Moranguinho de A Fazenda e o curioso caso de mulheres que voltam para seus agressores

Entenda a polêmica envolvendo Moranguinho e Naldo e por que mulheres ainda voltam a se relacionar com seus agressores

Fonte: Instagram @moranguinhoreal

O primeiro nome divulgado no elenco de A Fazenda 2022 foi Ellen Cardoso (mais conhecida como Moranguinho). Esposa do cantor Naldo Benny, ela já foi vítima de violência doméstica por parte do funkeiro durante 7 anos. Assim, levantou novamente a discussão: por que as mulheres voltam a se relacionar com seus agressores?

Em seguida, a terapeuta Camila Custódio, colunista do Fashion Bubbles, explica melhor sobre a polêmica do casal. Do mesmo modo, ela conta o porquê de casos como esse serem comuns e diz como denunciar a violência doméstica. Continue lendo!

O que aconteceu com Naldo e Moranguinho?

Em um dos desentendimentos com o marido, que veio a público e a levou a fazer a denúncia no Ministério Público, Ellen relatou que foi agredida com socos, tapas, puxões de cabelo e até um golpe dado com uma garrafa. Além disso, ela afirma ter sido ameaçada de morte. O motivo da agressão: o ciúme de Naldo.

Logo após o ocorrido, ela foi até a Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM) e também pediu medidas protetivas contra o marido, com base na Lei Maria da Penha. O episódio foi registrado em dezembro de 2017 e Naldo chegou a ser preso.

Entre muitas polêmicas, o casal ficou separado por alguns meses e se reconciliou no início de 2018. Então, Moranguinho disse que escolheu a família. De acordo com ela, o amor e o perdão venceram, e a atual peoa de A Fazneda 2022 chegou inclusive a retirar a medida cautelar contra o agressor.

Fonte: Instagram @moranguinhoreal

Em uma entrevista com o marido sentado ao lado, Ellen Cardoso disse que Naldo merecia uma nova chance de tentar se redimir, pois ela não sofria como as mulheres que vivem em relacionamentos abusivos sofrem.

“Claro que existem situações de mulheres que realmente são maltratadas a vida toda, esse não era meu caso. Eu sabia que meu marido tinha um problema e ele precisava se tratar”, disse ela, que apanhou do funkeiro durante sete anos.

Mas o que faz Ellen entender que não vivia um relacionamento abusivo e voltar para o seu agressor?

Por que a mulher sempre volta para o agressor?

Ellen é apenas uma da imensa relação de mulheres famosas e anônimas que vivem um relacionamento abusivo e retornam para seus agressores.

Ela não será a primeira e nem a última dessa lista, que inclui nomes como Pamela Anderson, Lindsay Lohan, Rihanna, Luiza Brunet, Duda Reis, Luana Piovani, Amber Heard, entre tantas outras.

Fonte: doidam10/Canva

Encerrar o ciclo da violência é algo muito difícil porque falamos de relações familiares, de parentesco, afeto e, claro, codependencia, que muitas de nós ainda confundem com amor.

Dificilmente cortamos laços com alguém abruptamente, mas continuamos esperando que mulheres agredidas façam isso. Mesmo que elas não tenham mecanismos de defesa, enfrentamento e resiliência para seguir a vida depois de uma denúncia.

Em média, uma mulher sai de um relacionamento abusivo sete vezes antes de terminar definitivamente, de acordo com a Linha Direta Nacional de Violência Doméstica dos Estados Unidos. Enquanto isso, outras pesquisas no Brasil indicam que uma mulher pode levar até 10 anos para denunciar uma violência.

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Quais são as fases do ciclo de violência?

Importante lembrar que, em um relacionamento abusivo, nem sempre a violência física acontece no começo da relação. Existe também um tempo para que a mulher se conscientize que o comportamento do agressor é repetitivo e que pode colocar em risco sua vida.

Existe um ciclo de violência nos relacionamentos abusivos que são definidos em etapas: fases de “tensão”, “explosão” e “lua de mel”:

  • Na primeira, a fase da “tensão”, o relacionamento está instável. O homem assume uma postura ameaçadora, só que a mulher acredita que controla a situação ao não contrariá-lo;
  • Na segunda, a fase da “explosão”, acontece a materialização da violência, como agressão física ou verbal;
  • Na terceira fase, a “lua de mel” há um aumento de carinho do agressor com a agredida. No entanto, esse carinho também é temporário.

Há uma tendência à repetição desse ciclo e, quanto mais ele se repete, mais grave a violência e menor a possibilidade de reação da mulher. É o caso de Ellen Cardoso, por exemplo, que mesmo após reagir, retomou a relação. Afinal, ela não consegue se reconhecer como vítima.

Fonte: Instagram @moranguinhoreal

A repetição do sofrimento ou a repetição da dor ativam no cérebro da mulher o mecanismo inibidor da reação. É por isso que as vítimas, muitas vezes, sofrem caladas, ou demoram tanto tempo até registrar uma violência.

Apesar de estarmos evoluindo com a Lei Maria da Penha, e as pesquisas indicarem que cada vez mais mulheres registram a primeira violência, ainda temos um longo caminho psicossocial no enfrentamento desse tipo de violência.

Principalmente no que tange ao julgamento da vítima, que precisa de apoio e acolhimento e não de mais uma pessoa julgando seu comportamento e suas escolhas.

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Como denunciar violência doméstica?

No Brasil há um número específico para receber esse tipo de denúncia, o 180, que é a Central de Atendimento à Mulher. O serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias do ano, e a ligação é gratuita.

O Conselho Nacional de Justiça recomenda ainda que as mulheres que sofram algum tipo de violência procurem as Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM), também chamadas de Delegacias da Mulher.
Há também os serviços que funcionam em hospitais e universidades e que oferecem atendimento médico, assistência psicossocial e orientação jurídica.

Fonte: tjrj.jus.br

A mulher que sofreu violência pode ainda procurar ajuda nas Defensorias Públicas e Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, nos Conselhos Estaduais dos Direitos das Mulheres e nos centros de referência de atendimento a mulheres.

Se a mulher achar que a sua vida ou a de seus familiares (filhos, pais etc.) está em risco, ela pode também procurar ajuda em serviços que mantêm casas-abrigo, que são moradias em local secreto onde a mulher e os filhos podem ficar.

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Sobre a colunista

Fonte: Divulgação

Camila Custódio é idealizadora do Consultório Emocional – @consultorioemocional nas redes sociais. Camila é Assistente Social, Terapeuta de Família e Casal, Terapeuta Relacional Sistêmica, Psicanalista e Coach. Além disso, é Especialista em Gestão da Emoção e Consultora em Desenvolvimento Humano.

Escreve sobre saúde emocional, relacionamento e empoderamento feminino para sites, revistas e blogs. Atende pacientes online de todo o Brasil e do exterior.

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Camila Custódio: Camila Custódio é idealizadora do Consultório Emocional - @consultorioemocional nas redes sociais. Camila é Assistente Social, Terapeuta de Família e Casal, Terapeuta Relacional Sistêmica, Psicanalista e Coach. Especialista em Gestão da Emoção, Consultora em Desenvolvimento Humano. Escreve sobre saúde emocional, relacionamento, empoderamento feminino para sites, revistas e blogs. Atende pacientes online de todo o Brasil e do exterior.

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