda, sobre a vida, sobre as coisas da moda e sobre as coisas da vida que a moda representa. Muito tenho procurado entender: os seus sentidos, signos e significados e estes são meus maiores motivos de especulação, nesta vida.

Muito da história dos panos, suas tramas e a vestes que delas derivam têm ocupado meu tempo livre. Penso sobre as roupas, quem as veste e o porquê das opções de seus usuários. Reflito sobre quem as faz, como e por quê? O processo de saírem de um desenho, virar desejo e a partir daí, objeto de desejo.

Vivo a me perguntar: quem deseja e quanto desejo aconchega corpos nus?

Em busca de tais respostas, li muito de Freud para entender os meandros de tanto desejo… Em quantos livros de Lacan, busquei o significado ético do desejo. Em Jung, busquei todos os signos mitológicos que as Vênus, as Minervas expressam tão bem, nas mídias de moda.

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E com toda essa curiosidade, acabei me deparando com o mais simples e fascinante texto de moda que já li. Venho aqui indicar sua leitura, para todas aqueles que continua lutando para derrubar a visão obtusa e equivocada da moda, como o mais fútil e efêmero aspecto da cultura ocidental.

DISPA-ME
, de Catarina Joubert e Sara Stern é uma deliciosa leitura do uso do vestuário e suas marcas nas relações parentais. É uma tocante visão do vestuário como resgate da memória das nossas relações maternas, fraternas – da nossa primeira calcinha de babadinho, do primeiro vestido de baile, do vestido de ir a escola e da roupa do grande amor.

Hoje tenho passado meus intervalos entre aulas conversando sobre essas memórias com meus alunos. Vejo que além do fenômeno que demonstra as condições sociais do indivíduo e dos grupos que derivam, a Moda, é também um foco de estudo poderoso do pôr-se no mundo, pela mão de nossos pais e amores. E que esta é uma maneira muito delicada de recuperar tanto a memória individual, como a cultural. Fenômeno que nos abre para um outro ramo de estudo do vestuário, histórico também, mas que vem pelo relato e pela afetividade da história individual e suas relações com o grupo de origem, é o olhar do seu grupo maior de convívio…

Curioso é o sumário. Entre as crônicas são particularmente divertidas: o Chapeuzinho Vermelho ou como uma saia muito curta me livrou da minha mãe (pág.20); Morremos Sempre Duas Vezes ou como nos livramos de um ex-amante (pág. 97); A Serpente Vermelha ou na pele de uma mulher fatal (pág.120).

Dispa-me no Submarino por R$ 18, 90.

Por Queila Ferraz

(Queila Ferraz Monteiro é estudiosa de História da Moda, é consultora de design e gestão industrial para confecção e Professora de História da Indumentária e Tecnologia da Confecção dos cursos de Moda em várias faculdades , também é professora em cursos de pós-graduação em universidades como o Senac. queilamoda@yahoo.com.br )

Queila Ferraz: Queila Ferraz é historiadora de moda e arte, especialista em processos tecnológicos para confecção e consultora de implantação para modelos industriais para a área de vestuário. Trabalhou como coordenadora Geral do Curso de Design de Moda da UNIP, professora da Universidade Anhembi Morumbi e dos cursos de pós-graduação de Moda do Senac e da Belas Artes.

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