Maria Thereza & Dener: peça retrata amizade entre primeira-dama e estilista

A peça Maria Thereza e Dener é inspirada no livro "Uma Mulher Vestida de Silêncio". Confira tudo sobre a obra em cartaz

Fonte: Adriana Balsanelli

A trajetória pouco conhecida da renomada primeira-dama Maria Thereza Goulart, esposa do ex-presidente João Goulart (1919 – 1976), e sua amizade com o célebre estilista Dener Pamplona de Abreu são recontadas em Maria Thereza e Dener.

O espetáculo estreou no dia 16 de março no Teatro Eva Herz em São Paulo e vai até 28 de abril. As apresentações acontecem às 20h às quartas e quinta-feiras. Confira mais detalhes sobre a obra em seguida:

Maria Thereza & Dener: sobre a peça

Fonte: Adriana Balsanelli

Acima de tudo, a adaptação teatral de José Eduardo Vendramini é inteiramente baseada no livro de Wagner William “Uma Mulher Vestida De Silêncio” (Biografia De Maria Thereza Goulart). Sendo idealizada por Angela Dippe, que divide o palco com Thiago Carreira.

A partir do acesso ao diário da primeira-dama e de uma longa série de entrevistas o jornalista conseguiu reunir relatos inéditos. Nesse sentido, tais fatos pessoais estão entrelaçados com o nefasto cenário político que se instalou no Brasil durante a Ditadura Civil-Militar (1964 – 1985), acompanhado por Maria Thereza durante o exílio da família no Uruguai.

Segundo Angela Dippe, essa história contada por Wagner “é muito leve e envolvente”. Ela achou a ideia de juntar Maria Thereza e Dener num recorte ficcional fascinante. Então levou a obra para o palco.

“Interessante colocar esta história no palco e falar de moda, imprensa, fofocas, amizade e saudade, tendo como fundo esse momento histórico tão dramático”, relatou a atriz.

Maria Thereza & Dener: a trama

Angela Dippe e Thiago Carreira, intérpretes dos personagens Thereza Goulart e Dener. Fonte: Adriana Balsanelli

A bela e sincera amizade entre Maria Thereza e Dener é usada como adereço no teatro para permitir que o público reflita sobre a volátil política brasileira da época e as consequências para o país hoje.

A jovem esposa do presidente João Goulart precisa de um costureiro-estilista de alto nível. E Dener imediatamente se oferece para o trabalho. Além de figurinista pessoal, ele também atua como conselheiro de Maria Thereza e a prepara para uma vida que se espera dela como a primeira-dama mais bonita do mundo, às vezes comparada a Jacqueline Kennedy.

Ao longo dos anos, Maria Thereza passou por mudanças significativas: de uma jovem despreparada para a vida na política à esposa do presidente João Goulart, que está prestes a ser deposto e vê na rendição a única forma de evitar revoltas, violências, guerra civil e derramamento de sangue no país.

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O que o autor e o diretor da obra têm a dizer?

Cena da peça Maria Thereza e Dener. Fonte: Adriana Balsanelli

Segundo o autor José Eduardo Vendramini, dois atores em cena foram colocados para sintetizar aquele extenso período. Ainda mais, este foi um meio de elogiar a lealdade e a amizade entre as figuras ímpares da história brasileira.

Além disso, o dramaturgo conta outros temas que a peça abrange: “a amizade incondicional, a lealdade entre pessoas afins, a peculiaridade da política nacional e latino-americana na década de 1960, da qual ainda somos herdeiros”.

Para Ricardo Grasson, diretor da obra, a história de Maria Thereza e Dener nos palcos narra tanto o marcante encontro entre eles quanto a profunda e fiel amizade que os dois haviam.

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A trajetória de Maria Thereza Goulart

Maria Thereza Goulart. Fonte: O Globo

Maria Thereza Goulart, filha de imigrantes italianos, nasceu em São Borja (RS) e carregou o símbolo da mudança por toda a vida. Antes dos 15 anos, ela morou em quatro cidades diferentes. Nas férias de verão em São Borja, a adolescente recebeu uma missão: entregar uma carta ao empresário e político João Goulart.

Após 14 anos, agora casada com o Presidente da República e mãe de dois filhos pequenos, a senhora Goulart enfrentaria a mudança mais atribulada não só na sua vida, mas também na vida de uma nação.

Ela se sentiu compelida a ceder às pressões e embarcar em um avião com os filhos na Granja do Torto, Brasil, com destino ao Uruguai. Um golpe cívico-militar derrubou o governo de seu marido.

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Começou um exílio que só terminaria, para ela, quando se cumprisse a profecia de Jango, feita em abril de 1964: “Vais voltar viúva e com um neto no colo”. Assim sendo, sem formas de se defender, ela se tornou alvo de campanhas difamatórias dos inimigos políticos do marido.

Impedida de visitar o velório da mãe devido à ameaça de prisão, ela então chorou em um cais à margem do rio que separa a Argentina da cidade onde nasceu. Tais fatos não foram noticiados nos jornais, enquanto mentiras sobre compras caríssimas de roupas inundaram as páginas dos jornais brasileiros. Insatisfeita com a imagem que foi obrigada a apresentar quando era primeira-dama, decidiu enfrentar a tirania da imprensa explodindo um telegrama endereçado ao Diário Carioca. “Me esqueçam”, disse ela em uma mensagem clara aos colunistas sociais.

A trajetória de Dener Pamplona

Dener Pamplona. Fonte: Cultura 930

Nascido no dia 3 de agosto de 1937 em Soure, no estado do Pará, Dener Pamplona de Abreu infelizmente não teve uma vida muito longa. Afinal, o estilista faleceu em São Paulo no dia 9 de novembro de 1978, com apenas 41 anos.

Entretanto, ainda que curta, a sua vida foi muita intensa e badalada, e o seu nome resiste como uma das principais referências da moda “Made in Brazil“.

Dener caiu no gosto de muitas mulheres importantes. Ele se tornou tão conhecido no cenário brasileiro que em 1963 foi escolhido como estilista oficial da primeira-dama do Brasil, Maria Thereza Goulart (1940), mulher do presidente João Goulart.

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“Uma Mulher Vestida de Silêncio”, o livro que inspirou a peça

Livro “Uma Mulher Vestida de Silêncio”. Fonte: Imagem de Denise Pitta

“Uma Mulher Vestida de Silêncio” é a biografia de Maria Thereza Goulart, viúva do ex-presidente João Goulart, o Jango. Este livro é consequência de um trabalho árduo de pesquisas realizadas por cerca de 13 anos pelo jornalista Wagner William.

Sobre Maria, o livro revela que além dela ter sido impedida de acompanhar os enterros dos seus pais no Brasil, sob ameaça de prisão, houveram outras “humilhações” sofridas. Ela chegou a ser presa no Uruguai, tendo ficado incomunicável e sofrido suborno de um policial para poder fazer uma ligação.

Além disso, ela também foi presa no Brasil, em Rio Grande do Sul. A obrigaram tirar a roupa enquanto estava sendo levada em um jipe. Mas Maria nunca contou a Jango para não deixá-lo mais aborrecido. Inclusive, ela notou que, ao receber autorização para se vestir novamente, estava sendo observada por outras pessoas através de uma única janela que havia na sala.

Denise Pitta CEO do Fashion Bubbles, Angela Dippe que interpreta Maria Thereza, Wagner William, autor do livro “Uma Mulher Vestida de Silêncio”, que inspirou a peça, e Flávio Helder da BFV Cultura e Esporte. Fonte: imagem de Denise Pitta

Vai assistir à peça? Ela está disponível até o dia 28 de abril no Teatro Eva Herz, em São Paulo. Então aproveite e siga o perfil da obra Maria Thereza e Dener no Instagram: @mariatherezaedener.

Conclusão

Criada por José Eduardo Vendramini, a peça Maria Thereza e Dener tem inspiração no livro “Uma Mulher Vestida de Silêncio”, de Wagner William. A obra em cartaz na Avenida Paulista tem direção de Ricardo Grasson.

Em resumo, a amizade entre a primeira-dama do Brasil e seu estilista são retratadas na peça, tendo como pano de fundo a Ditadura Militar e o exílio da família Goulart.

Dessa forma, para conferir mais sobre dicas de literatura, novidades do cinema e curiosidades do mundo da música acompanhe nossa categoria Arte e Cultura.

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Laila Lopes: 26 anos, mineira (atualmente morando na região serrana do RJ) e amante de seus bichos: 2 cachorros e muitos peixinhos. Redatora digital há 4 anos, com mais de 2000 artigos publicados na internet

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