Alcinda Saphira: artista e galerista brasileira tem trajetória de sucesso internacional

Marcada por muita luta e sonhos realizados, a história de Alcinda Saphira inspira artistas do mundo todo. Entenda como ela atingiu o sucesso internacional!

Alcinda Saphira ao lado de duas de suas obras. Fonte: Acervo pessoal

Alcinda Saphira construiu uma carreira sólida na televisão educativa do Nordeste do Brasil. No entanto, foi nos Estados Unidos que se encontrou como artista plástica. Lá, ela realizou o sonho do reconhecimento internacional. Além disso, abriu a própria galeria para ajudar outros profissionais em sua trajetória, a Saphira & Ventura Gallery.

Durante a pandemia causada pela COVID-19, foi capaz de reinventar o seu negócio com lives e exposições virtuais. E já vamos adiantar um spoiler: incentivada pela superstar Glória Kins, Alcinda voltou a pintar e planeja compartilhar suas obras com o mundo. Continue lendo a entrevista exclusiva que ela concedeu ao Fashion Bubbles!

 

 

A missão de Alcinda Saphira

 

 

“Que saudosismo! A sensação é a mesma de arrumar uma gaveta, ver o passado fragmentado em cor, doces e belas lembranças…” Foi assim que Alcinda respondeu quando, logo após a entrevista, pedimos que separasse imagens de suas obras mais marcantes.

De acordo com a artista plástica e galerista, divulgar o seu trabalho dessa forma é uma maneira de incentivar outros profissionais. “Esta é a minha missão. Compartilhar experiências, orientar, trocar conhecimentos e mostrar como o mercado de arte funciona. Quero esclarecer a importância de ser um artista, pois são considerados extraordinários da mesma forma que um cientista”, afirma.

Para Alcinda, não há nada mais importante para um artista do que se reconhecer como um profissional que deve ser respeitado. Assim, é possível ver a profissão como um negócio. “Este processo exige conhecimento, planejamento, organização, estratégias e marketing. Além disso, é necessário saber como administrar a produção, fazer a entrega em lugares lugares pontuais de relevância. Nada pode ser feito aleatoriamente”, explica.

Ela ressalta também que é preciso reservar tempo não só para criar, como também para aperfeiçoar e acompanhar o que o mercado exige. “O processo é longo e exige persistência, coragem e determinação”, enumera. E a própria carreira da artista plástica é marcada por esses valores. Confira, em seguida, mais sobre a trajetória de Alcinda Saphira.

 

 

Fonte: Acervo pessoal

 

 

 

 

Os primeiros passos de Alcinda Saphira

 

 

Qual sua origem de vida? Onde e quando nasceu aqui no Brasil? Fale um pouco sobre sua infância e as influências que a levaram a buscar a arte.

 

 

Alcinda Saphira: “Eu nasci em Belém do Pará, em 1958. Sou descendente de libaneses, índios e portugueses. Esse interesse por arte despertou cedo em mim. Isso porque meu avô era compositor e tinha uma banda de jazz. Além disso, eu tenho um tio que tem obras em um museu em Brasília. Minha mãe também é altamente criativa. Ela tem uma veia mais para o lado da Moda, então costurava super bem e fazia roupas de alta costura. Ou seja, desde menina isso me estimulou a viver no mundo da arte.

Toda criança tem um livro que marca a infância e, por incrível que pareça, o meu foi um que pertenceu ao meu pai, que era engenheiro, e era um livro de Casa e Jardim. Eu ficava fascinada pela decoração e pelas obras que eu via ali. Enfim, tudo isso me encantava. Foi uma coisa natural.

Nasci em Belém, mas, com 7 anos, fui para Salvador. Na Bahia, foi a minha primeira experiência diretamente com uma outra cultura. E, em Salvador, que tem uma influência afro forte, você respira arte. Ficamos cerca de dois anos lá e voltamos para o Pará.

Minha infância foi muito tranquila, desde cedo estimulada não só pelo mundo da arte, mas também muito exposta à natureza. Afinal, vivia em uma região com muito verde. Tive contato com tudo que acho bom e saudável para o crescimento do ser humano. Por isso, só tenho memórias ótimas dessa época.”

 

 

Fonte: Acervo pessoal

 

 

Comente sobre sua formação em Belas Artes na Bahia e as primeiras experiências como artista.

 

 

Alcinda Saphira: “Com 18 anos, eu já estava bem determinada com aquilo que eu gostaria de fazer: ser artista. Então, fui para Salvador para fazer Belas Artes. A partir daí, comecei a trabalhar e tomei uma outra direção. Porque, na época, não era fácil fazer arte. Você gradua, mas não sabe exatamente o que fazer como profissional de cavalete.

Se hoje os artistas já sentem essa dificuldade, na década de 1980, então, era um pouco mais complicado. Por isso, eu comecei a trabalhar na TV Educativa da Bahia. Foi uma experiência legal porque eu tive a oportunidade de conhecer o universo educativo, muito diferente das artes plásticas.

Dediquei-me e fui transferida para a TV Cultura do Pará. Tive a chance de voltar para a minha cidade, de beber água na fonte. Sempre fui encantada pela Amazônia e isso é algo muito forte no meu comprometimento como artista. Estava bem ligado à questão da sobrevivência da floresta, um problema que já existia na época e me incomodava.

Tive a chance de trabalhar com alguns nativos em cidades pequenas no entorno de Belém. Foi quando eu comecei a desenvolver um trabalho com cerâmica, fazendo esculturas. Era uma espécie de intercâmbio cultural, de uma forma bem orgânica. Eu passava o dia com eles, passando o que eu aprendi na Academia.

Minha intenção sempre foi conhecer o meu país e, principalmente, a minha cultura e a minha origem. Por isso, dediquei alguns anos da minha vida estudando, pesquisando e me envolvendo com a população local. Foi o que me impulsionou a colocar como meta a exploração da minha carreira como artista. Deixei meu emprego e fui para Nova York a fim de me dedicar à minha arte.”

 

 

Pinturas corporais feitas pela artista plástica em 2008, durante exposição no Central Park. Fonte: Acervo pessoal

 

 

A trajetória de Alcinda Saphira nos EUA

 

 

Quando e como foi a decisão de ir para os Estados Unidos para se tornar uma artista?

 

 

Alcinda Saphira: “Nova York, para mim, foi um norte, um divisor de águas. Tudo o que eu não tinha conseguido, tudo o que foi muito difícil alcançar no Brasil, em relação à minha carreira como artista, eu resolvi investir aqui. Foi muito bom, porque ao chegar em um lugar desconhecido, você sabe que tem que se reinventar, criar maneiras de viver. Você não pode se acomodar nunca. Isso vem lá das minhas raízes, dos meus avós e bisavós como imigrantes.

Então, eu tinha essa inquietação. E assim eu cheguei em Nova York. Hoje vivo aqui há 25 anos. Antes disso, eu passei um período de 2 anos me preparando. Vim de licença da TV Cultura e comecei a pesquisar se este era, realmente, o local em que eu queria ficar. E Nova York é um desafio. O que você quiser ser, eu acho que é possível, aqui nesta cidade.

Eu tenho um amor enorme, porque foi a cidade que me abraçou. Foi onde eu me encontrei como artista e foi onde eu encontrei reconhecimento. Não foi nada fácil. Foi muito trabalho durante todo esse período e até hoje. Porque Nova York te entrega o que você quer, mas você também precisa dar boa parte de você para que as coisas aconteçam. Essa disciplina, essa vontade e esse querer foram muito importantes para mim.”

 

 

Alcinda trabalhou com mixed media, usando argila, sementes e folhas da Amazônia em seus quadros. Fonte: Acervo pessoal

 

 

Você foi para os EUA por motivos pessoais, familiares ou financeiros?

 

 

Alcinda Saphira: “O que foi mais relevante foi a questão de me encontrar como artista. Eu gosto muito da cultura americana e ser respeitada como artista me estimulou a ficar. No Brasil, às vezes, o artista é uma figura marginalizada. Aqui, nos Estados Unidos, esse profissional recebe mais respeito. Aliás, até para conseguir um visto, o artista está no mesmo patamar que o cientista.

E a minha família me ofereceu apoio para vir para cá, principalmente da minha mãe. Eu tenho uma filha e, em um primeiro momento, vim só. Ela veio morar comigo seis meses depois. Então, vim em busca de educação para ela também. No Brasil, ela estudava em uma escola boa e tínhamos uma vida tranquila. Mas eu gostaria de oferecer um pouco mais e achava que ela tinha que explorar o mundo.

Por isso mesmo, a cidade escolhida para que eu vivesse durante muitos anos foi Hastings-on-Hudson, na região de Westchester. Porque lá tem uma escola muito boa, referência aqui nos Estados Unidos. Sabia que lá estaríamos protegidas, pois é uma cidade organizada.”

 

 

Obra que compõe a série “Raízes”. Fonte: Acervo pessoal

 

 

O que te estimulou a ficar nos Estados Unidos?

 

 

Alcinda Saphira: “Nessa época, algo que foi bem marcante foi participar de um concurso entre os cinco continentes. Quem estava promovendo este concurso era a UBE, a União Brasileira nos Escritores. Eu inscrevi o meu trabalho sem saber se continuava nos Estados Unidos ou se voltava para o Brasil. Estava na dúvida. Então, eu ganhei uma medalha de ouro e foi a resposta decisiva com relação a me estabelecer aqui em Nova York.

Porque concursos são muito importantes na carreira de um artista. Antes de mais nada, ele alimenta a alma. Muitas vezes, você é criativo, produz obras, mas não sabe em que momento pode ser considerado um artista profissional. Quando deixa de ser um hobby, não é mais você fazendo para amigos? Para mim, foi superimportante saber que, em meio a tantos talentos, fui escolhida.

Logo depois, as portas se abriram. Porque os jurados do concurso eram críticos do Museu Guggenheim e isso foi muito bom para o meu portfólio. Aí eu comecei a procurar outras galerias e tive a oportunidade de participar de mostras com americanos. Abri o meu primeiro estúdio, em Irvington, e lá conheci uma outra cultura, bem diferente.

Hastings é uma cidade que fomenta a arte de uma forma bem humanizada. Você não imagina o benefício que era dado para os artistas naquela época! Então, eu vivi em uma cidade que tinha 100 artistas entre os 7 mil habitantes. Fica na margem do Rio Hudson e, na verdade, é um subúrbio de Nova York. Uma região muito bonita, onde fui bem acolhida e em que morei por cerca de 15 anos.”

 

 

“Brasil Face a Face”, obra pela qual Alcinda recebeu seu primeiro prêmio internacional. Fonte: Acervo pessoal

 

 

Quais suas maiores inspirações, atitudes, seu propósito e valores que a mantiveram no caminho?

 

 

Alcinda Saphira: “Eu tinha que ganhar dinheiro de alguma forma. Então, eu comecei a ter contato com as pessoas da comunidade e o meu estúdio funcionava como escola de arte para crianças. Afinal, por causa da questão do inglês, me sentia mais confortável trabalhando com elas. A partir daí, os pais passaram a ser admiradores da minha arte e a comprar minhas obras.

Comecei a ter exposições tanto em Manhattan quanto em Westchester. E ali eu tive os meus primeiros colecionadores, que até hoje acompanham minha carreira. Por isso, eu sou muito grata.

Os concursos continuaram e chegou um momento em que decidi voltar um pouco para a minha cultura brasileira. Uma das exposições de que participei foi promovida pela Brazilian Endowment for the Arts. Aconteceu na Mercedes Benz e foi um sucesso. Foi uma continuidade do resultado do concurso. Havia apoio do consulado e foi um período muito bom para mim.

Ao mesmo tempo, comecei a fazer exposições em galerias, em Chelsea e em Tribeca. A coisa cresceu aos poucos, mas eu continuei com as minhas aulas. Foi ótimo poder compartilhar o que eu aprendi e a minha cultura brasileira com essas crianças americanas.

Logo após, fui convidada para trabalhar na Trinity School através de Adriana, uma cantora brasileira que me indicou esta fundação. Com outros dois artistas do Brasil, comecei a dar aulas de arte nas escolas públicas. Era uma fotógrafa, a Renata Ferraz, e um músico, Nanny Assis. Nada melhor do que compartilhar conhecimento.”

 

 

Fonte: Acervo pessoal

 

 

O reconhecimento internacional de Alcinda Saphira

 

 

Como foi alcançar o sucesso como artista nos Estados Unidos?

 

 

Alcinda Saphira: “Comecei na Brazilian Endowment for the Arts como artista. Depois, trabalhei fazendo a curadoria das exposições e, enfim, assumi a posição de diretora de arte. Ali, foi outra fase muito boa. Tive como professor o Domicio Coutinho, que foi um grande incentivador. Então, promovíamos diferentes eventos de arte e simpósios em galerias, na nossa sede e na New York Film Academy. Ao mesmo tempo, tinha as minhas produções independentes.

Fiquei lá alguns anos. Em um seminário que aconteceu na Columbia University, que eu estava produzindo, conheci o Louis Ventura, que tinha acabado de terminar o doutorado. Foi a partir daí que desenvolvemos uma amizade e conhecemos um o trabalho do outro.

Ele viu que, naquele momento, eu precisava de um direcionamento comercial. Ou seja, eu tinha um lado criativo, mas não sabia exatamente de que forma agir como empresária. Ele via um potencial muito grande a ser explorado, não só como artista, mas também como empreendedora.

Nessa nova fase, saí da minha zona de conforto. Não tinha mais um salário fixo e um trabalho muito determinado. Parti com as minhas aulas e a promoção de eventos. Trabalhava com outros artistas com os quais já estava entrosada. Não só com a comunidade artística americana, como também a brasileira e a hispânica.

Eu passei a promover eventos maravilhosos nas Nações Unidas, em Chelsea e Tribeca. Até então, eu tinha uma galeria privada, que funcionava no meu estúdio. Além das aulas, eu expunha os meus trabalhos e, às vezes, convidava outros artistas para compartilhar meu espaço.”

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“Desde o início, meu trabalho foi marcado pela Amazônia”, afirma Alcinda. Fonte: Acervo pessoal

 

 

Quais foram as obras, prêmios, destaques e reconhecimentos que marcaram esse sucesso?

 

 

Alcinda Saphira: “Realmente foi esse primeiro concurso internacional. Eu ganhei com a obra “Brasil Face a Face” e foi um grande marco. Depois, eu também participei de outros eventos, como expor meu trabalho na Time Square, naqueles outdoors. Para mim, foi uma alegria enorme estar entre tantos artistas do mundo todo.

Além disso, participei de um evento promovido pela Chashama, uma organização renomada aqui de Nova York. Entrei também em outros concursos. Em um período em que uma cidade estava sendo revitalizada, estavam escolhendo murais. Era algo que eu nunca tinha feito, mas acabei sendo classificada.

Então, fui abençoada por participar desses desafios. Eu nunca tive medo, essa palavra não faz parte da minha vida. Acho que é isso que me impulsiona. Eu não só sonho, mas também coloco meu sonho como meta, sabendo que terei que me dedicar de corpo e alma. Desde que deixei o Brasil, passei a viver em função da minha arte e da educação da minha filha. Foi um recomeço como mulher e como mãe.”

 

 

Fonte: Acervo pessoal

 

 

O que o sucesso trouxe para sua vida, nas áreas mais importantes para você? Quem passou, esteve e continua com você nessa jornada?

 

 

Alcinda Saphira: “Um mundo criativo é o que me nutre. Mesmo nesse meu processo como empreendedora, me dedicando mais à parte dos negócios, a minha inspiração maior sempre foi a arte. Meu foco durante a carreira foi a Amazônia e, em segundo lugar, o Rio Hudson. Continuei muito perseverante com relação ao que eu queria e às minhas escolhas.

Foi ótimo também ter o Ventura como parceiro. Ele me ajudou muito e, até hoje, caminhamos juntos. Estamos numa batalha e dividimos os mesmos sonhos. Trabalhamos com alegria, porque fazemos o que gostamos. Acreditamos que o artista precisa levar a carreira muito a sério, não só por hobby. É necessário ter determinação, paciência, disciplina e um plano de trabalho organizado para seguir adiante.”

 

 

Fonte: Acervo pessoal

 

 

Quais os desafios e objeções que precisou superar até se tornar reconhecida internacionalmente?

 

 

Alcinda Saphira: “A primeira barreira a ser superada é a do idioma. Saber a língua permite que você se comunique e consiga se apresentar. Também é importante saber com quem se está trabalhando e o que você quer para a sua carreira. É muito bom quando você tem uma referência, uma galeria capaz de te representar. Assim, é sinal de que o artista será reconhecido, porque é muito difícil se autopromover.

Para mim, essa ligação com Nova York me impulsionou para fazer essa mentoria para outros artistas que também têm esse desejo de ingressar na carreira internacional. Porque, na minha época, eu dei a sorte de encontrar uma galeria que me orientou. Lá, eu aprendi muito sobre o sistema e seus processos.

Outro desafio é a cultura, que é completamente diversa. Até o conceito do trabalho, a paleta de cores. O que você apresenta em Nova York é diferente do que você apresenta em Miami, Chicago ou Los Angeles. E para saber isso, é necessário viver lá ou buscar uma pessoa que te oriente.

Por isso, eu tenho como missão ajudar esses artistas. E é sempre muito bom saber que seu trabalho está dando resultado e servir de referência. Posso dar oportunidades, criar caminhos. Essa é a maior satisfação que veio com meu reconhecimento internacional.”

 

 

Sem dúvida, a obra de Alcinda sempre foi enraizada na cultura brasileira. Fonte: Acervo pessoal

 

 

O quanto os desafios e objeções da sua jornada fortaleceram sua arte e fazem da “mulher Alcinda” uma artista vitoriosa e reconhecida internacionalmente?

 

 

Alcinda Saphira: “O que trouxe para mim foi o reconhecimento como profissional. Ser vista como uma mulher que chegou aqui, batalhou e continua nesta jornada. Alguém que teve a paciência de ir conquistando seu lugar aos poucos, ao longo desses 25 anos.

Agora, por exemplo, estamos vivendo outro desafio, que é a pandemia. Durante este período, não paramos nem um pouco. Estamos realizando um documentário que fala da vida do artista durante a pandemia. Também encontramos nas exposições virtuais uma alternativa aos eventos físicos.

Sem dúvida, isso gerou mais trabalho. Porque exige mais da equipe. Mas são profissionais gabaritados mesmo, o que ajuda a desenvolver qualquer projeto. O trabalho em colaboração tem sido maravilhoso.”

 

 

Alcinda passou a usar tons mais frios inspirada pelo ambiente invernal dos Estados Unidos. Fonte: Acervo pessoal

 

 

Em Nova York, as obras da artista que mais venderam foram as com cores mais sóbrias. Fonte: Acervo pessoal. Fonte: Acervo pessoal

 

 

“Eu continuei mostrando a minha simbologia, só que com outras tonalidades”, explica Alcinda. Fonte: Acervo pessoal

 

 

 

 

O lado empreendedor de Alcinda Saphira

 

 

Quais foram os motivos que a levaram a se tornar empresária, também de sucesso, como galerista nos Estados Unidos? Conte um pouco sobre sua experiência na Saphira & Ventura Gallery.

 

 

Alcinda Saphira: “Eu sempre fui uma pessoa multifacetada. Sinto a necessidade de realizar tudo aquilo que traz bem-estar para a minha vida. Por enquanto, a Alcinda artista está um pouco tímida, pois estou envolvida com a carreira de outros artistas. Faço toda essa assessoria baseada na minha experiência, nas necessidades que eu tive.

Por isso, na Saphira & Ventura Gallery, eu cuido muito desse lado. Estou sempre pesquisando maneiras para melhorar o desenvolvimento de cada artista. Cada um tem uma meta, por isso não existe uma fórmula milagrosa que funcione para todos eles.”

 

 

Quais são os produtos, serviços e eventos da “Plataforma de Negócios de Arte Saphira & Ventura”? Quais as frentes de atuação e os diferenciais que o negócio possui, e que o tornam único?

 

 

Alcinda Saphira: “Hoje nós trabalhamos assessorando artistas, designers, arquitetos. Vendemos projetos para hotéis, empresas públicas e privadas. Também é muito bom poder fazer essa parceria entre profissionais brasileiros e americanos. Faz bem à alma saber que o que estamos fazendo é positivo dos dois lados, tanto para os artistas quanto para a galeria.

Aos poucos, fomos conquistando espaço e realizando eventos em lugares relevantes, fazendo feiras de arte de ponta. Desenvolvemos ainda trabalhos com museus, o que é ótimo. Vamos participar da Bienal de Arquitetura de Veneza, o que é um outro nicho que estamos explorando.

Nossa parceria com o European Cultural Center (ECC) tem trazido ótimos resultados e pretendemos estendê-la. Em 2022, vamos realizar a Bienal da Amazônia. E temos muito mais a fazer!”

 

 

 

 

O que esperar de Alcinda Saphira no futuro

 

 

Nos últimos anos, a faceta “Alcinda businesswoman” foi a mais atuante, apesar de não se desvencilhar da mulher, companheira, mãe e artista. A Alcinda artista tem projetos para retornar e nos agraciar com suas obras?

 

 

Alcinda Saphira: “Como artista, estou me preparando. A minha grande incentivadora é a Glória Kins. Ela tem sido a minha mentora. Porque, a partir do momento em que você trabalha com outros artistas fabulosos, você passa a ser muito crítica e seletiva. O que, às vezes, pode atrapalhar.

Estou, aos poucos, me organizando para poder criar. Tenho começado a praticar e é a Glória que me estimula e que me representa. Afinal, não acredito ser ético que a minha própria galeria me promova. Mas é um projeto que está surgindo agora. Foi durante a pandemia que comecei.

Eu tive a oportunidade de ir para Palm Beach. Meu trabalho foi ‘escondido’, eu nem sabia e tive uma surpresa! O Ventura levou, colocou na moldura e, quando eu cheguei, estava lá. Foi bacana receber o feedback de um crítico famoso. Reativou, nutriu este lado de artista que estava adormecido.

Tenho alguns planos, sim, mas preciso preparar o meu ‘renascimento’. Vai chegar a hora que vou precisar compartilhar. Afinal, a arte não é para ficar guardada. Vai acontecer e vou ter o prazer de dividir com os meus amigos e com as outras pessoas que me incentivaram.”

 

 

A última série de quadros de Alcinda contou com paleta mais sóbria. Fonte: Acervo pessoal

 

 

Quais as dicas e conselhos que você dá para quem se inspira em você como mulher, artista e empresária?

 

 

Alcinda Saphira: “Para quem quer ingressar no mercado internacional, a primeira coisa é saber o que você quer atingir. É importante acertar o local que realmente pode alavancar a sua carreira. Assim, ele continua trabalhando na base dele em um espaço onde for mais conveniente.

Mas também é necessário encontrar alguém que trabalhe por você. Porque é muito difícil ser criador e, ao mesmo tempo, administrar a carreira sozinho. Na S&V, nós somos uma equipe que trabalha para cada artista. Envolve pessoas de marketing, designers, especialistas em SEO, jornalistas, curadores, tradutores… Enfim, é uma empresa trabalhando para o artista.

A carreira exige consistência e um trabalho que se diferencie dos outros. É preciso ficar ligado nas tendências, ver o que é necessário para ser um artista comercial. Por isso, é muito bom ter um direcionamento, um ponto de apoio.

Além disso, o artista precisa ver quais exposições valem a pena. Porque algumas feiras podem acabar atrapalhando. Sem orientação, ele pode ir para um evento paralelo achando que é um principal, por exemplo.

Então, tem que ter o momento certo, o local certo, paciência e muito trabalho! Nunca parar e enfrentar todos os desafios. Não só como artista e empreendedora, mas também como mulher. Tudo nesse mundo é uma questão de escolha e fazer aquilo que realmente te completam e te deixam realizada.

Principalmente, olhe para frente, sempre avançando, conquistando e se colocando. Depois de um dia ruim, durma e acorde renovado. Amanhã é um outro dia e será melhor.”

 

 

Fonte: Acervo pessoal

 

 

Fonte: Acervo pessoal

 

 

  • Por fim, saiba mais sobre a Amazon Tears e a carreira de Alexandre Mavignier, artista representado pela Saphira & Ventura Gallery.
Laís Rodrigues: Laís Rodrigues é jornalista e produtora de conteúdo. Já trabalhou como redatora e editora de revistas de Decoração, Beleza e Comportamento e agora é pós-graduada em marketing digital e se dedica a escrever para a Internet.

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