Sereia do mar no Japão: uma história que até hoje deixa os pesquisadores curiosos
A sereia do mar tem quase 300 anos, é um dos itens curiosos de um templo no Japão e até hoje desperta a curiosidade de muitos cientistas
A sereia do mar com quase 300 anos, chamada por muitos de youkai, terá o seu mistério revelado. Essa criatura mística é muito importante para a cultura japonesa, em especial nas crenças sobre saúde. Então, entenda mais sobre essa descoberta histórica.
Sereia do mar no Japão
No Japão, foi encontrado o corpo mumificado do que seria uma sereia com aparência muito próxima a das lendas contadas no país. Ele estava em um templo Enjuin na cidade de Asakuchi.
Para os que residem nessa cidade, a sereia do mar não é novidade, já que essa múmia estava lá há cerca de 40 anos. Assim, tornou-se um artefato religioso, para o qual se faz preces. Mas também é verdade que as lendas sobre seres místicos são muito antigas.
Em especial durante o período de navegações e descobertas de outras culturas e terras, as lendas marcaram seu espaço entre os relatos. Dessa forma, há histórias de pescadores japoneses que avistaram as sereias em várias datas.
Múmias sempre despertam a atenção das pessoas
O aparecimento de uma múmia sereia no Japão ou de outros seres sempre desperta a atenção e o imaginário das pessoas. Afinal, ainda que elas sejam bem distintas das que estão nos contos de fadas, a existência de um corpo preservado levanta muitas questões.
Como aconteceu essa descoberta?
Não há uma data exata sobre como ocorreu a descoberta. Assim, acredita-se que entre 1736 e 1741, um pescador encontrou o corpo e o vendeu a uma família nobre ou rica.
Depois disso, o único fato que se tem certeza é que a sereia do mar esteve por 40 anos no templo de Enjuin. Então, também não se sabe quem a deixou lá ou por qual motivo fez isso.
Características da múmia
A aparência desse ser curioso é bem diferente do que a maioria das séries, filmes e animações apresentam. Desse modo, a sedução e beleza não são os adjetivos mais frequentes para descrevê-lo, já que ele é formado por:
- Cabeça e torso de macaco;
- Unhas e cabelos humanos;
- Cauda de peixe.
Fora isso, ele tem apenas 30,5 cm de comprimento e seu corpo não tem medidas proporcionais em relação ao torso e a cauda. Mas o seu visual não foi um critério para os japoneses, já que eles já tinham várias lendas que coincidiam com essa descrição.
A múmia da sereia do mar tem propriedades medicinais?
O período que passou no templo não foi à toa, já que a cultura japonesa tem as sereias como um símbolo de boa saúde. Dessa forma, elas são vistas como seres capazes de:
- Curas milagrosas;
- Profetizar ou amaldiçoar;
- Ajudar ou amaldiçoar uma colheita.
Antes dos pedidos de cura, acredita-se também que comer carne ou os ossos de sereia pode tornar a pessoa imortal. Além disso, desde as primeiras lendas, o poder curativo e profético desses seres eram suas principais características.
Uma crença muito forte no país
As lendas das sereias japonesas ainda possuem muita força em sua cultura. Por isso, durante a pandemia, muitas pessoas iam ao templo para pedir pela saúde e acreditavam que a sereia poderia aliviar a situação, ainda que de modo leve.
Fique por dentro das lendas das sereias
Tritões e sereias já estão na cultura do Japão e de outros países há séculos. Dessa forma, além da múmia recém-descoberta, há outros nomes fundamentais para as crenças sobre elas no país:
- Amabie;
- Yao Bikune;
- Arie;
- O tritão Amahiko.
Amabie, por exemplo, é o nome das mais antigas sereias que influenciaram essa crença no Japão. Em resumo, ela profetizou sobre a colheita e fome para um grupo de pescadores e que com a escassez de alimento viria uma epidemia.
Quando a doença chegasse, segundo a lenda, deveria ser feito um desenho de sua imagem. Assim, quando os pacientes vissem esse retrato, seriam curados.
Yao Bikuni
Segundo a lenda, era a filha de um pescador que conseguiu capturar uma sereia. Então, decidiu comemorar convidando seus amigos e conhecidos para ver e comer a sua carne. Assim, levou o que restou para casa, e sua filha comeu.
Após consumir a carne, ela viveu 800 anos sem envelhecer e assistiu à morte de todos os seus queridos. Por isso, decidiu se tornar uma monja e ajudar a quem precisava. Mas depois de algum tempo desapareceu no mesmo local em que morava.
Quando os cientistas começaram a estudar essa sereia do mar?
A múmia de sereia do mar chamou a atenção do especialista Hiroshi Kinoshita, o qual conheceu o artefato por meio de uma enciclopédia. Desse modo, a foto da espécie incomum despertou o seu interesse em estudar essa possível criatura mística.
Universidade de Ciências e Artes Kurashiki liderou os estudos
Com esse objetivo, Kinoshita conseguiu permissão do templo para levar o artefato e estudá-lo nessa universidade. Assim, os responsáveis pelo começo da pesquisa foram o paleontólogo Takafumi Kato e seus colegas.
A múmia de sereia do mar é uma combinação de várias espécies?
Essa múmia sereia no Japão não foi o primeiro espécime a aparecer e despertar o interesse científico. Então, a investigação de outros artefatos do mesmo país concluiu que se trata da união de partes do corpo de diferentes animais:
- Macaco;
- Peixe;
- Material que foi usado para unir o esqueleto.
Por esse motivo, a pesquisa, na verdade, objetiva apenas identificar os DNAs presentes e apontar a qual espécie cada um pertence. Isso é possível por meio de uma tomografia computadorizada e espera-se que os resultados saiam ainda em 2022.
Sereia de Fiji
A sereia de Fiji foi encontrada, supostamente, em 1800 por marinheiros japoneses. Então, ela foi vendida e revendida algumas vezes até se tornar uma atração em um museu de Nova York.
Depois de tanto sucesso, cientistas decidiram investigar e descobriram que se tratava do corpo de um orangotango unido ao de um salmão com arames. Desse modo, acredita-se que a prática era uma forma de renda extra para pescadores e marinheiros japoneses.
Um assunto que deixa muitos pesquisadores intrigados
As lendas das sereias japonesas, ou ningyo, contribuíram para o encanto e sucesso de artefatos com o da múmia em seu país e na comunidade científica. Por isso, não é à toa que mais um caso como esse volta a ser objeto de análise.
Por fim, espera-se que o resultado das análises seja conhecido e publicado ainda esse ano. Assim, será possível entender melhor a origem do artefato e quais animais tornaram a sua aparência tão singular.
Como foi possível notar, o interesse por esse tema é algo antigo e permanece até hoje. Dessa forma, no mundo atual a mágica das sereias está presente até mesmo nas tendências de moda e maquiagem.