Quanto à união dos cônjuges das famílias humildes deste período, se dava como festejo popular, no centro da comunidade, num domingo de santo. Geralmente Santo Antônio era o que abençoava e protegia estas uniões sem dote, porém, de grande importância para a fertilização dos campos e lavoura. A celebração do casamento popular se dava em maio, em geral no início da colheita e representava a fertilidade da terra e a abundância na casa do homem do campo. Noiva Burguesa (Casal Arnolfini)É importante mostrar o surgimento da instituição matrimonial entre os burgueses (um burgo designa geralmente uma cidade comercial, que se desenvolvia fora das muralhas do núcleo urbano primitivo). Estes homens da cidade também uniam suas famílias para conservação de patrimônio, mas representavam esta união através do símbolo da fertilidade que era a cor verde, como o verde do horto das oliveiras, onde Cristo passou sua última noite.

A noiva burguesa, habitante do burgo e filha do mercador, do banqueiro e do comerciante, era mostrada com ventre saliente, demonstrando a sua capacidade para procriar. Esta união está bem demonstrado na pintura de Jan Van Eyck, em 1434: O casamento do casal Arnolfini.

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Neste período a noção de Amor não era agregada à de casamento e raramente os noivos já haviam se visto antes da cerimônia. Apesar desta circunstância, a noção de Amor Esponsal que envolve o casal em relações afetivas e de afinidades sexuais tal como conhecemos hoje, nasce neste momento através do fenômeno conhecido como Amor Cortês. Caso houvesse um amor desta qualidade, que precedesse à união e coincidisse com a escolha familiar, os noivos eram considerados como particularmente agraciados por Deus e à esta graça, o noivo deveria ser eternamente grato.

No Renascimento, com a ascensão da burguesia mercantil, a apresentação da noiva se tornou mais luxuosa. A jovem esposa era apresentada em veludo e brocado, ostentando o brasão de sua família e as cores do herdeiro ao qual sua casa estava se filiando.
O uso da tiara passou a ser um adereço obrigatório e temos nela a ancestral da nossa grinalda. O uso dos anéis era de grande importância e representavam a possibilidade de uma dama viver sem precisar trabalhar na lida com as coisas da casa. As Mãos brancas da noiva e os dedos cheios de anel demonstravam a competência do marido para prover sua esposa sem necessitar da ajuda dela em qualquer tarefa doméstica. Este fato remetia à posse de um grande número de servos, sendo que cinco damas era o número adequado para bem cuidar de uma jovem esposa e suas necessidades pessoais, tais como o asseio, o vestir e o trato dos cabelos.

No final do Renascimento, o código de elegância barroca foi determinado pelas cortes católicas de Espanha onde se estabeleceu o preto como a cor correta a ser usada publicamente como demonstração da índole religiosa de qualquer pessoa. Esta cor era aceita como adequada também para os vestidos de noiva, embora tenha sido neste momento que surgiu o vestido de noiva branco como novo padrão de elegância.
A primeira noiva a se vestir de branco foi Maria de Médici ao se casar com Henrique IV, herdeiro da coroa francesa. Maria, princesa italiana, mesmo sendo católica não comungava da estética religiosa espanhola, e assim, se mostrou em brocado branco como prova da exuberância das cortes italianas. O vestido trazia um decote quadrado com o colo à mostra, o que causou grande escândalo perante o clero.

Michelangelo Buonarote, o grande artista do Renascimento, comentou este traje como uma rica veste branca, ornada em ouro, que mostrava o candor virginal da noiva, então com quatorze anos.