A minissaia é o item de moda que está em constante evolução, ora com materiais diferenciados, ora com novas propostas de composição no look.
As temporadas de moda do pós pandemia trouxeram este item à tona e marcas como a Miu Miu exploram cada vez mais os limites da modelagem.
Antes de mais nada, a fim de entender a importância da minissaia na atualidade, é preciso voltar no tempo e entender como Mary Quant popularizou esta modelagem revolucionária na década de 1960.
Quando foi criada a minissaia?
Inegavelmente, os anos 60 e 70 foram palco de grandes transformações no cenário da moda. Londres teve uma explosão cultural neste período e trouxe novos nomes da música, arte e moda.
Nesse sentido, a cidade foi berço de uma revolução geracional, na qual a juventude se opunha ao estilo de vida conservador das gerações passadas. Eventualmente, a forma de se vestir passou a simbolizar este contraste entre o velho e o novo.
Os estilistas que despontaram no período tinham, sobretudo, a vontade de ir contra os padrões estabelecidos por outras gerações. A libertação, portanto, se conecta a rebeldia jovem.
Porém, a juventude revolucionária e sua nova forma de se vestir sofreu com críticas, principalmente de gerações mais conservadoras. As minissaias eram consideradas imorais.
Nesse contexto, cenas retratando a medição do comprimento das peças tornaram-se emblemáticas na época. A resposta da nova geração foi ir para as ruas protestar e transformar a peça no símbolo de libertação.
Quem foi que inventou a minissaia?
Fontes divergem sobre a mente responsável pela invenção do comprimento mini para as saias e vestidos. No entanto, dois estilistas se destacam: o francês André Courrèges e a britânica destemida Mary Quant.
Para Maíra Zimmermann, a análise de revistas da década de 1960 indicam que a os primeiros modelos foram de Courrèges e tiveram dificuldade de aceitação popular.
Ainda assim, a pesquisadora aponta o grande papel de Mary Quant na popularização da minissaia. Isso porque a estilista “criou uma linha de roupas baratas e utilizáveis, mas divertidas”, relata a autora.
Nesse contexto, Quant teria tido aceitação imediata entre os jovens por causa do diálogo que seus modelos tinham com a insatisfação dessa nova geração.
A estilista viveu no lugar certo na altura certa… Mas, provavelmente, não sonhou que a tesourada que um dia deu no vestido da famosa manequim Twiggy tivesse um impacto tão grandioso.
Considerada por alguns, portanto, a inventora da minissaia, Mary Quant criou um símbolo que iria acompanhar a juventude rebelde dos anos 60, ávida por chocar e mudar padrões de conduta.
A sua boutique, “Bazaar”, fez história numa das artérias mais famosas de Londres, a King´s Road, no elegante bairro de Chelsea. A estilista morreu em abril de 2023 e deixou um grande marco na história da moda.
- Leia mais sobre a morte da estilista Mary Quant
Depois de todas as revoluções, a minissaia começou a ser adaptada pelas “alas” mais conservadoras da sociedade europeia e permanece hoje como uma peça essencial do vestuário feminino. Por tudo isto, a história da moda não pode ser contada sem uma homenagem à estilista britânica.
Quando surgiu a minissaia no Brasil?
A minissaia se populariza no final da década de 1960 no Brasil. A pesquisadora Zimmerman fez análise de revistas de moda brasileira da época. Em uma delas, inclusive, a minissaia foi considerada como o uniforme da juventude.
Da mesma forma, uma edição da revista cruzeiro trouxe a atriz Diane McBain vestindo mini para seu casamento. Mesmo assim, foram com os desfiles da FENIT, a feira nacional da indústria têxtil, de 1969 que expositores massificaram o modelo na indústria, colaborando com sua popularização no Brasil.
Com a morte da icônica Mary Quant e com as apostas da minissaia nas últimas temporadas das semanas de moda, logo concluímos que a peça voltará com muita força. Além disso, vem carregada de uma nova forma empoderada de encarar a sensualidade feminina.