As Deusas Gregas: uma inspiração para o mundo da arte e da moda

O mundo clássico greco-romano foi uma grande inspiração para a nossa sociedade. Aqui, conheça com mais detalhes as características das Deusas Gregas e como a moda explorou a sua imagem sensual e elegante.

Desde o Renascimento italiano até aos nossos dias, o mundo da antiguidade clássica se mantêm como uma das grandes inspirações da arte e da moda. Assim, explorando as suas formas elegantes e sensuais, conheça um pouco mais sobre as Deusas Gregas e como elas seguem sendo uma influência para o mundo fashion. Um estilo clássico que segue sendo tendência.

 

 

Fragmento do video ´Le Mythe Dior’, dirigido por @MatteoGarroneOfficial. Fonte: Instagram oficial da Dior.

O resgate do passado pela moda e arte

 

Atualmente, o mundo da moda vive o uso e abuso das novas tecnologias na criação e difusão de estilos. Entretanto, há um movimento contrário a essa ultra-modernização. Afinal, muitas das novas tendências buscam inspiração no passado, fazendo com que a releitura de elementos clássicos e tradicionais seja uma constante no setor.

Bom, observamos uma grande mistura de estilos, cores e padrões nas passarelas e revistas de moda do mundo todo. Desse modo, fica difícil ver na moda alguma ordem. Mas, afinal, a ordem não é mesmo a sua principal característica.

Seja como for, são tempos de pujança do setor, que está no seu auge financeiro, tecnológico e criativo.

Por sua vez, é um fato que como todas as tendências vêm, elas vão. Assim, volta e meia encontramos tons escuros, o branco e preto, as cores cítricas e gritantes; o listrado, o xadrez, as bolas e figuras geométricas; os laços, os babados, drapeados e rendas; ou mesmo a cintura dos anos 50 e o estilo dos anos 80.

Contudo,  algo que não sai de moda é justamente a adaptação de estilos clássicos do passado.

 

As Deusas Gregas: elegância e sensualidade à flor da pele

 

Nesse sentido, no que diz respeito à renovação da moda a partir de referências do passado, um dos casos mais chamativos é o do mundo antigo. Mas, para tanto, não basta olharmos para os homens. Antes de mais nada, quando pensamos na antiguidade clássica são os deuses da mitologia grega e romana que povoam a nossa imaginação.

 

Os deuses do Olimpo. Crédito: Nicolas-André Monsiau (1754-1837). Fonte: Wikimedia commons.

 

Em outras palavras, a Grécia Antiga, uma das bases da nossa civilização, continua a inspirar o mundo da arte e da moda. E não só. Além disso, também identificamos a sua influência na literatura e filosofia, para além dos jogos olímpicos e o culto ao corpo – que, por sinal,  são elementos fundamentais dos nossos dias. Afinal, quem nunca ouviu a expressão “ele tem um corpo de deus grego”? Ou mesmo em sua versão feminina, “ela é uma verdadeira deusa grega”.

 

Pintura Art Noveuau ´Palas Atenea`. Crédito: Gustav Klimt,1898. Fonte: Wien Museum.

 

Os deuses e as deusas gregas

 

Zeus, Hércules e Apolo. São esses os deuses gregos que costumam ser invocados para exaltar aspectos masculinos como a força, o poder e a coragem. Em contrapartida, entre os nomes mais exaltados do lado feminino estão os de Hera, Afrodite, Atena, Ártemis e Deméter, respectivamente as deusas da maternidade e casamento, da beleza e amor, da sabedoria e da guerra, e da caça e fertilidade.

Sendo modelos de tamanha força,  essas deusas gregas foram recorrentemente representadas pela arte e literatura ocidental. Dessa maneira, também serviram como grande inspiração para o mundo da moda.

Em seguida, explorando esse tema, conheça melhor algumas das deusas gregas – especialmente as que faziam parte dos doze deuses do Olimpo, as principais divindades do panteão grego.

 

A deusa grega Hera

 

Dentro da mitologia grega, Hera era a personificação do casamento e da maternidade. A sua versão romana foi denominada Juno. Ela era irmã e esposa de Zeus, e com ele teve os filhos Ares, Hebe, Éris e Ilícia.

Sendo a rainha dos deuses e representante da fidelidade matrimonial, Hera tinha uma natureza vingativa e impiedosa. Afinal, ela era descrita como muito ciumenta, colocando-se agressiva frente a qualquer traição do seu marido – inclusive aparecia a perseguir as suas amantes e filhos bastardos.

 

Estátua de Hera, cópia romana de cerca de 100-150 d.C. Fonte: Wikimedia commons.

 

Em contrapartida ao seu temperamento volátil, Homero (928 a.C.-898 a.C) narrou na Ilíada que, após o seu casamento, Hera passou a receber o mesmo tratamento que Zeus pelos outros deuses do Olimpo. Tanto seria assim que o seu marido inclsuive ouviria os seus conselhos, tendo a abertura e confiança para contar-lhe segredos.  Além disso, pela sua posição e gênio, Hera foi das únicas figuras que confrontava diretamente a Zeus.

 

Jupiter e Juno (Zeus e Hera). Annibale Carracci (1560-1609). Fonte: Wikimedia commons.

 

A deusa grega Afrodite

 

Como grande parte das divindades gregas, não há um acordo sobre a origem de Afrodite (para os romanos, Vênus). Segundo o poeta Hesíodo, ela nasceu da espuma que surgiu nas águas que banham Pafos, na ilha do Chipre, quando Cronos arrancou e atirou ao mar o órgão genital de Urano. Por outro lado, na Ilíada de Homero, anterior a Hesíodo, Afrodite aparecia como a filha de Zeus e Dione.

Com as diferentes narrativas começaram a surgir diferentes faces da deusa. A primeira, Afrodite Urânia, seria a sua versão celeste, correspondente ao amor divino. Já a Afrodite Pandemos, versão que era filha de Zeus, seria a deusa do amor comum e popular, que se relacionava ao amor carnal e aos desejos sexuais.

 

O Nascimento de Vênus, cerca de 1485. Crédito: Sandro Botticelli / Galleria degli Uffizi. Fonte: Wikimedia commons.

 

Seja como for, o fato é que todas as fontes a narram como a deusa do amor, da beleza e do sexo. Ainda que possam parecer virtudes de pouco poder, são esses os elementos que movem mais profundamente o homem. Afinal, muitos inclusive descreveram que a sua beleza era tamanha que a disputa pela sua atenção poderia iniciar uma guerra. Por essa mesma razão, seu pai, Zeus, a teria casado com Hefesto.

 

Estátua de Afrodite, entre o século II e III. Crédito: Museu do Louvre. Fonte: Wikimedia commons.

 

Do amor celeste ao carnal

 

Acima de tudo, essa deusa era símbolo da sexualidade. Portanto, foi descrita com diferentes amantes, como, por exemplo, Adônis. Além disso, ela também esteve envolvida em outras passagens importantes da mitologia. Por exemplo, teria protegido os amantes Páris e Helena quando da batalha de Troia.

Contudo, sua natureza não era de todo doce, tendo se mostrado impetuosa em diversas ocasiões.

Assim, com atributos chamativos e comumente associados à natureza feminina, Afrodite foi sem dúvida uma das deusas gregas mais representadas ao longo da história.

 

Estátua de Afrodite, cópia romana do século II d.C. Crédito: Museu de Nápoles. Fonte: Wikimedia commons.

 

A deusa grega Atena

 

Distante dos atributos da sensualidade e ´feminilidade` associados à Afrodite, Atena, também chamada de Palas Atena, era a deusa grega da sabedoria, da civilização, das artes e, por último mas não menos importante, da guerra – ou, melhor dizendo, da estratégia em batalha.

 

Estátua de Atena. Crédito: Museu do Vaticano. Fonte: Wikimedia commons.

 

Sua capacidade e poder eram tantos que ela era uma das principais divindades entre os dozes deuses do Olimpo. Assim, essa deusa grega foi uma das mais cultuadas em toda a Grécia, e como Minerva em toda o império romano (incluindo o norte da África e a Península Ibérica).

O mito mais difundido sobre a sua origem é a de que ela teria nascido da cabeça de Zeus, já adulta e completamente armada. Muito diferente de sua irmã Afrodite, Atena nunca teria se casado ou mesmo tido amantes. Ou seja, se manteve sempre casta.

Em batalha era simplesmente insuperável. Nem mesmo Ares, a versão masculina do deus da guerra, podia fazer frente a ela. Afinal, enquanto ele era imprevisível e explosivo, ela era sábia e prudente.

 

Nascimento de Atena, cerca de 570-560 a.C. Crédito: Museu do Louvre. Fonte: Wikimedia commons.

 

Natureza firme e justa

 

Atena foi uma figura recorrente em várias passagens da mitologia, tendo sido inclusive invocada como protetora de diversos heróis e cidades (como Atenas). Assim como a irmã Afrodite, ela foi extensamente representada pela arte. Além disso, serviu como grande inspiração para a civilização ocidental no que diz respeito às noções de justiça e à importância da cultura e das artes.

Em um período mais recente, a sua imagem se consolidou como uma grande influência para o movimento feminista e a discussão sobre a identidade de gênero.

 

Palas Atena e o Centauro, cerca de 1482. Crédito: Sandro Botticelli / Galleria degli Uffizi. Fonte: Wikimedia commons.

 

A deusa grega Ártemis

 

Considerada a deusa grega da caça e da vida selvagem, a sua correspondente romana foi denominada Diana. Posteriormente, Ártemis também se firmou como a divindade da lua e da magia. Segundo a mitologia grega, seus pais eram Zeus e Leto. Além disso, ela era a irmã gêmea de Apolo, que era a personificação do sol e um dos deuses mais venerados do panteão grego.

 

Apolo e Ártemis, cerca de 470 a.C. Crédito: Museu do Louvre. Fonte: Wikimedia commons.

 

Assim, ela era a grande representante da vida animal e da natureza. Entretanto, possuía um caráter um tanto contraditório. Afinal, ao mesmo tempo que simbolizava o parto e a fertilidade ela também era símbolo da castidade e proteção das mulheres jovens.

 

Ártemis com um veado, conhecido como “Diana de Versalhes”, século I ou II d.C. Crédito: Museu do Louvre. Fonte: Wikimedia commons.

 

Ainda que fosse virgem, pela sua personalidade e beleza chamava a atenção de muitos deuses e homens. Nesse sentido, teria inclusive sofrido tentativas de violação. Seja como for, Ártemis era de uma destreza ímpar com o arco e a flecha, sendo uma caçadora inigualável não apenas entre os mortais mas também entre os deuses.

 

Diana como personificação da noite, cerca de 1765. Crédito: Anton Raphael Megs. Fonte: Wikimedia commons.

 

A deusa grega Deméter

 

Sendo filha de Cronos e Reia e irmã de Zeus, Poseidon, Hades, Héstia e Hera, Deméter foi conhecida na mitologia romana como Ceres. Ela era a deusa que representava a fertilidade, a agricultura e a colheita.

Sendo elementos de extrema importância para a humanidade, é compreensível que o seu papel dentro da mitologia fosse vital. Nesse sentido, Deméter foi sempre muito adorada na Grécia Antiga.

 

Deméter e Metanira, cerca de 340 a.C. Crédito: Altes Museum. Fonte: Wikimedia commons

 

Acima de tudo, a sua história representa a mudança das estações durante o ano. Com Zeus, seu irmão, ela deu vida à Perséfones, que posteriormente seria raptada por Hades, deus do submundo. Esse evento fez com que a deusa se entristecesse tanto que a terra acabou por ficar infértil.

 

Estátua de Deméter em Londres. Crédito: British Museum. Fonte: Britannica.

 

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Com o tempo, um acordo com Hades permitiu que a sua filha passasse duas partes do ano na superfície da terra. Esse período, de alegria e, assim, fertilidade, correspondia à primavera, ao verão e ao outono. Assim, quando a filha voltava ao submundo, se instalava o inverno.

 

A volta de Perséfone, de 1891. Crédito: Frederic Leighton / Leeds Art Gallery. Fonte: Wikimedia commons.

 

Outras deusas gregas

 

E não para por aí. Entre as demais deusas gregas encontramos outras facetas da mulher como fonte de vida.

Dentre elas, Réia era a deusa da fertilidade, um aspecto fundamental para a vida na terra. Com Cronos, foi a mãe de Deméter, Hades, Hera, Héstia, Poseidon e Zeus.

Além dela, sendo um dos elementos fundamentais da criação do mundo a partir do Caos, Gaia, mãe dos titãs, era a personificação da Terra. A partir dela surgiram Urano (o Céu), Óreas (as Montanhas) e Ponto (o Mar).

 

O rapto de Proserpina (Perséfone), de 1621/1622. Crédito: Gian Lorenzo Bernini / Vila Borghese. Fonte: Wikimedia commons.

 

Já Perséfone, a filha de Zeus e Deméter que foi raptada por Hades, se tornou rainha do submundo. Sendo a deusa das flores e dos frutos, diz a lenda que ao ser raptada foi obrigada por Hades a comer uma romã, momento a partir do qual ficaria eternamente sujeita a ele. Contudo, tendo sido resgatada pelo seu irmão, Hermes, ela apenas passava um terço do ano no submundo, durante o inverno, podendo no resto do ano fazer a sua “magia” na terra.

 

As Deusas Gregas como inspiração da moda

 

Madame Grès

 

Entre muitos exemplos que poderiamos resgatar, as deusas gregas foram a grande inspiração da francesa Madame Grès (1903 – 1993). Tanto é assim que as suas peças da década de 50 poderiam perfeitamente passar por esculturas.

A estilista, que nasceu como Germaine Émile Krebs, adotou vários nomes ao longo dos anos. Por fim ela elegeu Grès, nome com o qual se projetou de vez no mundo da moda.

 

Madame Grès com seu famoso turbante. Fonte: Getty images.

 

Acima de tudo, entre as suas peças mais marcantes estão os vestidos drapeados. Todavia, Madame Grès não gostava de ser chamada de “a rainha dos drapeados”.

Os seus modelos eram feitos com tanta perfeição que a estilista chegou a ser questionada sobre como conseguia “esconder” tantos metros de tecido.

 

Exposição Madame Grès, la couture à l’oeuvre. Crédito: Jean-Luc Duponts. Fonte: Neo2.

 

Afinal, o modelo deveria valorizar o movimento natural do tecido, que quase sempre se tratava de um jérsei de seda. A cor preferida da estilista era o branco, em todas as suas nuances. Dessa forma, com um estilo clássico, um material nobre e uma cor tão discreta, as suas roupas eram dignas de deusas gregas.

Assim, a estilista vestiu as mulheres mais elegantes de sua época. Dentre elas Wallis Simpson, Vivian Leigh, Greta Garbo, Marlene Dietrich, e Grace Kelly.

Além disso, Grès fez um grande trabalho como figurinista de teatro, sendo também considerada a criadora do famoso “tubinho preto”.

 

Vestido de noite branco de Madame Grès, outono-inverno de 1976. Fonte: National Gallery of Victoria, Melbourne.

 

Prada

 

A Prada, marca que muitas vezes se coloca na contramão das tendências, é conhecida pelas suas coleções originais. Em 2009 a grife apostou nas deusas gregas como inspiração das suas peças. Como resultado esperado, a Prada foi de perto seguida por outros grandes estilistas.

 

Coleção Prada SS 2009. Fonte: Prada.

Chanel 

 

A coleção de 2018 da grife francesa Chanel também se inspirou na Grécia Antiga. A estilista Coco Chanel era de fato uma apaixonada pelo período. Entre as peças estavam vestidos drapeados e brancos somados a acessórios dourados. Além disso, ao desfile foram incluídas tiaras e fitas de cabelo em um cenário que parecia nos transportar à antiguidade.

 

Desfile da Chanel Cruise 2018. Fonte: Dazed.

 

 

Dior

 

Mais recentemente, a marca Dior também explorou o universo das deusas gregas. Do mesmo modo, o desfile Dior SS 2020 invocou Cleópatra e outras referências do mundo antigo.

Lançada na Semana de Alta Costura de Paris, a coleção desenhada pela estilista Maria Grazia Chiuri teve como tema “E se as mulheres governassem o mundo?

Como resultado da pandemia, o tema foi explorado com uma beleza singular por meio de um desfile-filme sobre o mito da Dior que é pura magia.

 

Fragmento do video ´Le Mythe Dior`. Fonte: Instagram oficial da Dior.

 

Afinal, mais do que nada, os eventos virtuais estiveram em alta nesse ano. Dessa forma, a grife também esteve presente na abertura dos desfiles virtuais de alta-costura, denominado “Whispers of Paris”.

Assim, sob a assessoria de Chiuri, a marca apresentou um elaborado video intitulado “Le Mythe Dior” (Mito da Dior). Dirigido por Matteo Garron, o mundo de sonhos com inspiração na mitologia greco-romana viralizou rapidamente. Como resultado, em apenas um dia atingiu mais de 2 milhões de visualizações.

 

Fragmento do vídeo ´Le Mythe Dior`. Fonte: Instagram oficial da Dior.

 

As Deusas Gregas: uma referência clássica que nunca sairá de moda

 

Em conclusão, o mundo clássico greco-romano é uma inspiração recorrente para a arte e a moda. Não é para menos. A força, elegância, sensualidade e empoderamento da mulher são ideias muito atuais.

Desse modo, é natural que as deusas gregas, símbolo de todos esses elementos, continuem a habitar a nossa imaginação. Antes de mais nada, as suas principais interpretações no mundo da moda são os vestidos soltos, claros e drapeados, com acessórios e calçados imponentes e confortáveis.

Logo veremos o que as coleções futuras nos reservam.

 

Por Carlos Alberto Silva.

Editado e revisado por Mariana Boscariol.

 

 

*Artigo originalmente publicado em 2009.

 

Coleção de Prada 2009

Coleção de Prada 2009

As deusas gregas foram a grande inspiração da francesa Madame Grès (1903 – 1993)

Athena / Artemis

Demeter  / Aphrodite Ourania

Madame Grès (1903 – 1993)

Prada

Fonte: www.prada.com

 

Mariana Boscariol: Mariana Boscariol é uma historiadora especialista no período moderno. Sua experiência profissional e pessoal é em essência internacional, incluindo passagens por Portugal, Espanha, Itália, Japão e o Reino Unido. Sendo por natureza inquieta e curiosa, é também atleta, motoqueira e aventureira nas horas vagas – e sempre leva um livro na bolsa!
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