O que é um bebê reborn? Veja história, valores e opinião de especialistas
Viral nas redes sociais, o bebê reborn alcançou até o universo das celebridades. Entenda mais sobre esse boneco hiper-realista!
Se você passou pelos trendings das redes sociais nos últimos dias, provavelmente se deparou com algum famoso mostrando seu bebê reborn. A febre dos bonecos hiper-realistas ganhou força depois que celebridades apareceram com seus “filhos”. Por exemplo, Gracyanne Barboza batizou seu boneco de Benício. Por sua vez, Nicole Bahls adotou duas, sendo uma com feições humanas, Maria Maria, e outra que imita um porquinho.
Já o Padre Fábio de Melo adotou uma bebê com síndrome de Down, em homenagem à sua mãe. E Luciana Gimenez, após uma gravação do Superpop, levou para casa a pequena Sophia. Mas afinal, o que é um bebê reborn? De onde surgiu essa tendência, como são feitos esses bonecos que parecem assustadoramente reais e quanto custa ter um? Entenda tudo sobre o assunto — e o que dizem os especialistas sobre o impacto psicológico dessa febre.
O que é e qual a história do bebê reborn?
O bebê reborn é uma boneca hiper-realista feita para imitar, com detalhes impressionantes, recém-nascidos ou bebês de alguns meses. Inclusive, o realismo chega a tanto que alguns modelos reproduzem até textura de pele, dobrinhas, veias, peso e até marcas de nascença.
Mas o universo reborn não se limita apenas a bebês humanos — hoje também existem versões alienígenas, animais e até personagens.

O termo “reborn” significa “renascido” em inglês e surgiu após a Segunda Guerra Mundial. Na época, a escassez de recursos levou artesãos a restaurar bonecas antigas, dando a elas uma “nova vida”.
Com o tempo, a técnica foi se aperfeiçoando. Assim, a partir dos anos 1990, os reborns ganharam espaço no mercado mundial, tanto entre colecionadores quanto em contextos terapêuticos — ajudando, por exemplo, mulheres que enfrentam luto gestacional ou idosos com Alzheimer.
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Como faz um bebê reborn?
A criação de um bebê reborn é um processo totalmente manual, minucioso e artesanal, realizado por artistas conhecidas como “cegonhas”. O nome é alusão à lenda de que as cegonhas trazem os bebês.

Tudo começa a partir de um molde básico, chamado de “kit”. Ele apresenta cabeça, braços, pernas e o corpo, geralmente feitos de vinil. A partir disso, inicia-se a pintura, que consiste na aplicação de camadas de tinta translúcida para criar um tom de pele realista, com manchas, veias e pequenas imperfeições.
Em seguida, faz-se o implante de cabelo, um trabalho extremamente delicado no qual fios de mohair — pelo de cabra — ou cabelo humano são aplicados fio a fio. Desse modo, confere-se um acabamento natural.
Na etapa de montagem, as artesãs fixam as partes em um corpo de pano com enchimento, simulando o peso e a maciez de um bebê de verdade. Apesar disso, existem modelos inteiramente de vinil ou silicone.
Por fim, o boneco recebe os detalhes finais, como cílios, olhos de vidro ou acrílico, além de roupas, fraldas e acessórios como chupetas e mamadeiras. É possível, inclusive, personalizar o bebê reborn, escolhendo características como tom de pele, cor dos olhos, tipo de cabelo e até o peso, tornando cada peça única e especial.
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Qual o valor em média de um bebê reborn?
O preço de um bebê reborn varia bastante, de acordo com os materiais e o grau de realismo. Modelos mais simples, com membros de vinil e corpo de tecido, partem de R$ 150 e podem chegar a R$ 3.000.
Quando o boneco é todo feito em vinil — inclusive o corpo —, o preço sobe. Desse modo, varia entre R$ 500 e R$ 5.000, já que esses modelos oferecem mais firmeza e realismo.
Ademais, os reborns mais sofisticados são confeccionados em silicone sólido, material que reproduz melhor a textura da pele humana. Eles também podem incluir funções especiais, como simular tomar leite ou fazer xixi, o que eleva os valores para uma faixa de R$ 2.000 a até R$ 8.000.
Além disso, personalizações, como marcas de nascença, dentinhos ou cabelos específicos, também aumentam o preço final.
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Além disso, a disputa incluía a divisão dos lucros, do enxoval e até a tentativa de regularizar juridicamente a “convivência” com o bebê reborn, como se fosse um filho real.
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Projeto de lei quer multar quem usa bebê reborn para furar filas
A polêmica também chegou ao Congresso. Um projeto de lei apresentado na Câmara dos Deputados prevê multas de até R$ 30 mil para quem usar bonecas reborn (ou similares) para obter benefícios indevidos, como atendimento preferencial em filas.
A proposta leva em consideração casos em que o boneco foi usado para simular crianças de colo, o que daria direito a prioridade em serviços públicos e privados.
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O que especialistas dizem sobre a febre de bebê reborn?
Para especialistas de diferentes áreas — da neuropsicologia à sociologia —, o fenômeno de bebê reborn revela aspectos profundos sobre saúde mental, emoções não resolvidas e até as fragilidades das relações na sociedade contemporânea. Em seguida, confira algumas opiniões.

De acordo com a Neuropsicologia
Para Roberta Passos, especialista em neuropsicologia, o bebê reborn pode funcionar como um recurso simbólico de acolhimento emocional, sobretudo em situações de luto, traumas e dores ligadas à maternidade. No entanto, ela ressalta que, quando esse vínculo se torna excessivamente prolongado, há risco de prejuízos à saúde mental.
Isso porque, segundo ela, o bebê reborn pode acabar impedindo a pessoa de elaborar suas perdas e seguir em frente, transformando-se numa espécie de prisão emocional.
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Do ponto de vista da Neurociência
A psicanalista e neurocientista Elainne Ourives também reforça essa visão. De acordo com ela, o fenômeno dos reborns está diretamente ligado às dores emocionais não resolvidas. Para ela, eles carregam o peso simbólico da ausência, seja de um filho que não nasceu, de uma maternidade não vivida ou de uma carência afetiva.
Elainne explica que, do ponto de vista da neurociência, o cérebro não diferencia o real do simbólico — ele apenas sente. Por isso, quando uma pessoa segura um bebê reborn, o sistema límbico reage como se aquele boneco fosse, de fato, um bebê. A questão, segundo ela, é que essa reação não ativa o amor genuíno, mas sim o sistema de dor.
“A pessoa não está satisfeita, está distraída, criando uma ilusão de presença para mascarar a ausência”, pontua.
Elainne Ourives
Para romper esse ciclo, Elainne defende que é necessário trabalhar a reprogramação emocional e curar a própria criança interior. Ela afirma que a verdadeira maternidade começa quando cada pessoa aprende a ser mãe de si mesma, oferecendo a si o amor que sempre buscou no outro.
“O único bebê que precisa ser segurado agora é sua nova versão: inteira, reprogramada e inabalável”, conclui.
Elainne Ourives
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Conforme a Sociologia
Aline Mara Gumz, doutora em Sociologia, também reflete sobre o tema e destaca que, embora a prática pareça, à primeira vista, inofensiva ou até reconfortante, ela expõe uma questão muito mais profunda: a dificuldade crescente de estabelecer vínculos reais na sociedade contemporânea.
Ela observa que, ao cuidar de um bebê reborn, muitas pessoas encontram um consolo emocional que não exige reciprocidade, compromisso ou entrega — diferentemente dos relacionamentos humanos, que são, por natureza, complexos, desafiadores e, muitas vezes, frustrantes.
Por isso, ela sugere que o investimento em relações autênticas, sejam elas familiares, afetivas ou até por meio de atividades voluntárias, pode oferecer um caminho mais saudável e transformador.
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Conclusão
Enfim, agora você já sabe o que é um bebê reborn, como surgiu, valores, casos inusitados e até opinião de especialistas. Então, que tal conferir também Como lidar com o medo de errar e fracassar? Isso e muito mais você acompanha em nossa categoria de reflexões e comportamento!
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