O Zíper na Moda: a peça inovadora que já é centenária – Parte 2/3

Sabia que o Zíper já tem mais de 100 anos? Conheça mais sobre o peso dessa peça na moda do século XX e XXI

Vestido Zíper de Sebastian ErraZuriz. Fonte: sebastian.studio

Sendo um dos acessórios mais populares do mundo atual, o zíper nem parece ser uma invenção centenária. O mecanismo é peça chave em calças, bermudas, jaqueta, saias, vestidos, bolsas, calçados, malas, além de muitos outros produtos.

Em seguida, conheça a evolução do zíper na moda, e veja como ele se consagrou como um dos itens mais usados no mundo.

 

 

Como o zíper surgiu na Moda?

 

 

Patente do primeiro zíper de Whitcomb Judson, de 1893. Crédito: United States Patent Office. Fonte: Wikimedia commons

 

 

Com os requintes do design moderno e da tecnologia mais avançada, hoje em dia o zíper pode chegar a ser um dos principais elementos nos artigos de moda. Contudo, a realidade não foi sempre assim. O mecanismo foi idealizado pelo americano Whitcomb Judson em 1891 com o propósito de facilitar a amarração dos cordões dos sapatos.

Apesar da sua patente ter sido aprovada em 1993, demorou várias décadas para que o produto fizesse sucesso. Entretanto, ainda que a princípio tivesse sido criado para a confecção de sapatos, foi a indústria do vestuário que melhor se serviu dele.

 

 

Fragmento de publicidade de sapatos com zíper dos anos 20. Fonte: tetecafecostura.com

 

 

Após ter caído no gosto de estilistas de renome mundial, o zíper ganhou cada vez mais espaço no mercado. Afinal, grandes nomes da alta-costura o adotaram e destacaram em várias de suas criações.

Entre eles, por exemplo, estavam a pioneira Elsa Schiaparelli, Pierre Cardin, Yves Saint-Laurent, Mary Quant e Courrêges. Contudo, segundo a historiadora Sereflisa do Amaral, Courrêges foi o nome que mais marcou essa trajetória de sucesso. Acima de tudo, ele foi pioneiro ao aplicar o zíper como adorno em algumas de suas peças dos anos 70.

Desde então, o adereço flutuou entre a sua função prática e o seu uso como elemento decorativo jovem e ousado.

 

 

Botas femininas com zíper da Dolce and Gabbana, coleção primavera-verão de 2001. Fonte: Victoria & Albert museum

 

 

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O zíper na moda jovem e ousada

 

 

Marilyn Monroe em cena do filme “The Misfits”, em 1961. Fonte: classiq.me

 

 

Foi ainda nos anos 70 que o zíper entrou de vez na moda jovem. Antes de mais nada, ele começou a aparecer em roupas inusitadas, de proporções enormes, feitas em materiais plásticos e cores vibrantes.

Nesse meio tempo, o mecanismo ganhou destaque desde os hippies às conquistas espaciais, ao ser o fecho adotado nos macacões dos astronautas. Além disso, ele também se fundiu de maneira definitiva ao jeans, um dos maiores best-seller da moda do século XX.

Em outras palavras, esse fecho inovador casou com as novas demandas do mercado: um público mais jovem e informal, que queria muita atitude e praticidade. O mercado, claro, se adaptou aos novos tempos.

 

 

 

 

A sazonalidade na moda

 

 

Segundo há anos ressaltou Carlos Roberto Fiere, assessor de marketing da Yoshida Brasileira Indústria e Comércio (YKK), “Hoje, os estilistas lançam mão de tudo que tem disponível em termos de tecnologia, aviamentos e componentes em geral, incluindo as variações do zíper”.  Com sede no Japão, a empresa atua em mais de 40 países e é um dos principais nomes do comércio de zíper no Brasil.

Ricardo Wagner Ribeiro Suares, gerente de marketing da Divisão Zíper da Metalúrgica Brasileira Ultra, concordou que o zíper já saiu da sombra há um bom tempo. Acima de tudo, Suares defende que “Ele é atualmente um complemento de moda”.

Contudo, como tudo no meio fashion, Ricardo também lembra que a presença da peça como adorno é muito sazonal. Em outras palavras, há épocas em que o zíper aparece na moda com total destaque, bem como outras em que serve apenas como fecho discreto.

 

 

Calça jeans com zíper. Crédito: Pixabay. Fonte: Pexels

 

 

O zíper na confecção

 

 

O gerente da Ultra calcula que 70% do mercado da moda destina o zíper na confecção comum de calças. Desse modo, apenas por volta de 15% a 20% da produção se destina à confecção de malas, bolsas, mochilas, estojos, pochetes e outros artefatos. Assim, somente o restante corresponde às peças que compõem roupas e calçados como ornamento.

Seja como for, hoje o zíper está em alta. Ou seja, ele tem aparecido com frequência como enfeite de peças consagradas nas passarelas de desfiles tanto nacionais como internacionais.

Há pouco mais de uma década, a então gerente de produto da Linhas Correntes, Marisa Persevalli Gonçalves, disse que o zíper tinha uma grande procura: “Os de plástico, por exemplo, estão em maiôs, jaquetas estilo esquiador e até em roupões”.

O certo é que o item pode ser encontrado em uma variedade muito grande de produtos, e em estios cada vez mais inusitados!

 

 

Jaqueta com zíper em estilo Cyberpunk desenhada para o filme Kika, de Almodóvar, por Jean Paul Gaultier, em 1994. Fonte: Victoria & Albert Museum

 

 

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A moda do zíper: beleza e qualidade

 

 

Seja como for, o zíper tem passado por constantes aperfeiçoamentos para garantir a sua posição no mercado da moda. “Acompanhamos com criatividade as tendências para estarmos aptos a aparecer também”, avaliou Carlos Fiere, da YKK.

Desse modo, o zíper atual é fruto de um conjunto de fatores. Ou seja, além de equipamentos modernos, ele também traz matérias-primas melhores e mais variadas. Dentre elas, por exemplo, metais dourados e niquelados, plásticos resistentes e coloridos e outros tecidos sintéticos inovadores.

Acima de tudo, sendo uma peça imprescindível da moda, o seu design é sempre atualizado.

 

 

Modelos do catálogo da YKK. Fonte: ykk.com.br

 

 

Ou seja, os fabricantes de zíper também estão atentos às tendências do mundo fashion. Por exemplo, às cores das estações, que volta e meia resultam em novos tons em suas cartelas.

A YKK, por exemplo, costuma reunir 56 cores diferentes e recicláveis, que respondem às mudanças da moda. Por sua vez, a Metalúrgica Ultra oferece cerca de 40 tonalidades. Já a Linhas Correntes chega a preparar uma gama de 100 opções.

 

 

Tecnologia e inovação

 

 

Antes de mais nada, a tecnologia deu ao zíper uma maior qualidade, resistência e durabilidade. “São mudanças que não se referem ao visual do produto, mas tem uma grande importância para o consumidor”, analisa Marisa. “Atualmente, oferecem maior segurança para o usuário”, acrescenta Fiere.

Além disso, a indústria sempre lança no mercado versões de zíper com novos puxadores ou pingentes. Com desenhos arrojados, surgem argolas, bolinhas e muitos outros formatos que dão um toque distinto ao produto.

Mais do que isso, o zíper pode trazer com ele o nome de uma grife. É que os fabricantes chegam inclusive a imprimir no cursor o logo da marca quando assim pedido pelo cliente.

O objetivo com tantas opções é, acima de tudo, manter a função do zíper como fecho prático, mas também como elemento sempre “in” na moda.

 

 

Por Queila Ferraz.

 

 

Em seguida, que tal ver o resto da série sobre o zíper?

 

 

*Matéria originalmente publicada em 2008.

Em ouro branco e diamantes, a Van Cleef & Arpels criou uma joia inspirada no zíper. Aberto é um colar, fechado uma pulseira. 

 


Courréges /Pierre Cardin

 

 

 

 

 

Obra de Salvador Dalí

 

 

 

 

Queila Ferraz: Queila Ferraz é historiadora de moda e arte, especialista em processos tecnológicos para confecção e consultora de implantação para modelos industriais para a área de vestuário. Trabalhou como coordenadora Geral do Curso de Design de Moda da UNIP, professora da Universidade Anhembi Morumbi e dos cursos de pós-graduação de Moda do Senac e da Belas Artes.

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