O que é o peixe cação? O perigo do consumo para espécies em extinção

Saiba quais animais podem ser vendidos como cação e confira os perigos que esse consumo oferece ao meio ambiente

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No Brasil, o consumo de peixes nas refeições é bastante comum, especialmente nas regiões norte e nordeste do país. Dentre as diversas espécies que estão disponíveis nos mercadões e comércios especializados está o cação. Mas você sabe o que ele é?

Um dos principais critérios na hora de escolher um peixe prático para preparar e comer é não ter espinhos. Por isso, o cação é adorado pela população. Porém, o consumo acelerado dessa espécie tem acendido um alerta nos biólogos: a extinção do tubarão.

O que é o cação?

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Quando você vai ao mercado comprar um peixe, você provavelmente já deve ter reparado que muitos deles estão expostos por inteiro, com pele, escamas e olhos. Mas isso não acontece com o cação, que costuma estar sempre limpo e já fatiado.

O motivo é que o cação nada mais é do que um tubarão ou raia, podendo ser filhote ou adulto. O nome “cação” é dado devido a cartilagem no qual a carne é formada. Por isso, ela acaba sendo uma opção barata para consumo.

Segundo a Sea Shepherd Brasil, nosso país é o maior consumidor e importador de carne de tubarão do mundo. Porém, em meio a esse alto consumo, é preciso ficar atento na hora da compra.

Atualmente, não há nenhuma legislação ou fiscalização que exija uma rotulagem que identifique qual espécie de tubarão ou raia que está sendo vendido. Como resultado, pescadores ilegais acabam ofertando produtos de espécies em extinção, como as raias-viola e tubarões-martelo.

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Por que não pode comer cação?

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Você sabia que, quando consumida em grande quantidade, a carne de tubarão pode ser prejudicial à saúde?

Isso porque o animal é um predador da vida marinha. Como resultado, ele acaba gerando uma bioacumulação, que é quando ele consome não só as coisas boas que estão no mar, mas também os metais pesados dos outros peixes, por exemplo.

Ademais, além da falta de legislação que permeia a venda ilegal de várias espécies, comer cação contribui diretamente para a extinção tanto de tubarões quanto de raias.

Isso porque o cação, muitas vezes, é o tubarão ainda filhote. Sendo assim, ele não consegue reproduzir antes de ser pescado, o que dificulta ainda mais sua preservação.

Pensando nisso, a Sea Shepherd Brasil criou a campanha “Cação é tubarão”. O objetivo é alertar a população consumidora de peixes.

Sea Shepher Brasil

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Em entrevista ao portal Conexão Planeta, a diretora de desenvolvimento da Sea Shepherd Brasil, Nathalie Gil explicou o motivo da campanha:

“Aqui [no Brasil], a indústria pesqueira internacional encontra um forte comércio desses peixes, muito apreciados por não possuírem espinhas e ter preço acessível. Existem estudos que dizem que mais de 70% das pessoas não sabem que ‘cação’ é carne de tubarão – e muitas vezes, este é vendo de fora”.

Além disso, é importante destacar a necessidade do animal para o equilíbrio da cadeia alimentar no ecossistema marinho.

Outra ação que faz parte da campanha é o registro por meio de fotos de raias e tubarões que vivem na encosta brasileiras próximos aos portos e locais de pesca, além da coleta de material genético. Assim, através de estudos científicos, será possível mapear as espécies e identificar qual está sendo vendida no Brasil.

Qual a diferença de tubarão e cação?

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Na realidade, cação é um nome “genérico” que representa tanto raias quanto tubarões. Esses animais fazem parte de um grupo chamado elasmabrônquios, que são peixes sem esqueleto ósseo, ou seja, os cartilaginosos.

Por isso, é possível que a sua porção de cação frito seja feito com qualquer um desses animais.

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Como resultado, um tubarão sempre será um cação, mas nem sempre o cação será um tubarão.

O perigo da desinformação

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Uma pesquisa realizada pela Sea Shepherd Brasil em parceria com a Blend Research apontou que 69% dos 5 mil entrevistados não sabiam que o cação poderia ser um tubarão. Além disso, 94% não sabiam da relação da carne com a raia.

Isso prova a legislação brasileira contribui para essa desinformação. Visto que a exigência da espécie no rótulo é feita apenas para o bacalhau e salmão.

No Brasil, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Ministério do Meio Ambiente, considera ilegal a pesca de tubarões em extinção. Porém, a falta da informação na rotulagem coopera para que haja uma grande importação dessas espécies no país.

Afinal, o Brasil é o maior importador de cação do mundo.

Órgãos fiscalizadores

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A falta de fiscalização da pesca ilegal e também da importação de espécies em extinção é prejudicada devido ao quadro reduzido de funcionários para averiguar tudo que entra no país e de dados pesqueiros.

Por isso, grande parte das análises e constatações são realizadas de maneiras isoladas e independentes por diversas ONGs e pesquisas científicas espalhadas pelo Brasil.

Por exemplo, as ONGs Observatório de Justiça e Conservação (OJC) e a Associação MarBrasil são responsáveis pela coleta de amostras de posta de cação nos comércios do Paraná. Este trabalho já identificou a venda de diversas espécies ameaçadas.

Já o responsável pela fiscalização de pescas ilegais é o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama).

Além disso, a fiscalização também pode ser feita tanto pelas secretarias ambientais dos municípios quanto dos estados. Inclusive, a legislação regional pode passar por cima da nacional.

“O tubarão azul, por exemplo, pode ser capturado no Brasil todo, mas não pode no Rio Grande do Sul”, explica Rodrigo Barretto, do CEPSUL/ICMBio ao G1.

Por fim, a estatística e regra pesqueira no país são responsabilidade da Secretaria de Aquicultura e Pesca, do Ministério da Agricultura. Eles são importantes para monitorar quais espécies estão sendo capturadas em todo o litoral brasileiro.

Qual o sabor do peixe cação?

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A carne de cação é considerada delicada e macia. Já o sabor é considerado leve, o que a faz combinar com diferentes pratos como a moqueca de peixe, ensopado, empanado em porção, entre outras.

Além disso, não possui espinhos, o que facilita a mastigação.

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Conclusão

Apesar de ser muito consumido no Brasil, poucas pessoas sabem que o cação pode ser um tubarão ou uma raia. Além disso, a falta de fiscalização em relação a espécie que está sendo vendida pode oferecer uma série de prejuízos não só à saúde, mas também na extinção desses animais que são essenciais para o ecossistema marinho.

Portanto, antes de escolher qual o peixe que irá servir nas refeições, pesquise sobre sua procedência.

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Diana Diniz: Diana Diniz é jornalista apaixonada por novas experiências. Possui uma bagagem de conhecimento adquirido na Universidade do Algarve, em Portugal. Através do MBA em Marketing Digital e Especialização em Saúde pôde se aperfeiçoar na redação de artigos para blogs com embasamento científico e unir a experiência da profissão com sua paixão: a escrita.

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