História do zíper: criação, fabricação e curiosidades – Parte 1/3

A História do Zíper está totalmente interligada à moda contemporânea. Conheça a origem e evolução do aviamento ao longo do tempo

A história do zíper acompanhou de perto o avanço da tecnologia industrial e de um novo estilo de vida na passagem do século XIX ao XX. Primeiro tendo sido pensado para tornar calçados, roupas e acessórios mais práticos e resistentes, o mecanismo revolucionou o mercado da moda.

A seguir, conheça a origem e evolução do zíper ao longo do tempo.

 

 

Demonstração de um Zíper se fechando (Wikipédia).

 

 

Quando surgiu o Zíper?

 

 

Idealizadores do zíper: Whitcomb L. Judson e o Gideon Sundback.

 

 

O primeiro a receber uma patente para um artigo de “Fechamento Automático e Contínuo de Roupas” foi o americano Elias Howe, em 1851. Entretanto, o inventor não se ocupou de comercializar o mecanismo mas sim se concentrou em trabalhar a sua outra criação, a máquina de costura com ponto fixo.

Posteriormente, em 1891, o americano Witcom Jadson criou o chamado “Clasp Locker” (fecho de correr). Sendo o precursor do zíper, o inventor mostrou o mecanismo ao público em 1893 na Exposição Colombiana de Chicago. Logo depois, o advogado Louis Walker solicitou a que seu criador construísse uma máquina que pudesse produzir a peça de maneira industrial.

 

Desenho ilustrativo do zíper para calçados de Whitcomb Judson, de 1893. Crédito: United States Patent Office. Fonte: Wikimedia commons

 

 

Assim, não demorou para que surgisse a primeira fábrica de fechos de correr, a Universal Fastern Company, em 1901.

A princípio, a peça se incorporou à fabricação de malas, portas-níquel e portas-fumo. Entretanto, o nome Zipper, que se popularizou nos Estados Unidos (no Reino Unido zip ou zip-fastener), surgiu apenas com a B. F. Goodrich Company em 1923. Desde então, o termo pegou de vez, e se tornou a principal referência a esse tipo de fecho no mundo.

 

 

O zíper: dos calçados às roupas

 

 

Publicidade anos 20. Fonte: tetecafecostura.com

 

 

Assim, a história do zíper surgiu com a peça sendo uma opção para substituir os cadarços dos sapatos. Contudo, o artigo logo se tornou um elemento inovador e lançador de moda. Afinal, ele passou a ajustar as cinturas no lugar e invadiu os salões do prêt-à-porter.

Acima de tudo, o zíper, que em português também é conhecido como fecho-éclair, se tornou um elemento indissociável de um dos modelos mais populares da moda contemporânea: o jeans.

 

 

 

 

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A história do zíper na moda

 

 

Publicidade dos primeiros modelos de zíper. Fonte: tetecafecostura.com

 

 

A primeira incorporação deste utilitário na indústria do vestuário se deu durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Desde então, os uniformes dos soldados norte americanos passaram a ser confeccionados com zíper nas calças.

Contudo, o zíper entrou de vez para o mundo da moda em 1935. A grande responsável por esse feito foi a estilista Elsa Schiaparelli. Nesse altura, a estilista de alta-costura então anunciou publicamente que criaria os seus trajes com este prático fecho.

 

Fonte: Denise Brain

 

Seja como for, o grande avanço no emprego do zíper veio durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Nesse meio tempo, o mecanismo passou a ser incluído em sacos de dormir, uniformes, malas e sacos para transporte de cadáveres enquanto durasse o conflito.

Até então, tanto o vestuário masculino como o feminino utilizavam quase que exclusivamente botões e colchetes. Assim, o zíper não apenas trouxe muito mais praticidade, como também um ar de modernidade que poucas peças foram capaz de transmitir.

 

 

  • Logo depois, veja também a História do Botão: a evolução da peça de joia à aviamento popular.

 

 

A indústria de massa

 

 

Corset inglês de cetim com um zíper na lateral, de 1942-1949. Fonte: Victoria & Albert Museum

 

 

A história do zíper produzido em massa dentro da indústria da moda começou com a cadeia de lojas norte americana Sears. Então na década de 40, a marca inovou o mercado lançando saias justas com este tipo de fechamento na lateral.

Outro grande avanço aconteceu com o surgimento dos maiôs drapeados e mais justos. Afinal, tendo em consideração as técnicas e materiais existentes, o zíper se mostrava ser o melhor aviamento disponível.

Seja como for, à essa altura eles já eram tecnologicamente mais sofisticados. Por exemplo, a peça passou a poder levar os dentes coloridos, o que resultava em um aspecto mais discreto e que se ajustava às cores dos tecidos.

Além disso, já nessa época as peças surgiam tanto em metal como em plástico.

 

 

O zíper e a moda de luxo

 

 

Traje punk de Vivienne Westwood e Malcolm McLaren, de 1976. Fonte: Victoria & Albert Museum

 

 

Contudo, foi na década de 70 que o zíper finalmente triunfou no setor do vestuário. De maneira inovadora, este sucesso decorreu do contato com a alta-costura. Entre designers e estilistas famosos, Courréges é considerado um dos nomes mais marcantes na trajetória deste fecho.

Acima de tudo, foi ele o primeiro a explorar o zíper como adorno em suas coleções. Neste mesmo período, a necessidade de renovar a moda a um público jovem que cada vez mais consumia fez com que a peça se tornasse muito apelativa. Assim, o mecanismo começou a cada vez mais se destacar em roupas feitas a partir de materiais sintéticos e em cores vibrantes.

Entre marcas famosas, a moda plástica e geométrica esteve presente, por exemplo, nas criações de Pierre Cardin, Rabanne e Mary Quant. Além disso, o utilitário também passou a estar nas roupas de distintos grupos, dos Hippies aos Astronautas.

Desde então, o zíper está presente na maioria dos produtos confeccionados, tanto aqueles da moda como outros mais utilitários.

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Collana Zip de Van Cleef & Arpels, de 1951. Fonte: gioiellis.com

 

 

Um acessório versátil

 

 

Em resumo, desde o início da história do zíper que a peça tem acompanhado a sazonalidade da moda. Dessa maneira, algumas vezes ele serve apenas como fecho, em outras como fecho e adorno, ou mesmo simplesmente como decoração sem nenhum fim prático.

Como tal, é natural que o alcance de mercado dessa peça tenha crescido muito nas últimas décadas.

No Brasil, o maior fabricante de zíper é a indústria YKK – Yoshida Brasileira Indústria e Comércio. Com sede no Japão, a empresa atua em mais de 40 países do mundo. Além dela, outros grandes fabricantes do produto são a Linhas Correntes e a Metalúrgica Ultra.

O consumo no mercado nacional está assim dividido:

– 70% destinado ao fechamento de calças;

– 20% para uso em artefatos de couro e similares;

– 10% para detalhes de roupas e calçados.

 

 

Qual o processo de fabricação do zíper?

 

 

Instruções do catálogo da YKK. Fonte: ykk.com.br

 

 

O processo de fabricação industrial do zíper compreende diferentes etapas:

– Primeiramente, os fabricantes escolhem cursores e puxadores feitos de ligas de zinco e cobre, ferro, aço inoxidável ou material plástico de nylon ou poliéster.

– Em seguida, esse material recebe uma pintura em esmalte ou galvanização e polimento final.

– O próximo passo é tecer o cadarço que pode ser em algodão ou poliéster.

– Estando pronto o cadarço, são colocados os ganchos por onde irá correr o puxador. Este puxador pode ser livre, com trava automática, ou mesmo com dupla face, que o permite ser usado dos dois lados da peça.

 

 

O estilo de zíper

 

 

Diferentes modelos de zíper da YKK. Fonte: ykk.com.br

 

 

O zíper contemporâneo é o resultado de um conjunto de equipamentos modernos com matérias-primas mais resistentes. Para tanto, ele pode ser feito a partir de vários materiais, como os metais que compõe seus ganchos, que podem ser dourados, niquelados ou mesmo de plástico.

O seu comprimento varia de 10 cm a 70 cm. Todavia, é possível que o zíper tenha um tamanho superior ou inferior a estas medidas. Afinal, todas as peças se vendem separadamente e o cadarço pode vir em rolo aos metros.

Quanto às cores, os três maiores fabricantes brasileiros oferecem uma cartela de até 100 cores, com todos os tons de cada estação. Além disso, existe no mercado uma grande linha de puxadores, que podem tanto ser achatados, como pequenas bolinhas, argolinhas e muitos outros formatos.

Os ganchos também são fabricados em distintos tipos, ainda que em sua maioria seja feita em prata ou dourado.

 

 

Partes do zíper

 

 

Diferentes cursores de zíper. Fonte: Wikimedia commons

 

 

Resumindo, o zíper é constituído por um cadarço (algodão ou poliéster) e por ganchos (dourados, prateados, metalizados, esmaltados ou plástico colorido), podendo ser de largura média, fina ou grossa.

Os cursores são os carrinhos que deslizam pelos ganchos, e podem ser coloridos ou metalizados. Por fim, sobre os cursores vão os puxadores com ou sem trava. Além disso, o zíper pode ainda ser fixo ou destacável. O zíper destacável é usado em jaquetas que precisam se abrir por completo, e seus ganchos costumam ser de peso médio porque se adaptam melhor ao peso da peça.

O zíper fino é usado para calças, vestidos, saias e blusas feitas em tecido leve. Os médios são para calças, jaquetas e peças que são lavadas. Já os grossos servem como fechos de malas e decoração de peças.

Uma atenção especial deve ser dada ao uso do zíper em modelos feitos jeans e fechos dianteiros de calças. Esses devem ser sempre de tamanho médio e possuir um pino com trava automática – afinal, do contrário com certeza acontecerão acidentes!

 

Leia também:

 

 

Veja mais imagens do Zíper


Catálogo Sears dos anos 40

Na década de 5O, a Lee fez história ao unir o zíper com o jeans quando lançou a calça feminina

*Matéria originalmente publicada em 2008 editada e atualizada

 

Por Queila Ferraz.

Queila Ferraz: Queila Ferraz é historiadora de moda e arte, especialista em processos tecnológicos para confecção e consultora de implantação para modelos industriais para a área de vestuário. Trabalhou como coordenadora Geral do Curso de Design de Moda da UNIP, professora da Universidade Anhembi Morumbi e dos cursos de pós-graduação de Moda do Senac e da Belas Artes.
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