Mulheres Rock and Roll: Zuzu Angel – Parte 2 / 2

Por Fernando Janson

Rock é atitude, é forma de encarar a vida, é coragem e força. Com isso em mente, vou falar sobre duas mulheres que admiro muito e que têm estado na minha cabeça há bastante tempo e, especialmente, nestes últimos dias. A primeira Frida Kahlo.

A segunda é ousada, criativa, inovadora, anti-militarista, talentosa, corajosa, envolvente, charmosa e alegre.

Quem é essa mulher? Essa é Zuleika Angel Jones, conhecida como Zuzu Angel, (Curvelo, 5 de junho de 1921 — Rio de Janeiro, 14 de abril de 1976).

Começou sua carreira como costureira e, mais tarde, tornou-se designer, transformando panos de colchão, fitas de gorgurão, rendas do norte, pedras preciosas, estampados de pássaros e papagaios e babados em saias, chales e vestidos, criando uma moda brasileira capaz de encantar o mundo.

O anjo era a logomarca de sua confecção. Seu princípio era a liberdade. Criava uma moda autêntica a partir das raízes e origens de sua vida e emoções. A natureza brasileira estava presente em suas roupas, estampada com flores, pássaros e borboletas. Fez sucesso com seu estilo em todo o mundo, principalmente nos Estados Unidos.

Nos anos 70, seu filho Stuart, ativista contra o regime militar, foi preso e morto nas dependências do DOI-CODI. A partir daí, Zuzu entrou em uma guerra contra o regime pela recuperação do corpo de seu filho, guerra essa que só terminou em 14 de abril de 1976, quando seu carro foi abalroado na saída do Túnel Dois Irmãos, hoje Túnel Zuzu Angel, e ela teve morte instantânea. A causa do acidente divulgada na época, que Zuzu teria dormido ao volante, foi contestada anos depois.

O corpo de seu filho Stuart nunca foi encontrado, mas sua atitude e a abrangência das denúncias, apesar da férrea censura, desnudavam o que a ditadura tentava esconder, os desaparecidos. O atrevimento, a criatividade, a audácia e até mesmo o bom humor foram as armas que ela usou contra a ditadura.

Dizia sempre: “Eu não tenho coragem, coragem tinha meu filho. Eu tenho legitimidade”. Ela teve, sim, muito peito. Gritava aos quatro ventos, enquanto muitos se fingiam de mudos. Uma semana antes do “acidente”, deixou na casa de Chico Buarque um documento que deveria ser publicado caso algo lhe acontecesse. Ela dizia: “Se eu aparecer morta, por acidente ou outro meio, terá sido obra dos assassinos do meu amado filho”. Sua postura diante da vida, sua força e sua garra inspiraram Chico Buarque a compor a música “Angélica”, onde ele pergunta: “Quem é essa mulher?”

Em 2006, foi lançado o filme Zuzu Angel, dirigido po Sérgio Rezende, com Patricia Pillar encarnando Zuzu.
Duas mulheres de fibra, de garra, de atitude. Duas mulheres Rock and Roll.

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Fontes:

http://www.portalmedico.org.br/include/biblioteca_virtual/belas_artes/cap2.htm

http://www.criticos.com.br/new/artigos/critica_interna.asp?artigo=249

http://www.c7nema.net/site/html/modules.php?name=Sections&op=viewarticle&artid=96

http://www.portalartes.com.br/portal/article_read.asp?id=417

http://laraemara3.blogspot.com/2006/11/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Zuzu_Angel

http://wwws.br.warnerbros.com/zuzuangel/

Por Fernando Janson – Homenagem ao mês das mães-noivas-mulheres.

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