Donatella Versace e Stella McCartney, ambas de preto, se abraçando

Mulheres são minoria na moda de luxo: veja quais grifes internacionais são comandadas por elas

Em meio a trocas por homens, nomes como Stella Stella McCartney e Veronica Leoni representam as mulheres na direção criativa da moda de luxo

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As mulheres são maioria no mundo, dominam o consumo de moda – tanto nas prateleiras das maisons quanto no fast fashion – e também estão à frente nos estudos. Um levantamento da plataforma 1Granary, divulgado em fevereiro deste ano, revelou que 74% dos estudantes de cursos de moda ao redor do mundo são do gênero feminino. Mas, paradoxalmente, mulheres continuam sendo minoria na direção criativa da moda de luxo.

Nesse sentido, a recente saída de Maria Grazia Chiuri da Dior reacendeu esse debate. Após quase uma década à frente da direção criativa da grife francesa, ela passou o bastão para Jonathan Anderson. Com isso, atualmente, menos de 12% das grifes contam com mulheres nesse cargo. Em seguida, confira mais algumas dessas trocas e veja quais são as poucas mulheres que ainda vigoram nesse mercado tão influente quanto desigual.

Trocas de mulheres por homens na moda de luxo

A substituição de mulheres por homens em cargos criativos de prestígio na moda de luxo tem se tornado um padrão recente no mundo. Em uma indústria que se alimenta da inovação e da sensibilidade, essas mudanças levantam questões sobre o que (ou quem) é valorizado na hora de definir o novo rosto de uma maison.

Miuccia Prada de vestido azul marinho ao lado de Donatella Versace de vestido roxo
Fonte: Instagram @donatella_versace
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Mais do que simples trocas de nomes na direção criativa, elas carregam implicações simbólicas e práticas sobre a representatividade de gênero (e cor, mas isso é assunto para outra hora) no setor de luxo.

De Maria Grazia Chiuri para Jonathan Anderson na Dior

O caso mais recente de saída de uma mulher na moda de luxo para a entrada de um homem. Em maio de 2025, Maria Grazia Chiuri encerrou seu ciclo na Dior, marca que ajudou a redefinir desde 2016 com um olhar sensível, político e feminino.

Primeira mulher a ocupar a direção criativa da maison desde sua fundação, em 1946, Chiuri reinterpretou com sutileza os códigos da grife. Assim, os traduziu em coleções que dialogavam com o feminismo, a dança, o tarot e a inclusão.

Agora, quem assume o posto é Jonathan Anderson, estilista norte-irlandês que comandava a Loewe desde 2013. Nome respeitado por seu trabalho criativo e conceitual, Anderson será responsável por todas as frentes da marca: feminina, masculina e alta-costura.

De Donatella Versace para Dario Vitale na Versace

Outro exemplo dentre as mulheres a deixarem um cargo histórico na moda de luxo foi Donatella Versace. Isso porque em março de 2025, se despediu da grife fundada por seu irmão Gianni. Desde 1997, após a morte de Gianni, Donatella não apenas manteve o legado da marca como o atualizou com sua própria identidade criativa.

Durante 28 anos, consolidou a Versace como uma marca pop e sensual, apostando na força das celebridades e na ousadia das passarelas.

Em seu lugar, entra Dario Vitale, vindo da Miu Miu, onde atuava como diretor de design e imagem. Vitale será o primeiro estilista fora da família a ocupar o cargo, numa transição simbólica que encerra uma era para a grife italiana.

De Virginie Viard para Matthieu Blazy na Chanel

Virginie Viard, que comandou a direção artística da Chanel durante cinco anos, anunciou sua saída em 2024. Desse modo, encerrou um ciclo que começou em 2019 após a morte de Karl Lagerfeld. Com uma trajetória que remonta a 1987, quando entrou como estagiária na casa francesa, foi vice de Lagerfeld por décadas.

No lugar dela, a Chanel anunciou Matthieu Blazy como novo diretor criativo. Blazy iniciou sua carreira na Balenciaga e passou por grandes nomes como Maison Margiela, Céline, Raf Simons e Calvin Klein. Reconhecido por sua estética minimalista, refinada e funcional, Blazy foi diretor criativo da Bottega Veneta entre 2021 e 2024.

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De Sarah Burton para Seán McGirr na Alexander McQueen

Durante 13 anos, Sarah Burton esteve à frente da Alexander McQueen. Assumiu o posto em 2010, após a morte de Lee Alexander McQueen, de quem foi braço direito por anos. Sua permanência foi marcada por uma leitura sensível e sofisticada do legado do estilista, menos voltada ao choque e mais à exaltação do trabalho artesanal.

Assim, criou imagens potentes e coleções memoráveis, sendo responsável, por exemplo, pelo vestido de noiva de Kate Middleton, em 2011. Porém, em novembro de 2023, sua saída da maison britânica marcou mais uma perda de protagonismo feminino entre as grandes marcas de luxo.

Para substituí-la, o grupo Kering nomeou o irlandês Seán McGirr, até então responsável pela linha masculina da JW Anderson. Com passagens por grifes como Dries Van Noten, Burberry e Uniqlo, McGirr está no comando de uma marca fortemente associada a um olhar feminino sobre o vestuário — agora, mais uma vez, sob direção masculina.

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Quais mulheres ainda são diretoras criativas na moda de luxo?

Apesar das conquistas recentes, o número de mulheres no comando criativo na moda de luxo ainda é surpreendentemente pequeno. A presença feminina nesse topo da indústria segue como exceção — e não regra — mesmo em 2025. Algumas poucas diretoras criativas, no entanto, continuam firmes em seus cargos. Confira!

Miuccia Prada (Miu Miu e Prada)

Miuccia Prada Bianchi é uma das mulheres que ocupa um lugar de destaque na indústria da moda de luxo, atuando como codiretora criativa da Prada ao lado de Raf Simons e como diretora criativa da Miu Miu. Em abril de 2024, ela também assumiu o cargo de diretora executiva da empresa.

Com uma trajetória marcada por liderança e inovação, presidiu o conselho da Prada entre 2003 e 2014 e foi co-CEO da companhia junto ao marido Patrizio Bertelli até o início de 2023.

Graduada com PhD em ciências políticas, Miuccia ingressou nos negócios da família em 1978, iniciando sua carreira criativa em 1985 ao desenhar acessórios que foram sucesso imediato. A partir daí, desenvolveu coleções que elevaram a Prada a uma das grifes italianas mais respeitadas e influentes no mundo da moda.

Silvia Venturini Fendi (Fendi)

Silvia Fendi de camisa bege e blazer preto ao lado de Karl Lagerfeld, de terno
Fonte: Instagram @silviaventurinifendi

Silvia Venturini Fendi é diretora criativa de acessórios, moda masculina e moda infantil na Fendi. Neta de Adele Casagrande, fundadora da marca em 1925, é atualmente a única representante da família Fendi ainda atuante na maison.

Assim, construiu uma carreira sólida dentro da própria empresa, passando por áreas como marketing — com passagem por Los Angeles — e coordenação de desfiles e ações promocionais. Em 1987, lançou a Fendissime, linha secundária da marca voltada a um público mais jovem.

Ademais, assumiu oficialmente o cargo em 1994 e, desde 2000, também comanda as coleções masculinas. Uma de suas maiores contribuições à moda de luxo foi a criação da bolsa Baguette, lançada em 1997, que se tornou um ícone cultural e rendeu à marca o prêmio Fashion Group International de acessórios em 2000.

Mulheres na moda de luxo: Veronica Leoni (Calvin Klein)

Foto em preto e branco de Veronica Leoni usando camisa e terno
Fonte: Instagram @veronicaleoni

Em 2024, a italiana Veronica Leoni assumiu a direção criativa da Calvin Klein, tornando-se a primeira mulher a liderar a marca. Sua estreia aconteceu durante a New York Fashion Week, marcando o retorno da grife às passarelas após quase sete anos. Aos 41 anos, é uma das mulheres com um currículo de peso na moda de luxo.

Começou sua trajetória na Jil Sander, ainda sob o comando da própria fundadora, e passou por marcas como Moncler, Céline e The Row, onde atuou como diretora de design. Em sua passagem pela Céline, teve como colegas nomes como Peter Do e Matthieu Blazy — hoje também protagonistas no cenário fashion internacional.

Além de atuar em grandes maisons, Leoni fundou sua própria marca, a Quira, em 2021. Na Calvin Klein, é responsável por todas as categorias de produto — roupas, acessórios e peças íntimas masculinas e femininas.

Mulheres na moda de luxo: Nadège Vanhee‑Cybulski (Hermès)

Desde julho de 2014, Nadège Vanhee‑Cybulski assumiu o posto de diretora artística de prêt‑à‑porter da Hermès, substituindo Christophe Lemaire. Formada em moda pela Royal Academy of Fine Arts, na Bélgica, ela iniciou sua carreira na tradicional marca belga de acessórios Delvaux.

Em seguida, atuou em grifes renomadas como Maison Martin Margiela (2005‑2008) e Céline, durante a era de Phoebe Philo (2008‑2011). Posteriormente, teve um importante papel na The Row, onde foi diretora de design até 2014, quando recebeu o convite para integrar uma das casas mais cobiçadas do luxo francês.

Desde então, sua assinatura refinada e elegante redefine o prêt‑à‑porter da Hermès, fundindo a herança artesanal da maison com uma estética contemporânea e discreta — uma moda de luxo para a mulher sofisticada e prática.

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Camille Miceli (Pucci)

Camille Miceli usando blusa preta, saia abstrata bege e preta
Fonte: Instagram @camillemiceli

Mais um exemplo dentre as mulheres que conquistaram, pela primeira vez, o posto máximo de criação em uma marca de moda de luxo é Camille Miceli.

Em 2021, a designer franco-italiana foi nomeada diretora criativa da Pucci — cargo que estava vago desde 2017, quando Massimo Giorgetti deixou a maison para focar em sua marca própria. Camille chegou com uma trajetória singular no universo da moda: ela iniciou sua carreira na área de comunicação.

Atuou na assessoria de imprensa da Chanel antes de migrar para a Louis Vuitton durante a era Marc Jacobs, retornando anos depois, já sob o comando de Nicolas Ghesquière, como diretora de acessórios femininos. Além disso, também acumulou experiências na Dior, nas fases de John Galliano e Raf Simons.

Mulheres na moda de luxo: Chemena Kamali (Chloé)

Chemena Kamali de blusa bege sentada à mesa com fotos
Fonte: Instagram @chemena

Natural de Dortmund, na Alemanha, Chemena Kamali estudou na Universidade de Trier e fez mestrado na Central Saint Martins. Durante a graduação, decidiu se candidatar a um estágio na Chloé, onde admirava o trabalho de Karl Lagerfeld e Phoebe Philo.

Sem marcar entrevista, ela levou seu portfólio pessoalmente até a sede da marca em Paris e, após insistência e espera, conseguiu uma chance que mudou sua carreira. Em 2013, Chemena voltou à Chloé como diretora de design sob Claire Waight Keller. Depois, trabalhou em marcas como Saint Laurent, Alberta Ferretti e Strenesse.

Posteriormente, em outubro de 2023, realizou seu sonho ao ser anunciada diretora criativa da Chloé. Com isso, assumiu o legado de liberdade feminina na moda — um traço histórico da maison fundada por Gaby Aghion, uma das poucas marcas de luxo comandadas por mulheres.

Mulheres na moda de luxo: Sandra Choi (Jimmy Choo)

Selfie de Sandra Choi com estátua segurando sacolas da Jimmy Choo
Fonte: Instagram @sandrachoiofficial

Sandra Choi, sobrinha do próprio Jimmy Choo, é diretora criativa da marca desde sua fundação, em 1996. Nascida na Ilha de Wight, no Reino Unido, e criada em Hong Kong, Sandra mudou-se para Londres na adolescência. Lá, trabalhou com seu tio no ateliê do East End, atendendo a clientes da alta sociedade, como a Princesa Diana.

Formada em Design de Moda pela Central Saint Martins, optou por dedicar-se integralmente ao design e à gestão do ateliê. Assim, aperfeiçoou sua expertise na criação de sapatos de alta costura.

Sob sua direção criativa, a marca ganhou destaque no tapete vermelho, com celebridades como Halle Berry, Cate Blanchett e Natalie Portman usando seus sapatos e bolsas.

Pelagia Kolotouros (Lacoste)

Foto em preto e branco de Pelagia Kolotouros com camiseta da Lacoste
Fonte: Instagram @pelagia.kolotouros

Mais um exemplo de como as cadeiras de direção criativa na moda de luxo — historicamente ocupadas por homens — começam a abrir espaço para as mulheres. Em junho de 2023, Pelagia Kolotouros foi anunciada como diretora criativa da Lacoste, tornando-se apenas a segunda mulher a liderar a criação da marca francesa.

Formada pela prestigiada Parsons School of Design, em Nova York, Pelagia construiu uma carreira marcada por colaborações entre moda e cultura pop. Foi na Adidas que participou da fundação da Yeezy, linha de Kanye West, além de liderar collabs com Beyoncé (Ivy Park) e Pharrell Williams, atual diretor criativo da Louis Vuitton masculina.

Além disso, também passou pela Calvin Klein, como diretora de design masculino, e pela The North Face, onde ocupou o cargo de diretora criativa global. Agora, na Lacoste, leva sua assinatura esportiva e contemporânea para uma maison em transformação.

Mulheres na moda de luxo: Stella McCartney (Stella McCartney)

Foto de Stella McCartney de vestido branco ombro a ombro do Met Gala 2025
Fonte: Instagram @stellamccartney

Filha do ex-Beatle Paul McCartney e da fotógrafa e ativista Linda McCartney, Stella McCartney cresceu cercada por arte, música e valores humanistas. Esse ambiente influenciou profundamente sua visão de mundo e, mais tarde, sua abordagem na moda.

Desde 2001, ela comanda a direção criativa da marca que leva seu nome. Formada pela prestigiada Central Saint Martins, Stella se destacou ainda na graduação, quando contou com supermodelos como Kate Moss e Naomi Campbell em seu desfile final.

Em 1997, assumiu a direção criativa da Chloé, trazendo uma estética feminina, elegante e descomplicada. Mas foi ao fundar sua própria marca que ela realmente imprimiu sua identidade. Isso porque ela é pioneira do luxo sustentável, recusando o uso de couro, peles e outros recursos de origem animal.

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Sarah Burton (Givenchy)

Após 26 anos na Alexander McQueen, em setembro de 2024 Sarah Burton tornou-se diretora criativa da Givenchy. A estilista britânica sucede Matthew M. Williams e assume o desafio de renovar a identidade da grife, trazendo consigo décadas de experiência e um olhar autoral reconhecido pela indústria.

Formada pela Central Saint Martins, Burton ingressou na Alexander McQueen ainda como estagiária, em 1996 — antes mesmo de concluir o curso. Em 2000, ela já era diretora das coleções femininas e, após a morte do fundador, em 2010, assumiu a direção criativa da marca, tarefa que cumpriu com respeito, sensibilidade e inovação.

Conclusão

Apesar de avanços recentes com mulheres na direção criativa, como Chemena Kamali e Veronica Leoni, a moda de luxo ainda é majoritariamente comandada por homens. Figuras como Miuccia Prada e Silvia Venturini Fendi provam a força das mulheres na criação, mas a presença feminina no topo segue sendo exceção.

Assim, o desafio agora é transformar essas exceções em regra, para que o futuro da moda reflita, de fato, a diversidade e complexidade de quem a consome e a inspira todos os dias. Ademais, veja 7 brasileiras que estiveram na Paris Fashion Week de Outono/Inverno. Isso e muito mais você acompanha em nossa categoria sobre moda!

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