Moda e Economia – Negócios da Moda e a coleção primavera/verão 2010 (hemisfério norte)

Em 2010, no hemisfério norte  a primavera promete ser mais colorida e o verão mais quente. A economia americana, longe de superar os efeitos da…

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Em 2010, no hemisfério norte  a primavera promete ser mais colorida e o verão mais quente. A economia americana, longe de superar os efeitos da crise financeira mundial ainda apresenta seqüelas, como uma alta taxa de desemprego (10%)  – foram perdidos 190 mil postos de trabalhos apenas no mês passado. Entretanto, a maior economia do mundo mostra sinais de recuperação com um crescimento no PIB de 3,5% no último trimestre e sai de um processo de recessão. O Brasil mostrou uma recuperação mais rápida e apresenta uma expectativa de crescimento no PIB do próximo ano entre 3.9% a 5% .

Para evitar o economês para quem não é economista, PIB (Produto Interno Bruto) é a soma de todos os serviços e bens produzidos num período (mês, trimestre, ano) numa determinada região (país, estado, cidade, continente). O PIB é importante indicador da atividade econômica de um país, representando o crescimento ou encolhimento econômico e é expresso em valores monetários (ex. no Brasil em Reais e nos Estados Unidos em Dólares Americanos).

O PIB é o resultado da soma do consumo privado + investimentos totais + gastos do governo + exportação e importação. Este valor dividido pelo número de habitantes é conhecido como PIB per capita (por pessoa). Para se ter uma noção de grandeza os Estados Unidos em 2008 registraram um PIB de USD 13,5 trilhões, seguidos da Eurozona USD 13,5 trilhões (soma de todos os países pertencentes ao Euro), Japão USD 4,9 trilhões, China USD 4,3 trilhões, Alemanha USD 3,6 trilhões, França USD 2,8 trilhões, Reino Unido USD 2,6 trilhão, Itália USD 2,2 trilhões e Brasil USD 1,6 trilhões (R$ 2,8 trilhões).

Mesmo os Estados Unidos tendo sido muito mais afetado pela crise financeira global do que o Brasil, ainda assim produz quase 10 vezes mais do que nosso país. Isso significa que  se o Brasil crescer anualmente na mesma proporção que os Estados Unidos (5%), o resultado financeiro absoluto de nosso país ainda será dramaticamente muito menor.

Por que é tão importante entender um pouco de economia para pensar na Moda para além da expressão cultural e comunicação simbólica? A Moda, para ser expressa precisa ser resultado da relação dialética das idéias e das matérias. Ou seja, para movimentar a cadeia da Moda – da criação, produção e comercialização – é necessário investimento em pesquisa (R&D), formação técnica e teórica associadas ao talento de cada profissional, produção de matéria prima e escala de produção e comercialização do produto final. O que não é muito diferente do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) = soma dos consumos privados, investimentos totais, gasto do governo, exportação e importação.

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O Brasil é um dos maiores produtores de commodities (Commodity é um termo da língua inglesa (plural commodities) para designar mercadorias em estado bruto (matéria-prima) comercializada no mercado interno ou externo (importação e exportação). Minérios, petróleo, algodão, café, soja, trigo, etc.

Pelo fato de serem mercadorias primárias e possuírem cotação (preço) no mercado mundial, pode afetar significantemente na economia e nos fluxos financeiros. Por exemplo: se o preço do algodão sobe, todo produto feito com esta matéria prima poderá ficar menos competitivo ou ser inviabilizado. Com a queda dos preços do petróleo, os produtos sintéticos ficam mais baratos e os transportes menos custosos. Entretanto, o país produtor e exportador de algodão e petróleo pode ter sua economia afetada pelo aumento ou diminuição dos preços.

É ilusão pensar que a economia de um país pode viver isolada e através dos negócios da moda percebemos como o dinheiro circula no mundo. No mercado financeiro este fluxo financeiro fica ainda mais evidente, quando percebemos que os investimentos estão muito concentrados, desta forma quando a economia mundial está aquecida os investidores podem fomentar as economias dos países. O investimento direto nas empresas através da bolsa de valores (compra de ações) é um bom termômetro para saber se a economia vai bem, se teremos mais dinheiro para investir em pesquisa, produção, propaganda e venda dos produtos criados pelos estilistas e consumidos pelo mercado interno ou externo.

Para aproximarmos ainda mais a economia da moda, podemos pensar  quão importante o algodão, como matéria-prima, é para produção de novos produtos. Entretanto, não adiante um estilista ser criativo e idealizar uma coleção maravilhosa explorando o algodão como matéria-prima se este estiver escasso ou tiver passado por um processo de alta muito grande nos preços. É preciso estar antenado, não somente sobre a próxima cartela de cores, mas também com o que acontece na economia mundial, pois os negócios da moda vão além da cadeia produtiva para todos os ramos relacionados como publicidade, propaganda, fotografia, jornalismo, academia, formadores de opinião, investidores, etc.

Foi divulgado recentemente que a produção mundial do algodão deverá diminuir 5%, o que deverá resultar em um aumento de 9% no preço médio da fibra. A queda mundial na oferta de algodão será liderada pela China, onde a safra deverá  recuar  16%, o  país maior produtor, importador e consumidor desta fibra no mundo. Entretanto, a Índia, o segundo do ranking, registrará um crescimento de 8%. Isto significa que a China importará (comprará) mais no próximo ano (18%) e tendo em vista que os Estado Unidos e Brasil também reduzirão suas vendas externas de algodão, fará com que a Índia possa exportar (vender) muito mais no mesmo período. Os principais países produtores e consumidores da fibra de algodão são Brasil, EUA, China, Índia, Paquistão. Enquanto nos Estados Unidos e na China os preços se aquecem, no Paquistão a queda de mais de 20% fez agricultores recorrerem ao governo solicitando intervenção.

Não podemos esquecer que para produzir algodão, como qualquer outro produto similar, o setor do agronegócio depende diretamente  da indústria de fertilizantes e herbicidas (Bunge, Monsanto, Bayer),  bem como dos riscos climáticos. Todos sabem que uma produção custa e os custos precisam ser diluídos para que o negócio da moda ou qualquer negócio seja sustentável. Além dos custos diretos com matéria prima e maquinário, os custos com a produção (mão de obra, impostos, transportes, aluguel) são relevantes e associados ao esforço de vendas (publicidade, financiamento de capital de giro, etc). Só quem produziu lingeries sabe quantas máquinas são necessárias no processo de produção. Quem dependeu de financiamento bancário também conhece o custo do dinheiro, sem contar a mão de obra não profissionalizada. Quem viveu em tempo de guerra também sabe o quanto a escassez de dinheiro e matéria-prima pode influenciar na capacidade criativa. Tudo isso faz diferença na produção de  uma coleção no Brasil ou nos Estados Unidos.

Para fazermos uma análise crítica e analisar os resultados da cadeia produtiva da moda expressas nas passarelas, eu escolhi a coleção primavera/verão  2010 (no hemisfério norte que será o verão 2011 no Brasil) de Anna Sui, uma estilista talentosa  que bombou no Mercedes Benz Fashion Week. As fotografias abaixo são de Cindy Ord.

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Anna Sui, fotografia de Cindy Ord

Sua coleção impecável e elegante revela o resultado de tudo o que já foi pesquisado na moda, do ponto de vista de tecnologia têxtil, cores, assessórios, tecnologia  e estilos mesclados. A coleção de Anna Sui revela aos estilistas, profissionais da moda e consumidores a riqueza do nosso tempo, resultado de muito dinheiro e informação. Sua coleção comunica o momento de pluralidade em que vivemos, da sobreposição, tudo pode, mas não de qualquer maneira. Os tecidos metálicos mesclam com modelos leves. Quadriculado, listras, laços, babados, estampas, botões, zíperes, caveirinhas, bichinhos e flores podem conviver em uma coleção, como também convivemos com a diversidade nos pensamentos, manifestações culturais, religiosas, entre a loucura e a sanidade.

Diante de uma coleção como esta, ficamos estarrecidos com tanta informação, como também estamos diante da internet, revistas e publicações que nos disponibilizam, mais do que podemos assimilar. Entretanto, é preciso se ater aos detalhes que a coleção nos comunica para  apreciar a capacidade do profissional de harmonizar tanta informação.

Mas não podemos ignorar que esta quantidade de informação é também, resultado da recuperação da economia, e que durante os períodos de riquezas e excessos que vivemos antes da crise financeira mundial, foram oferecidos  através dos recursos financeiros, uma enorme gama de melhorias como a formação qualificada, pesquisa e  desenvolvimento avançados, novas tecnologias, proximidades das culturas mundiais, eficientes meios de produção e  escalas na comercialização. Sem contar que um consumidor com dinheiro aprecia melhor os produtos disponíveis.

Anna Sui, coleção primavera/verão  2010 (no hemisfério norte que será o verão 2011 no Brasil) f

Imagens  de Cindy Ord

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Anna Sui, imagens de Cindy Ord

Por Carlos Alberto Alves e Silva

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