Como o Planejamento por Cenários pode ajudar sua carreira
É praticamente unanimidade que 2016 será um ano difícil, com políticas econômicas mais restritivas e pessimismo por parte das empresas. Mas como planejar sua carreira…
É praticamente unanimidade que 2016 será um ano difícil, com políticas econômicas mais restritivas e pessimismo por parte das empresas. Mas como planejar sua carreira em um ano tão incerto? Não parece ser o momento de se arriscar e boas ofertas não estarão batendo à porta, portanto quem desejar crescer profissionalmente terá que desenvolver suas próprias oportunidades.
O desafio de se planejar em momentos de alta incerteza é a dificuldade de escolher o melhor caminho a seguir. Enquanto ficamos tentando prever o futuro para determinar “a” melhor alternativa, não conseguimos nos definir em razão dos sinais ambíguos do ambiente, e terminamos por não fazer nada…
Vejamos o caso de Gabriel (nome fictício), que tem 32 anos, é graduado em economia por uma universidade de primeira linha e trabalha como analista sênior na área financeira numa empresa do setor de óleo. Está angustiado à espera de uma promoção para gerente que já percebeu que não irá acontecer na empresa atual – pelo menos por enquanto – e entende que isto não ocorrer nos próximos 2 ou 3 anos estará “velho” para tentar uma transição de carreira.
Gabriel não consegue se decidir entre dois possíveis caminhos: buscar um emprego na mesma área em outra empresa onde haja a possibilidade de promoção ou tentar uma realocação para outra área no campo financeiro, na mesma empresa. Está angustiado pela espera da promoção, mas também foi aconselhado por um headhunter a continuar na empresa atual para “não se queimar”… O que Gabriel poderia fazer – além de simplesmente esperar?
A abordagem por cenários é a técnica ideal para o planejamento em situações de incerteza como a que vive Gabriel e como as que viveremos neste próximo ano. Ao invés de se tentar definir “a” melhor alternativa possível, assumimos as incertezas conjunturais e traçamos um plano de ação que contemple os diferentes cenários possíveis. Em outras palavras, ao invés de tentar adivinhar o que “vai” acontecer (probabilidade), desenhamos as situações que “podem” acontecer (possibilidade) e estabelecemos um plano de ação que inclua a incerteza.
Os cenários são, assim, construídos ao se combinarem as incertezas com os elementos conhecidos, considerando-se múltiplos futuros que reflitam diferentes estruturas causais subjacentes, dependendo de como as incertezas fundamentais vão terminar.
O Planejamento por Cenários proporciona os planejadores a entrarem em um loop que ligue Ação, Percepção e Pensamento no sentido da aprendizagem contínua; baseia-se na ideia de contínuo desenvolvimento e melhorias, em vez de na “resposta correta”. Com base nas situações que podem acontecer (cenários), entramos em ação e vamos refinando o nosso plano à medida em que as incertezas vão se aclarando.
Com essa abordagem em mente, no processo de coaching Gabriel identificou dois cenários: no primeiro (Oportunidade), teremos muitas empresas abrindo capital, com crescente importância da sua área e consequente demanda por profissionais especializados e aumento das oportunidades profissionais; no segundo (Crise), o mercado de capitais não cresce ou se mantém nos atuais níveis, diminuindo-se a demanda por profissionais da sua área.
Diante da análise dos dois cenários, a decisão de Gabriel foi de continuar na empresa em que se encontra atualmente e se preparar para a ocorrência de qualquer dos dois cenários investindo no seu desenvolvimento profissional. Para isso, tomou as seguintes decisões:
Com vistas ao cenário de Oportunidade, irá associar-se à entidade internacional que congrega os profissionais da sua área de atuação e aprofundará seus conhecimentos através de cursos curtos.
Irá cursar um MBA em Finanças de modo a se aperfeiçoar mais genericamente na área financeira e incrementar seu networking. Essa ação tem efeitos positivos em ambos os cenários, mas mais especificamente caso queira mudar de função.
Aprofundará seus conhecimentos no setor energético, o que também vale para ambos os cenários: seja para continuar na área financeira ou para tentar uma mudança de função em outras áreas que requeiram conhecimento especializado de um determinado setor (crédito, análise buy in, etc).
Esse é o plano de desenvolvimento de carreira de Gabriel para 2015. Qual o seu?
Veja mais artigos sobre carreira no Blog do Instituto Alfa Centauri.
Por Edgard Pitta
Edgard é coach e psicanalista, especializado em gestão e transição de carreira. MBA em Gestão Internacional pela Thunderbird School of Global Management, Arizona-EUA; pós-graduado em Administração de Empresas pela FGV-SP e advogado, atuou por mais de 15 anos no mercado financeiro em posições executivas no Brasil e no exterior. Também atua como consultor de Planejamento Estratégico e Marketing Digital. É mestrando pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC, com projeto de pesquisa em planejamento e desenvolvimento de carreira)