Meu parceiro é quem eu realmente penso? Descubra como a idealização afeta seu relacionamento
Idealização no relacionamento é criar uma imagem fantasiosa do parceiro, o que pode levar a desilusões e dificultar a construção de laços reais
Nos labirintos do amor e dos relacionamentos duradouros, frequentemente nos deparamos com um fenômeno psíquico poderoso e, por vezes, traiçoeiro: a idealização. Construímos, muitas vezes sem perceber, uma imagem fantasiada do nosso parceiro, um “outro” que corresponde mais aos nossos desejos e necessidades inconscientes do que à pessoa real de carne e osso ao nosso lado.
Essa imagem idealizada funciona como um espelho que reflete nossas próprias aspirações e defesas, mas que, inevitavelmente, está fadado a se quebrar diante da complexidade da vida e da autenticidade do ser.
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Por que idealizamos o parceiro e como isso afeta o relacionamento?
A psicanálise nos ensina que a idealização é um mecanismo comum, muitas vezes originado nas primeiras relações objetais da infância. Projetamos no parceiro qualidades que buscamos ou que nos faltam, ou o encaixamos em papéis pré-definidos por nossas experiências passadas. Enquanto a realidade parece se conformar a essa imagem, a relação pode fluir em aparente harmonia.
O problema surge quando a comunicação falha, quando um dos parceiros guarda para si sentimentos e percepções que contradizem o ideal, ou quando um evento externo força o confronto com a verdade nua e crua. A revelação de uma insatisfação profunda, de uma dúvida existencial sobre o “nós”, ou mesmo de uma infidelidade, atua como uma martelada nesse espelho idealizado.
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O que acontece quando a idealização acaba em um relacionamento?
Para quem vê sua imagem idealizada estilhaçada, o impacto é profundo. Surge a dor da desilusão, a sensação de ter o “chão retirado”, a perda daquela base segura (ainda que ilusória) sobre a qual a relação parecia se assentar.
Questionamentos angustiantes emergem: “Quem é essa pessoa ao meu lado?”, “O que isso significa sobre mim?”, “Por que ele(a) faria isso?”. É um momento de crise existencial que abala não só a percepção do outro, mas a própria autoimagem.
Para quem finalmente ousa quebrar o silêncio e revelar sua verdade, o sentimento pode ser ambíguo: um misto de alívio por se libertar do peso do não-dito e de angústia por causar dor à pessoa amada.
É a coragem de ser autêntico, de apresentar-se como realmente é, com suas falhas e desejos, mesmo correndo o risco de perder o “brilho” ou o “encantamento” anterior. Esse ato, como Freud destacaria ao falar do princípio da realidade superando o princípio do prazer, é um marco de maturidade psíquica, embora doloroso. Ele sinaliza a insustentabilidade do falso self e a necessidade de viver de forma mais alinhada com o verdadeiro self.

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Como lidar com a crise após o fim da idealização?
A crise gerada pela quebra da idealização, contudo, não é apenas um fim; é, potencialmente, um novo começo. Ao remover as lentes da fantasia, abre-se a possibilidade de um encontro real entre duas pessoas autênticas.
É uma porta que se abre para um conhecimento mútuo mais profundo, que nunca seria possível enquanto as máscaras da idealização estivessem no lugar. Como Winnicott poderia argumentar, é a chance de substituir uma relação baseada no falso self por uma ancorada no verdadeiro self de ambos.
Esse novo caminho exige que ambos os parceiros abandonem suas posições defensivas. Aquele que foi “desmascarado” precisa sustentar sua verdade, e aquele que foi “desiludido” precisa elaborar a perda do ideal e se abrir para conhecer o real.
É um convite para sair de papéis antigos, como o de “filho(a) da mamãe” que busca aprovação, e assumir uma postura adulta e responsável pela própria vida e pelas próprias escolhas. A vulnerabilidade compartilhada nesse processo, paradoxalmente, pode se tornar a mais forte liga para uma nova intimidade.

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Conclusão: a reconstrução do “nós” autêntico
O fim do encantamento idealizado não precisa ser o fim do amor. Pode ser a dolorosa, porém necessária, transição para um amor mais maduro, realista e, em última instância, mais gratificante.
Ao enfrentar a crise com honestidade, responsabilidade e disposição para o diálogo, o casal tem a oportunidade de reconstruir seu vínculo sobre bases mais sólidas. A relação que emerge dessa travessia não será a mesma – “Graças a Deus”, como sabiamente aponta a perspectiva analítica –, pois terá sido purificada das ilusões.
Será um “nós” diferente, talvez menos brilhante à primeira vista, mas certamente mais real, resiliente e capaz de acolher a complexidade e a beleza imperfeita de ambos os indivíduos que o compõem. A coragem de quebrar o espelho ideal é, em essência, a coragem de escolher o amor autêntico.
Texto revisado por Laila Lopes
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