As novas formas da Riqueza – A Terceira Revolução Industrial e a Era do Conhecimento
Estamos passando por uma nova Revolução Industrial, baseada em tecnologia e conhecimento. É essencial compreender a natureza destas grandes transformações. Para Michel Serres, duas figuras…
Estamos passando por uma nova Revolução Industrial, baseada em tecnologia e conhecimento.
É essencial compreender a natureza destas grandes transformações. Para Michel Serres, duas figuras da mitologia grega são perfeitas para ilustrar a revolução contemporânea, em que estaríamos saindo do legado de Prometeu – o herói das forjas e das artes do fogo, em que predominava o trabalho pesado, para a era de Hermes – Deus da comunicação e do comércio, protetor das artes e patrono dos filósofos, comerciantes e oradores.
O espírito de Hermes traz a leveza dos novos tempos através das suas “technes aladas”. Segundo Michel Serres, filósofo contemporâneo, Hermes vem estabelecendo seu reinado sobre a terra e no mundo de hoje, em que a linguagem e a cultura tornam-se decisivas: “A informação sucedia à transformação; às energias duras substituíam as suaves, não certamente para realizar os mesmo trabalhos, mas para dar sua cor e seu estilo à nova civilização”.
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“O conhecimento, neste contexto, tornou-se uma das mais importantes forças produtivas”. E, por conseguinte, a pesquisa sua atividade produtiva principal. Estamos assistindo a emergência de uma “economia do conhecimento” na qual, a pesquisa e a inovação tecno-científica se tornaram o motor central no modo de produção.
O conhecimento passou a ocupar um lugar verdadeiramente essencial no atual estágio do desenvolvimento das forças produtivas em escala mundial. Segundo Ikujiro Nonaka, numa economia onde a única certeza é a incerteza, apenas o conhecimento é fonte segura de vantagem competitiva.
Quando os mercados mudam, as tecnologias proliferam, os concorrentes se multiplicam e os produtos se tornam obsoletos quase da noite para o dia, as empresas de sucesso são aquelas que, de forma consistente, criam novos conhecimentos, disseminam-nos profusamente em toda a organização e rapidamente os incorporam em novas tecnologias e produtos”.
Você deve estar se perguntando o que tudo isto implica em sua vida? E se este novo paradigma mudará alguma coisa de fato em seu cotidiano?
Agora uma das formas de se ficar rico, é compartilhando ideias e conhecimento – Blogueiros e Vloggers e companhia que o digam!
Para responder a estas questões, o autor Daniel Burros, no livro O Futuro Como um Bom Negócio, explica que “nosso modelo econômico de operação sempre se baseou na ideia de escassez porque, em um contexto de bens materiais, todas as transações se exaurem. Se eu lhe dou 1 hectare de terra, um caminhão de madeira ou um barril de petróleo, então meus próprios estoques estarão agora obviamente exauridos na mesma quantidade. A economia é chamada de “ciência da escassez” por ser o estudo do processo de exaustão em andamento. No entanto, ao contrário dos recursos materiais (curiosamente, muito parecido com o amor), o conhecimento aumenta quando você o compartilha.
Daniel Burros, explica ainda, que “neste período de transição, tendemos a ver o conhecimento (e a maioria continua a ver assim) da mesma maneira que costumávamos ver o ouro, a terra, o aço e todos os elementos básicos da economia industrial: em termos de transação e exaustão; em outras palavras, em termo de escassez. Você ficava rico se o acumulasse ou se fosse capaz de tornar mais oneroso o acesso a ele. Porém, essa matemática não funciona com nossa economia do conhecimento estabelecida pela internet. Você não consegue ficar rico acumulando conhecimento: você fica rico compartilhando esse conhecimento.”
Consultores, stylist, assessores, bloggers e outros são exemplos de profissionais que ganham dinheiro compartilhando conhecimento. Esse tipo de trabalho tende a crescer e estará cada vez mais entre os grandes geradores de conhecimento
Daniel demonstra também que “ na nova economia baseada na abundância, você aumenta o valor desenvolvendo bens imateriais e ampliando o acesso das pessoas, criando a maior base de usuários possível e depois cobrando por serviços que se aproveitam dessa base de usuários amplificada”, estratégia utilizada por empresas como Google, Facebook, Apple, Amazon, entre muitas outras, até o Fashion Bubbles nasceu deste contexto.
“ A mudança de uma economia baseada em substância (recursos físicos) para uma economia baseada no conhecimento (recursos imateriais) desencadeou uma mudança fundamental na própria natureza da riqueza e na anatomia do sucesso. Isso por causa da simples física da questão: quando você compartilha um recurso físico com alguém, seu próprio recurso se exaure – mas, quando você compartilha conhecimento, seu estoque aumenta.” E “se você abordar a nova paisagem com uma mentalidade de escassez, estará garantindo sua obsolescência e fracasso.” Já que “por conta dessa mudança na natureza da riqueza, mudamos para uma era em que subitamente faz sentido colaborar, ao invés de competir”
“A passagem da mentalidade da escassez para a mentalidade da abundância, da competição de soma zero para a colaboração de soma 100% não é apenas uma ideia “legal” ou moral”. No século XXI, trata-se de bom-senso. A escassez diz: “ Vou guardar todas as minhas ideias para mim e vender mais do que qualquer outro.’ A abundância diz: ‘Atuando como mentor ou orientador e compartilhando todas as nossas melhores ideias, criaremos uma poderosa onda que conduzirá todos os nossos navios – e, assim, todos nós venderemos mais.”
Desencadeado por essas mudanças de paradigma, passamos também a viver na era da comunicação, que o digam o sucesso das redes sociais e toda gama de aparelhos eletrônicos, que unem pessoas, trazem serviços e diversão através de ferramentas de navegação na internet. Na era da comunicação e das máquinas inteligentes, os eletrônicos e dispositivos móveis tornaram-se essenciais, mais que multimídia, o smartphone virou um navegador, uma rosa dos ventos, que nos ajuda a desvendar os segredos do universo virtual potencializando resultados na vida real.
O filósofo Vilém Flusser define bem as transformações atuais: “O homem é um designer, um criador que inventa mundos, ao construir modelos para os fenômenos, ao impor forma à matéria. O surgimento dos aparelhos eletrônicos inaugura uma fase na qual o homem cria “não-coisas”, isto é, informações imateriais, como as imagens da televisão e os dados armazenados nos computadores. Seu interesse se volta para essas informações e as pontas dos dedos, que pressionam uma tecla, tornam-se a parte mais importante do corpo.”
O desejo de criar e compartilhar conteúdo vem em consonância com a era do conhecimento e da informação, que junto com as facilidades tecnológicas decorrentes da revolução da internet, trouxeram poder individual capaz de promover mudanças reais, como foi visto no Brasil em 2013, através do fenômeno das manifestações que proliferou nas redes sociais e se expandiu para as ruas, promovendo mudanças consideráveis na política do país.
Como disse Thomas Jefferson que anteviu um futuro em que predominam o compartilhamento e a colaboração: “Quem recebe minhas ideias adquire sua própria instrumentação sem diminuir a minha, assim como quem acende sua vela na minha recebe luz, sem obscurecer a minha”.
No livro a Cauda Longa você também encontrará extenso conteúdo sobre a nova economia calcada na abundância. Confira em http://www.desenvolveti.com.br/blog/wp-content/uploads/2013/08/a-cauda-longa.pdfLeia também:
Por Denise Pitta de Almeida
(Artigo inspirado nas discussões sobre Conhecimento X Riqueza realizadas no grupo de estudo do Instituto Humanae dirigido por Marcos de Santis.)
“Aquele que recebe de mim uma ideia tem aumentada a sua instrução sem que eu tenha diminuído a minha. Como aquele que acende sua vela na minha recebe luz sem apagar a minha vela. Que as ideias passem livremente de uns aos outros no planeta, para a instrução moral e mútua dos homens e a melhoria de sua condição, parece ter sido algo peculiar e benevolentemente desenhado pela natureza ao criá-las, como o fogo, expansível no espaço, sem diminuir sua densidade em nenhum ponto.” (Thomas Jefferson)
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Por Denise Pitta
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