Três modelos de vestido da moda dos anos 20

Moda Anos 20 e a Identidade Brasileira na Moda

Seguindo de perto aquilo que se passava na Europa, a moda dos anos 20 trouxe um estilo mais leve e vivo. Conheça melhor a época!

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Dando continuidade ao nosso estudo sobre a identidade brasileira na moda, vamos analisar qual foi a evolução da moda nos anos 20. Em uma época de desenvolvimento econômico e crescimento urbano das cidades, o setor nacional, ainda que de maneira tímida, então começava a ganhar cada vez mais força.

 

Qual era a Moda dos Anos 20?

 

Mulher posando com vestido e chapéu dos anos 20
Atriz Louise Brooks nos anos 20. Desde então, a tendência eram os vestidos mais curtos e menos marcados, e o chapéu em estilo clouchê. Crédito: Library of Congress. Fonte: Wikimedia commons

 

Após o fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) veio um período de maior calma e pujança. Não por menos, a moda ressurgiu com mais estilo e vida. Antes de mais nada, os chamados “Anos Loucos” (Roaring Twenties) foram uns dos mais icônicos para a história da moda ocidental.

Mas, qual as principais características da roupa desse período? Acima de tudo, os vestidos se tornaram mais curtos e soltos, com a cintura mais baixa e menos marcada.

 

Retrato de mulher posando com chapéu dos anos 20
A atriz Greta Garbo nos anos 20. Antes de mais nada, o cinema se tornou um dos principais lançadores de moda do período, e a referência seguia sendo a moda francesa. Fonte: Wikimedia commons.

 

Nessa altura, os chapéus Clochê faziam a cabeça das mulheres. Eles quase cobriam os seus olhos, dando para aquela que o levava um pouco de privacidade e decoro. Além disso, ganhava cada vez mais destaque um estilo mais andrógeno, ainda que ele sofresse muita resistência.

Seja como for, assim como nos períodos anteriores, a moda brasileira seguia sendo um espelho da moda francesa. Os grandes nomes da alta-costura no período eram, por exemplo, Coco Chanel, Jeanne Lanvin,  and Paul Poiret.

 

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A Moda dos Anos 20 no Mundo

 

Nesse tempo de plena recuperação econômica e social, as mulheres de classe média e alta passaram a adotar um estilo cada vez mais ousado.

Por exemplo, o tailleur, traje criado por Coco Chanel, passou a ser um dos modelos mais inovadores e populares da época. Antes de mais nada, o modelo servia à afirmação da mulher, expressando ao mundo a sua força  e seriedade.

 

Coco Chanel posando ao lado de um cachorro
A estilista Gabrielle “Coco” Chanel posando com calça e blusa em estilo marinheiro, em 1928. À época, o uso de calças ainda não era comum entre as mulheres, chegando inclusive a ser proibido em alguns lugares. Fontes: Wikimedia commons

 

Posteriormente, o modelo veio a ser adaptado para um versão mais próxima à masculina, o terninho feminino. Entretanto, o uso de calças pelas mulheres ainda não era bem aceito pela sociedade, e o estilo demorou a virar tendência.

Nesse meio tempo, o mundo do cinema então projetava modelos de mulheres cada vez mais destemidas, sensuais e poderosas. Entre elas, por exemplo, aquela que é considerada a primeira “It girl”, a atriz Clara Bow.

 

Mulher posando com roupa e chapéu pretos
A atriz Clara Bow em 1921. Acima de tudo, as atrizes do cinema eram símbolo de ousadia e sensualidade em uma época ainda muito conservadora. Crédito: Nikolas Muray. Fonte: Wikimedia commons

 

 

A emancipação feminina

 

Seja como for, essas ideias se refletiram em uma verdadeira revolução na moda e cidadania dos anos 20 e 30, tendo como máxima expressão as saias mais curtas.

Como resultado, parte da sociedade condenou e censurou as mulheres que adotassem o estilo através de decretos. Desse modo, a justiça passou a estabelecer qual o comprimento ideal das saias e vestidos, impondo multas e mesmo prisão àquelas que desobedecessem.

Claro, essa lei foi em vão. Sendo explorada por grandes estilistas como Jacques Doucet, que sentiram a urgência de superar ideias tradicionais e retrógradas, as saias mais curtas revelaram o anseio por uma afirmação feminina mais forte.

Afinal, as mulheres, principalmente as mais jovens, já não aceitavam ficar em casa escondidas.

 

  • Jacques Doucet começou a mostrar as ligas rendadas subindo a altura das saias. Saiba mais sobre ele aqui e aqui.

 

Década de 20 no Brasil

 

Nesse meio tempo, com a riqueza dos produtores de café brasileiros, os seus filhos puderam estudar na Europa – principalmente em Portugal. Como resultado, surgiu um círculo de brasileiros abastados que estavam em contato com as correntes modernistas em pleno fervor intelectual e artístico fora do país.

Esses jovens foram então impulsionados a questionar a arte e os valores da época, apregoando um primeiro movimento nacionalista no país. Esse, acima de tudo, passou a valorizar a cultura autóctone do Brasil e a refletir sobre o que de fato seria uma identidade brasileira.

 

Grupo de artistas modernistas
Mário de Andrade (sentado), Anita Malfatti (sentada, ao centro) e Zina Aita (à esquerda de Anita), em São Paulo, Brasil, 1922. Antes de mais nada, a Semana de Arte de 22 abriu um movimento de valorização da cultura brasileira na arte. Fonte: Wikimedia commons

 

O ápice desse movimento resultou na organização da Semana de Arte Moderna, realizada no ano de 1922. O motivo por trás do evento era a celebração do centenário da independência do Brasil com relação a Portugal.

Acima de tudo, a comemoração teve como objetivo renovar o mundo artístico e cultural paulistano, trazendo em evidência o que era mais atual à época em termos de escultura, arquitetura e outras artes (Correio Paulistano, 1922).

Assim, tendo decorrido durante a República Velha (1889-1930), a Semana de Arte Moderna tentava confrontar uma sociedade ainda muito antiquada, oligárquica e conservadora.

 

A Semana de Arte Moderna de 22

 

Tarsila do Amaral nos anos 20
Tarsila do Amaral em sua exposição de 1929. A artista foi um dos principais ícones do modernismo no Brasil. Fonte: Wikimedia commons.

 

À frente do movimento estava Anita Malfatti (1889-1964), Oswald de Andrade (1890-1954), Mário de Andrade (1893-1945) e Menotti Del Picchia (1892-1988). Posteriormente, com eles a artista Tarsila do Amaral (1886-1973) formaria o denominado Grupo dos Cinco.

Em 1928, o escritor modernista Oswald de Andrade publicou o Manifesto Antropofágico. Essa obra, de importância crucial dentro da construção da identidade brasileira, teve como grande inspiração o quadro Abaporu (antropófago em indígena), pintado por Tarsila.

Primeiramente, a essência do manifesto era a necessidade de devorar a estética europeia para transformá-la numa arte de fato brasileira (Proença, 2001).

 

 

A Identidade Brasileira na Moda dos anos 20

 

Mulher vestidas com a moda dos anos 20
Jovens brasileiras saudam os monarcas belgas ao chegarem em Belo Horizonte, Minas Gerais. 1920. Fonte: Wikimedia commons

 

Entretanto, apesar do movimento cultural em efervescência buscar resgatar as raízes brasileiras, a moda do Brasil seguia sendo uma cópia do que se encontrava na França.

Em outras palavras, apesar do clima e das diferenças com respeito às estações, a moda dos anos 20 ainda era refém daquilo que se produzia fora do país.

Como exemplo dessa realidade, temos a própria Tarsila do Amaral, que se casou com um vestido do estilista francês Paul Poiret.

 

Retrato de mulher com penteado dos anos 20
Jornalista e atriz brasileira Eugênia Álvaro Moreyra, anos 20. Fonte: Wikimedia commons

 

Nesse meio tempo, no âmbito da moda do período surgiu a melindrosa, figura criada pelo caricaturista J. Carlos. Essa também se tornou uma referência para a mulher brasileira da época, vindo a indicar uma mais clara tendência à sensualidade – traço que figura entre os principais da moda brasileira até os dias de hoje.

O termo, típico da moda dos anos 20, se refere ao novo visual das mulheres jovens que deixaram de lado o espartilho e passaram a usar saias mais curtas. Além disso, os cabelos também foram encurtados, seguindo o famoso estilo à la garçonne ou bob cut.

 

A evolução do setor da moda

 

Mulheres posando sentadas com a moda dos anos 20
Primeiras eleitoras do Brasil, Natal, Rio Grande do Norte. Crédito: Arquivo Nacional. Fonte: Wikimedia commons

 

Em 1927, o Mappin Stores – loja pioneira direcionada para a elite paulistana, que então se destacava por vender mercadorias importadas – , realizou o primeiro desfile de moda em uma loja da cidade. Desde então, os seus desfiles passaram a ser realizados duas vezes ao ano, uma no inverno e outra no verão (Zuleika Alvim).

Esse era um indício dos novos tempos, que traziam uma renovação gradual, ainda que lenta, do mercado da moda no Brasil.

Por fim, a década terminou com um grande choque. Afinal, em 1929 aconteceu o crash da bolsa de Nova York, episódio que resultou na quebra do império do café no Brasil.

Entretanto, o final dessa década ainda reservava um fato determinante e positivo para a moda. Desde então, surgiu Mena Fiala no cenário da moda nacional, a criadora talentosa de vestidos de noiva que se consolidou no setor a partir da década de 30.

 

  • Agora, que tal saber mais em A Casa Canadá: história do centro pioneiro da alta-costura no Brasil?

 

Por Denise Pitta.

Editado e atualizado por Mariana Boscariol.

 

*Este é um trecho do relatório final da pesquisa Moda e Identidade Brasileira, feito por Denise Pitta de Almeida em 2003 à Faculdade de Moda da UNIP.

 

Logo depois, veja mais fotos do período:

 

Modelos de vestido dos anos 20
Modelos de 4 estilistas da moda dos anos 20. Fonte: Wikimedia commons
Ilustração de um vestido de Jeanne Lanvin dos anos 20
Ilustração de Jeanne Lanvin dos anos 20. Fonte: Wikimedia commons
Pintura dos anos 20 com um casal
Pintura de Hugo Boettinger com a moda dos anos 20, de 1927. Fonte: Wikimedia commons.

 

 

 

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