O látex que alimenta a sofisticação

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Com sócios italianos, a Amazonlife quer ser grife de moda    

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Nem tudo são flores quando se trabalha com a floresta. Bia Saldanha vai logo avisando. "Nunca conto só belezas. Não estaríamos aqui se fosse diferente". Sócia da marca de moda Amazonlife ela sabe o que é lidar com fornecedores na fronteira do Peru, com o centro urbano mais próximo há quatro dias de barco, onde não há telefone e a comunidade não sabe ler nem escrever.

A experiência em trabalhar com seringueiros do Acre começou em 91. Muitas bolsas de couro vegetal depois e com uma dívida estimada com o BNDES de US$ 1 milhão, ela enfim encontrou em 2005 um sócio interessado no projeto e que a ajudou a botar ordem na casa. É Paolo Dal Pina, ex-presidente da Telecom Itália, que encabeça um grupo com mais três investidores italianos.

Agora a Amazonlife tem uma loja em Ipanema e um susbtancioso plano de negócios que inclui exportações, uma rede de lojas, um site de vendas internacionais, expansão da linha de produtos e investimento em marketing. Portanto, não foi por acaso que os Rolling Stones e Bono Vox voltaram para casa com camisetas e mochilas da marca.

Como uma das fundadoras do Partido Verde, Bia um dia conheceu Chico Mendes e lá foi se solidarizar com os seringueiros. Quando viu onde os trabalhadores carregavam suas ferramentas e roupas ficou impressionada. "Eles recobriam os sacos de farinha com o látex e carregavam tudo ali dentro. Eles impermeabilizavam os sacos para conviver com a umidade da floresta", diz.

Surgiu então a idéia de fazer bolsas com este material e a primeira encomenda de 1,5 mil sacos foi feita para sua loja da época, a Ecomercado. Tempos depois lá estava Bia na Eco 92 com suas sacolinhas que foram um sucesso de vendas e de devoluções. Elas derretiam no sol ou em contato com solventes. "Mas o que foi determinante para a gente continuar foi a postura dos clientes. Ninguém reclamava. Eles pediam por favor para a gente consertar a bolsa, encontrar uma solução", lembra.

Daí veio o empréstimo com o BNDES para a capacitação da mão de obra das cooperativas e a contratação de um químico, que fosse capaz de chegar a uma matéria-prima mais resistente. O resultado foi patenteado com o nome Treetap e ganhou o mundo. Só para se ter uma idéia a grife francesa Hermés tem uma linha de bolsas que usa Treetap. Até a bolsa Kelly, ícone da marca, pode ser encontrada em couro vegetal.

As bolsas seguiram vendendo, inclusive como brindes corporativos, mas não o suficiente para cobrir o empréstimo e em 2004, dez anos depois do início do projeto, o BNDES quis executar a dívida. "Tivemos que parar o trabalho com os seringueiros."

Com a entrada de novos sócios a empresa se capitalizou e se tornou Amazonlife. Os italianos ficaram com 80% da empresa e Bia com 20% mais a patente do couro vegetal. Na nova fase a marca quer se reposicionar no mercado de luxo. "A idéia é mesmo sofisticar a Amazonlife, transformá-la em uma high fashion, para que ela figure ao lado da Osklen, por exemplo", diz. Ela ainda guarda o compromisso com a preservação da floresta, mas menos militante que na origem. "Morro de medo da ecochatice".

Valor: Com os sócios estrangeiros a Amazonlife vai focar o mercado externo?

Bia Saldanha: Uma mochila nossa custa em média 300 euros e o mercado externo é bem mais receptivo a estes produtos. Até porque internamente temos encargos de 40%, não é atraente. Não é barato por natureza. É tudo artesanal. Estamos ampliando nossa rede de distribuidores e temos clientes fixos na França, Itália e Estados Unidos e eventuais na Inglaterra, Holanda, Alemanha e Noruega. Para nós, a loja em Ipanema é nossa pista de decolagem para o mundo.

Valor: A Amazonlife pode se transformar numa rede de lojas?

Bia: Pode. O plano de negócios é para cinco anos. Uma das possibilidades é montar uma rede de lojas, sendo quatro próprias e depois franquear. Mas queremos fazer tudo com cuidado. Não sou mais marinheira de primeira viagem.

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