A Páscoa Judaica e Cristã: entenda a celebração e o quê ela representa

Sendo um rito celebrado por Judeus e Cristãos, conheça melhor o porquê de se comemorar a Páscoa Judaica e a Cristã e o quê elas representam.

"A Última Ceia" de Juan de Juanes, c. 1562. Crédito: Museo del Prado. Fonte: Wikimedia commons.

Ela é uma das principais datas comemorativas do judaísmo e do cristianismo, mas, afinal, o quê se comemora na Páscoa Judaica e na Cristã?

Ainda que para muitos esse não passe de um grande feriado e uma desculpa para comer muito chocolate, a história da Páscoa é muito antiga: ela conta mais de 3000 anos para os judeus e mais de 2000 anos para os cristãos. Nessa época do ano, o que se celebra em comum entre os dois grupos é a noção de “Passagem” ou “Transformação”.

Contudo, assumindo sentidos diferentes para o judaísmo e o cristianismo, entenda com mais detalhes o que então a Páscoa Judaica e a Cristã celebram e representam.

 

Ilustração da prisão de Jesus no Livro de Kells do século IX, Folio 114v. Fonte: Wikimedia commons.

 

 

O início do culto entre os judeus 

 

Há mais de 3000 anos, o povo judeu foi libertado da sua escravidão no Egito pelo faraó Ramsés II. Através da intervenção de Moisés, e após as 10 pragas lançadas por Deus no Egito, o faraó então aceitou libertar o povo de Israel depois que a última praga causou a morte do seu primogênito.

Nesse meio tempo, os judeus foram instruídos a marcar as suas casas com o sangue de um cordeiro sacrificado, o que serviria para distinguir onde a praga deveria ou não ser lançada. Desta forma, com essa prática, a praga passou pela casa dos judeus e seus primogênitos não foram mortos.

 

Ilustração da fuga do Egito, de 1907. Crédito: Providence Lithograph Company. Fonte: Wikimedia commons.

 

A libertação dos judeus do Egito passou então a ser conhecida em hebraico como Pessach, que significa passagem. Essa celebração corresponde à Páscoa Judaica, também conhecida como “Festa da Libertação”.

Então guiados por Moisés, os judeus bateram em retirada o mais rápido possível, sem dar tempo de fermentar o pão.

Assim, após a grande fuga e a travessia do Mar Vermelho, que lhes permitiu a passagem (Pessach), os judeus celebraram o feito comendo o pão sem nenhum fermento, que então foi assado ao sol.

Conhecido como Matzá (em hebraico מַצָּה, também pode ser chamado de Matza, Matzoh, Matzo, Matsah, Matsa e Matze), esse pão continua a ser consumido na celebração da Páscoa judaica, sendo um dos principais símbolos dessa importante data.

 

O pão sem fermento Matzá. Crédito: Yoninag. Fonte: Wikimedia commons.

 

A celebração com Jesus

 

Com o objetivo de participar da festividade judaica, Jesus de Nazaré entrou em Jerusalém em um domingo quando se contava 1000 anos da libertação do povo judeu de sua escravidão no Egito.

Montado em um burro, Jesus foi então saudado por homens e mulheres que traziam nas mãos ramos de palmeiras e mantos para cobrir-lhe o caminho pelo qual passava.

 

Pintura da entrada de Jesus em Jerusalém, de 1320. Crédito: Pietro lorenzetti. Fonte: Wikimedia commons.

 

Este dia, conhecido dentro da celebração cristã como Domingo de Ramos, foi o primeiro dia da semana de celebração do “Pessach“, a grande festa judaica em Jerusalém e o final da Quaresma: os 40 dias que Jesus passou no deserto em retiro, reflexão e jejum.

Naquela semana, Jesus expulsou os vendilhões do templo como forma de marcar aquele lugar como sagrado e próprio apenas para orações e reflexões, e não para o comércio.

Na quinta-feira seguinte, Jesus fez uma ceia com seus discípulos no que seria a noite da Páscoa dos judeus (Pessach), na qual era servido o pão ázimo (Matzá, sem fermento).

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Foi nessa ocasião, conhecida como a “Última Ceia”, que ficaram marcados três gestos de Jesus: a Eucaristia (a partilha do pão e do vinho, símbolos do corpo e sangue de Cristo), o Lava-pés (Em um ato de humildade, Jesus lavou os pés dos apóstolos, dando origem ao que hoje se conhece entre os cristãos com a missa de lava-pés), e a instituição do Sacerdócio.

 

Lava-pés. Mosaico na Catedral de Monreale. Fonte: Wikimedia commons.

 

A Morte e Ressurreição de Cristo

 

A Sexta-feira Santa (também denominada Sexta-feira da Paixão ou Sexta-feira Maior) corresponde ao dia da crucificação de Jesus Cristo e de sua morte no Calvário. É o segundo dia do Tríduo Pascal (Triduum Paschale), que representa a Paixão, Morte e Ressureição de Cristo. Além disso, ele também pode coincidir com a data da Páscoa judaica.

Como uma das suas práticas mais conhecidas, na Sexta-feira Santa se requere a abstinência de carne. Afinal, a Igreja pede ao seus filhos que se silenciem para relembrar a Paixão e Morte de Jesus Cristo.

Então o Domingo da ressurreição ficou conhecido como a Páscoa cristã, que assim celebra a passagem e transformação da morte de Jesus à vida eterna.

 

A Ressureição de Cristo, de 1625. Crédito: Alonso López de Herrera. Fonte: Wikimedia commons.

 

A Páscoa Judaica e Cristã: uma celebração milenar

 

Em resumo, a tradição da celebração tanto da Páscoa Judaica como da Cristã é milenar.

Entretanto, entre os cristãos, a história da festa com ovos de chocolate e o famoso coelho da Páscoa é muito mais recente, tendo tido muitas versões com o passar do tempo. Entre as mais aceitas está a de que o ovo representa o surgimento de uma nova vida e que o coelho, por sua vez, simboliza a fertilidade (reprodução de novas vidas).

Quer saber mais sobre esses e outros símbolos da Páscoa? Leia aqui a História do Ovo de Páscoa e o significado de outros elementos pascais.

 

Feliz Páscoa!

Por Carlos Alberto Silva.

Revisado e editado por Mariana Boscariol.

 

 

 


Imagem via Portal Angels e Loja das Canecas

 

 

Mariana Boscariol: Mariana Boscariol é uma historiadora especialista no período moderno. Sua experiência profissional e pessoal é em essência internacional, incluindo passagens por Portugal, Espanha, Itália, Japão e o Reino Unido. Sendo por natureza inquieta e curiosa, é também atleta, motoqueira e aventureira nas horas vagas – e sempre leva um livro na bolsa!
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