A Música e o Movimento Hippie: a Segunda Dentição do Rock – Tribos Urbanas

Foto: Foros Web

O movimento da juventude nasceu na Califórnia, na América do Norte em 1966. Hip significa zombar e melancolia. Pacifista, pregava a filosofia do amor (filósofo significa amigo do saber). Jovens estudantes reuniram-se para expor ao ridículo a guerra do Vietnã – foi um ato de zombaria que revelou o desencantamento de uma juventude sem ideal.

O traje desse movimento era composto de calças jeans, pantalonas com boca de sino e, no lugar de camisas e blusas, ambos os sexos usavam batas indianas como apego às culturas distantes deste mundo massificado e corrompido pela guerra e pela sociedade de consumo. A estética hippie é também conhecida pela flor e amor.

A característica básica dessa moda foi o uso da cor. Introduziu o estilo unissex e o gosto pelo colorido estava associado à cultura psicodélica. As roupas eram, em geral estampadas, faziam alusão aos símbolos do movimento “paz e amor”, além de flores e motivos orientais.

Moços e moças usavam cabelos longos repartidos ao meio com ar angelical. Os sapatos e bolsas portavam um aspecto artesanal, próprio de culturas não industrializadas. Houve uma grande valorização dos adornos de origem folclórica.

Na música os anos 60 viveram o que se chamou de segunda dentição do rock. Nascido nos anos 50, revolucionou o mundo por meio dos fulgurantes cometas de Bill Haley, da guitarra dançante de Chuck Berry, do eletrizante piano de Jerry Lee Lewis, da sensualidade rebolante de Elvis e dos gritos de Little Richard.

Não foi um retorno homogêneo. Alguns artistas defendiam um resgate da música country como raiz da identidade nacional – até mesmo a chamada música psicodélica evoca essa identidade.

Bob Dylan lançou seu álbum de estreia em 62, pouco antes da explosão do movimento hippie. Surgiu num momento em que interessava aos jovens recuperar as raízes da cultura popular norte-americana, marcada pela tradição de crítica política, tão frequente na música country daquele país. O gênero caipira ganhou uma nova roupagem, que contava com a presença de elementos do rock. Nascia o folk, e Dylan, ao lado de Joan Baez, passavam a ser os porta-vozes da geração de jovens politizados da nova esquerda com a música de protesto americana.

Imagem via blog Itubaina Radio Retro

No mesmo ano de 1962, a cultura jovem viu nascer um novo fenômeno: The Beatles, quatro garotos de Liverpool, cidade operária inglesa. O grupo contagiou o mundo apresentando uma música alegre, dançante e politicamente descomprometida. Seu objetivo era ganhar o mercado fonográfico realizando shows pelo mundo e vendendo muitos discos. Os Beatles foram considerados  o maior produto daquela cultura de massa e da sociedade de consumo da época. John Lennon, seu principal componente, afirmava em 1966 que eram mais populares que Jesus Cristo.  Eles foram, inclusive, condecorados pela rainha inglesa.

Cansados da sociedade de consumo e da sua superficialidade, em 67 os Beatles abraçaram as manifestações religiosas do oriente como a meditação transcendental, moda da época. É deste momento histórico o álbum SGT Pepper’s, um marco por seus experimentalismos eletrônicos e efeitos lisérgicos. Do mesmo ano, e seguindo o mesmo tom, é o filme Magical Mystery Tour. Os bons garotos de Liverpool abandonam o dandismo dos terninhos pretos e cabelos aparados, adotam a tresloucada imagem dos hippies, vindo a encarnar tudo o que a modernidade projetou na figura do artista. Foram, ao mesmo tempo entertainers e artistas sérios, diluidores e vanguardistas, artigos de consumo e antena da raça.

The Beatles – Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band

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Pouco depois, a Inglaterra brinda o mundo com uma banda agressiva, provocadora, que nada tinha da aura dos bons moços: os Rolling Stones. A fúria jovem parecia ter encontrado, enfim, uma música capaz de traduzi-la. Se os anjos faziam um som mais ligado ao rock, ao universo da música branca, os demônios partiam dos elementos da música negra, como o blues. Se de um lado assistia-se ao equilíbrio e ao comedimento, de outro se presenciava o destempero e a explosão. O primeiro disco da banda parecia brotar do inferno em 1964. Julgados e condenados por uso de drogas, o conjunto era constante fonte de escândalos.

Nesta fase nasce a terceira dentição do rock, conhecida como rock progressivo resultado do acréscimo do som psicodélico. Os anos 60, além de terem sido o berço das revoluções musicais inauguradas por Dylan, Beatles e Stones, celebrizaram uma nova forma de show. Os grandes festivais como palco deste novo som e de execução do trinômio da década: muito sexo, drogas e rock and roll.

O primeiro, em 1967, foi o Monterey Pop Festival, onde se apresentaram Janis Joplin, Jimi Hendrix e a banda The Doors. Em 69 foi a vez do histórico Woodstock, símbolo maior dos festivais e emblema da época numa fazenda próxima de Nova Iorque com aproximadamente 500 mil espectadores apresentando Santana, The Who, Joe Cocker e Hendrix, que deixou para a história o solo de guitarra. Durante a execução do hino nacional americano, ouvia-se efeitos de bombas caindo em referência crítica aos jovens que morriam na Guerra do Vietnã.

Janis Joplin. Foto: Discotoca

No mesmo ano os Rolling Stones organizaram o festival de Altamont Festival com a participação de Santana e Grateful Dead. A segurança do show foi entregue aos violentos e beberrões motoqueiros da guangue Hell’s Angels. O saldo final foi de quatro mortos. Agora o clima era de violência. Lennon declara em 1970 para a revista Rollig Stone: The Dream is Over – o sonho acabou.

Acabou juntamente no fim dos anos 60 com um despertar cruel para a dura realidade. A juventude cujos partidários ficaram conhecidos como hippies, nada mais eram que os jovens dos anos 60. Estes viveram os apelos dos meios de comunicação de massa que forjam comportamentos, direcionam gostos e criam valores.

A chamada Pop Art surge desta mitologia do cotidiano: dos anúncios, da fotografia, dos outdoors, da ilustração de revistas e da história em quadrinhos, uma arte com fome de imagem.

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Foto: Cristina Linardi

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Queila Ferraz: Queila Ferraz é historiadora de moda e arte, especialista em processos tecnológicos para confecção e consultora de implantação para modelos industriais para a área de vestuário. Trabalhou como coordenadora Geral do Curso de Design de Moda da UNIP, professora da Universidade Anhembi Morumbi e dos cursos de pós-graduação de Moda do Senac e da Belas Artes.
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