‘A moda brasileira é uma sombra sem corpo’, diz Jum Nakao
No ateliê de Jum Nakao – instalado numa garagem na Vila Clementino, onde a única coisa que não se vê é glamour – ainda estão…
No ateliê de Jum Nakao – instalado numa garagem na Vila Clementino, onde a única coisa que não se vê é glamour – ainda estão penduradas no teto parte das criações de seu último desfile na São Paulo Fashion Week, em 2004. Na ocasião, o estilista colocou na passarela modelos com vestidos feitos de papel, que foram rasgados ao final da apresentação.
Mais do que transgressor, o gesto significou o rompimento de Nakao com as semanas de moda e o fim da marca que levava seu nome. “Ter uma grife com um trabalho autoral se tornou cronicamente inviável”, opina o estilista, crítico ferrenho da moda brasileira. “Em termos culturais somos reféns das tendências internacionais. É um trabalho medíocre, de reprodução e adaptação”.
Nakao se afastou das passarelas, mas não do mundo fashion com o qual está envolvido há mais de 25 anos. Além de professor do curso de pós-graduação em Direção e Criação de Moda, da FAAP, desenvolve projetos artísticos ligados à moda em parcerias com museus e fundações internacionais e é autor do livro “A costura do invisível”. “Abdiquei de ser estilista para ser um agente transformador”, diz ele.
Avesso ao burburinho das “fashion weeks” brasileiras, o estilista diz que a indústria não está tão bem quanto deixa transparecer. “O povão conhece a Gisele Bündchen e sabe o que é Dior, Gucci, Louis Vuitton… Agora, tente perguntar para o mesmo povão quem é Ronaldo Fraga ou quem é Herchcovitch”, desafia.
Na entrevista a seguir, Nakao, o “agente transformador”, alfineta a falta de criatividade das grifes nacionais, as faculdades de moda, as lojas de shopping centers e fala sobre uma possível retomada de sua marca. Confira entrevista com o estilista no site Globo.com.
‘Em termos culturais somos reféns das tendências internacionais, ficamos a espera dos movimentos que vem de fora. É uma relação de comensalismo, vivemos de restos’
‘Não existe um ateliê ou laboratório criativo para experimentação. É um trabalho medíocre, de reprodução e adaptação. A moda brasileira é uma sombra sem corpo com raras exceções’
Matéria do site Globo.com.
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