Guia Alimentar para a População Brasileira – O que é uma dieta saudável?

O manual produzido pelo Ministério da Saúde tem sido alvo de críticas por parte do governo atual. Conheça o Guia Alimentar para a População Brasileira e saiba o que ele defende.

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O Guia Alimentar para a População Brasileira é um manual do Ministério da Saúde para a promoção da alimentação saudável. O documento aponta caminhos e cuidados para que todas as pessoas possam ter uma dieta nutritiva e saborosa.

A primeira edição do guia é de 2006. Em 2014 o material passou por um processo de consulta pública e revisão de informações, chegando a sua versão atual.

 

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Orientações para uma vida mais saudável

Mais do que falar de nutrientes e quantidades, o guia orienta que os alimentos frescos ou minimamente processados sejam a base de uma dieta adequada. Logo, alimentos ultraprocessados deveriam ser evitados.

Porém, o documento vai além, abordando os principais obstáculos para uma alimentação adequada. Assim, discute-se o acesso a informação de qualidade, a oferta e o custo de alimentos saudáveis, as habilidades culinárias, o tempo para realizar preparos e a publicidade da indústria alimentícia.

Recentemente, o Guia Alimentar se tornou o centro de uma grande polêmica, quando a Ministra da Agricultura e Pecuária Tereza Cristina solicitou sua revisão. Entenda o que o documento defende e conheça suas recomendações.

O que é o Guia Alimentar para a População Brasileira?

 

Primeiramente, o Guia Alimentar se apresenta como “um conjunto de informações e recomendações sobre alimentação que objetivam promover a saúde de pessoas, famílias e comunidades e da sociedade brasileira como um todo, hoje e no futuro”. Além disso, o documento é uma resposta do Ministério da Saúde a problemas de saúde pública recentes.

Nele, observa-se que, apesar da melhoria nos índices de desnutrição infantil, as taxas de desnutrição crônica por falta de nutrientes e de doenças relacionadas ao sobrepeso cresceu. Ou seja, a população está cada vez mais acima do peso e, ao mesmo tempo, mal nutrida.

Dessa forma, a alimentação se transforma em uma questão de Saúde. Por isso, o Guia não foca apenas no consumo doméstico. Ele também é instrumento de apoio às ações de educação alimentar e nutricional no SUS e outros setores.

 

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O documento foi desenvolvido através da cooperação técnica entre a Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição (CGAN) do Ministério da Saúde, o  Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (NUPENS/USP) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).

O Guia Alimentar se divide em cinco capítulos:

  1. Princípios
  2. A escolha dos alimentos
  3. Dos alimentos à refeição
  4. O ato de comer e a comensalidade
  5. A compreensão e a superação de obstáculos

 

Enquanto os três primeiros capítulos orientam a aquisição e preparo dos alimentos, os dois últimos debatem questões de caráter social e político.  Além disso, o documento lista dez passos para uma alimentação adequada e saudável.

 

 

Princípios do Guia Alimentar para a População Brasileira

 

Para entender o que o Guia Alimentar para a População Brasileira defende, devemos observar os 5 princípios que o norteiam:

 

1. Alimentação é mais que ingestão de nutrientes

 

De acordo com o manual, a mera ingestão de nutrientes não é o suficiente para manter uma pessoa saudável. Afinal, observa-se que fornecer nutrientes em forma de suplementos não tem o mesmo efeito benéfico ao organismo do consumo de alimentos de mesmo valor nutricional.

Assim, o Guia Alimentar afirma que a forma como os alimentos são preparados e consumidos também é um fator nutricional. Além disso, aponta-se que as condições em que as refeições são feitas – “por
exemplo, comer sozinho, sentado no sofá e diante da televisão ou compartilhar uma refeição, sentado à mesa com familiares ou amigos” – afeta nossas escolhas alimentares. Sendo assim, o contexto social de cada pessoa pode ter grande impacto em sua nutrição e saúde.

 

2. Recomendações sobre alimentação devem estar em sintonia com seu tempo

 

Aqui afirma-se que as orientações feitas por guias alimentares devem levar em conta o cenário da evolução da alimentação e das condições de saúde da população.

Ou seja, as recomendações não podem ser as mesmas para uma zona rural, rica em produtos frescos, e uma área urbana onde a maior parte da oferta de alimentos consiste de produtos industrializados.

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Da mesma forma, observa-se que o nível de desenvolvimento de uma região impacta na nutrição da população. Por exemplo, observa-se a prevalência de alimentos industrializados em regiões mais desenvolvidas.

Assim, o aumento da obesidade e carência de nutrientes está profundamente relacionado ao contexto da sociedade.

 

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3. Alimentação adequada e saudável deriva de sistema alimentar socialmente e ambientalmente sustentável

 

O Guia Alimentar aponta que “recomendações alimentares devem levar em conta o impacto das formas de produção e distribuição dos alimentos sobre a justiça social e a integridade do ambiente.” Ou seja, a maneira ideal de se alimentar também deve considerar a forma como a comida chega até nós.

Assim, defende-se que o sistema alimentar tem grande impacto social, podendo ser uma ferramenta de construção de uma sociedade mais justa e de proteção da natureza. Quando não levamos esse aspecto em consideração, o sistema pode se voltar contra a sociedade, aprofundando desigualdades e prejudicando o meio ambiente.

 

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4. Diferentes saberes geram o conhecimento para a formulação de guias alimentares

 

Esse princípio se refere às diferentes fontes de conhecimento que existem e como uma não substitui a outra, mas complementa. De acordo com o documento, “Padrões tradicionais de alimentação, desenvolvidos e transmitidos ao longo de gerações, são fontes essenciais de conhecimentos para a
formulação de recomendações que visam promover a alimentação adequada e saudável.”

Assim, os saberes populares e tradicionais são valorizados ao lado da ciência. Logo, o Guia Alimentar baseia suas recomendações em conhecimentos gerados por estudos, é claro. Mas também em conhecimentos obtidos através da observação dos padrões tradicionais de alimentação.

 

5. Guias alimentares ampliam a autonomia nas escolhas alimentares

 

Finalmente, o Guia Alimentar declara que o acesso à informação de qualidade é fundamental para que façamos boas escolhas. Sendo assim, guias alimentares são ferramentas para que pessoas, famílias e comunidades tenham autonomia para se alimentar de forma adequada.

 

Orientações do Guia Alimentar para a População Brasileira

 

Após a apresentação dos seus princípios, o Guia Alimentar parte para o lado prático da dieta. Assim, algumas orientações são listadas para guiar as escolhas da população. O grande foco está no nível de processamento da comida. Para isso, o documento apresenta quatro categorias de alimentos: in natura, minimamente processados, processados e ultraprocessados.

Para entender melhor essa divisão, confira o vídeo abaixo disponibilizado pelo Ministério da Saúde:

 

 

De acordo com o material, a base de uma alimentação saudável são os alimentos in natura ou minimamente processados. Em seguida, recomenda que os alimentos processados sejam consumidos com moderação. Por exemplo, como ingredientes de uma receita ou parte de uma refeição baseada em alimentos in natura ou minimamente processados.

Por último, o Guia Alimentar recomenda que os alimentos ultraprocessados sejam evitados radicalmente. Em função da alta quantidade de aditivos químicos, esse grupo é prejudicial à saúde da população.

Para que saibamos diferenciar os alimentos ultraprocessados dos processados, o Guia Alimentar orienta a leitura o rótulo. Assim, ao observarmos um número elevado de ingredientes ou a presença de ingredientes com nomes pouco familiares, estamos diante de um alimento ultraprocessado.

 

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10 passos para uma alimentação saudável

 

Finalmente, o Guia Alimentar para a População Brasileira lista 10 passos para uma dieta nutritiva, gostosa e equilibrada. Confira:

  1. Fazer de alimentos in natura ou minimamente processados a base da alimentação.
  2. Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos e criar preparações culinárias.
  3. Limitar o consumo de alimentos processados.
  4. Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados.
  5. Comer com regularidade e atenção, em ambientes apropriados e, sempre que possível, com companhia.
  6. Fazer compras em locais que ofertem variedades de alimentos in natura ou minimamente processados.
  7. Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias.
  8. Planejar o uso do tempo para dar à alimentação o espaço que ela merece.
  9. Dar preferência, quando fora de casa, a locais que servem refeições feitas na hora.
  10. Ser crítico quanto a informações, orientações e mensagens sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais.

 

Logo, fica claro que o Guia Alimentar contempla não apenas o aspecto nutricional da nossa dieta. Ao contrário, o documento se preocupa com o lado social e político da alimentação. Assim, entende-se que comer não é apenas consumir alimentos, mas uma forma de socializar e impactar a nossa realidade.

Débora Cunha: Débora Cunha é professora, tradutora e produtora de conteúdo com foco em SEO. Curiosa de nascença e nômade por opção, se interessa por absolutamente todas as coisas que ainda não sabe e todos os lugares em que ainda não viveu.
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